Frota de caminhões atinge 2,16 milhões de veículos em 2022

A quantidade de veículos pesados que circulam pelas estradas brasileiras cresceu 2,5% no ano passado, sendo que 48,4% da frota tem entre seis e 15 anos de idade

Sonia Moraes

A frota de caminhões no Brasil avançou 2,5% em 2022, atingindo 2,16 milhões de unidades, ante os 2,11 milhões de veículos registrados em 2021, conforme mostra o relatório da frota circulante divulgado pelo Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças).

Este crescimento, segundo o Sindipeças, se deve aos bons resultados do agronegócio, e-commerce, mineração e construção civil, além do forte incremento dos volumes das exportações nos últimos dois anos (71,4% entre 2020 e 2021 e 12,1% na passagem de 2021 para 2022).

Nos últimos dois anos, foram emplacados cerca de 283,4 mil caminhões, segundo a Fenabrave. A distribuição por faixa de idade reforça a necessidade de se prosseguir com a modernização da frota, que será provavelmente beneficiada pelo Programa Renovar. Do total calculado, 22,9% da frota apresentava idade média de até cinco anos – percentual maior do que o de 2021−, 48,4% tem entre seis e 15 anos de uso, enquanto 28,7% superavam os 16 anos de idade.

Incluindo automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, a frota de veículos que circulam pelas estradas brasileiras apresentou crescimento de 0,6% em 2022 na comparação com o ano anterior, totalizando 46,9 milhões de unidades.

A maior quantidade de veículos rodando pelo país no ano passado foi de automóveis com 38,3 milhões, um pequeno avanço de 0,3% em relação a 2021. O número de comerciais leves cresceu 2,5% em 2022, atingindo 5,9 milhões de veículos e o de caminhões avançou 2,5%, totalizando 2,16 milhões. A frota de ônibus aumentou 0,4% na comparação com 2021, totalizando 387.096 veículos.

Da frota circulante de 46,9 milhões de veículos que transitaram em 2022 no país, os modelos importados corresponderam a 14,2%, participação semelhante à do ano anterior. Em relação a 2021, a presença dos veículos importados na frota brasileira subiu 0,7%, compensando a queda verificada em 2020 e o tímido crescimento de 2021 (0,3%). A performance encontra-se alinhada ao aumento de 7,8% nos registros de veículos importados em 2022, totalizando 273,5 mil unidades. Esse volume representou 13,0% de participação dos autoveículos importados no total dos licenciamentos – marca que não era anotada desde 2016, segundo o Sindipeças.

Mais de 80% dos veículos em circulação se concentram em dez estados. Nas cinco primeiras posições estão os das regiões Sudeste e Sul, sendo 28,8% em São Paulo, 13,9% em Minas Gerais, 7,5%, no Rio de Janeiro, 7% no Rio Grande do Sul e 6,4% no Paraná. Esse grupo compreendia 63,6% da frota existente em 2022. Em Santa Catarina circulam 5,5% dos veículos, na Bahia 3,9%, em Goiás 3,4% e em Pernambuco e Distrito Federal 2,9%. Esse grupo representou 18,6% da frota total do país no ano passado.

Segundo o Sindipeças, a frota brasileira prosseguiu em seu processo de envelhecimento. A idade média atingiu dez anos e sete meses em 2022. No período entre 2010 e 2022, o envelhecimento da frota em circulação elevou-se em quase dois anos. As possibilidades de reversão desse fenômeno dependem da intensidade do crescimento das vendas de veículos novos em relação a taxa de sucateamento da frota existente e de políticas públicas que exijam a retirada de circulação de veículos mais antigos.

O Sindipeças destaca que as discussões e os entendimentos feitos pelo governo federal, entidades setoriais, transportadores de carga e sindicatos de trabalhadores visando a estruturar o Programa Renovar, que define numa primeira fase a reciclagem de caminhões, ônibus e implementos rodoviários, representou importante iniciativa para avançar na modernização e redução da idade média dos veículos no país.

Do total dos veículos em circulação em 2022, 23,8% apresentava idade média de até cinco anos, compreendendo cerca de 11,1 milhões de veículos. Os modelos com mais de dez anos alcançaram 23,1 milhões em 2022, 49,3% do total da frota circulante. Mais 17,4 milhões veículos encontravam-se com idade média entre quatro e dez anos (37,1%) e apenas 6,3 milhões representavam veículos novos ou seminovos (13,6% do total).

Os veículos pesados com mais de dez anos totalizaram 1,2 milhão de unidades em 2022, o que representaria cerca de 58,0% da frota total de caminhões. Entre quatro e dez anos, estimou-se volume de 588 mil unidades, com participação de 27,2%. Por fim, 328,3 mil caminhões possuem idade inferior a três anos e representaram 15,2% do total no ano.

Comerciais leves-

Os veículos comerciais somaram, aproximadamente, 5,99 milhões de unidades em 2022, incremento de 2,5% em relação ao ano anterior. Desse total, 31,1% apresentava idade média de até cinco anos, representando 1,9 milhão de veículos. Com idade entre seis e 15 anos de uso, observou-se 60,9% da frota de comerciais leves, num total de 3,6 milhões. Apenas 8,1% nessa categoria possuía idade superior a 16 anos, sendo que em 2021 esse percentual era de 7,5%.

A participação dos comerciais leves com mais de dez anos alcançou 2,3 milhões em 2022 (38,3% do total). Cerca de 2,6 milhões apresentavam idade média entre quatro e dez anos e 1,1 milhão tinham até três anos de uso. A alta nos licenciamentos de comerciais leves no período recente tem contribuído para estabilizar a progressão da idade média dessa categoria.

Ônibus

A quantidade de ônibus em circulação nas cidades brasileiras atingiu 387.096 veículos em 2022, com aumento de 0,4% em relação a 2021. O Sindipeças destaca que desde 2015 a frota de ônibus tem sido modesta, embora governos municipais exijam a substituição dos veículos em intervalos de tempo pré-determinados em contrato.

Entre 2015 e 2022, o conjunto de ônibus em circulação apresentou variações anuais negativas em diversos anos (-0,6% em 2016, -0,8% em 2017, -0,5% em 2020 e -0,9% em 2021). Foi observado crescimento em 2015 (0,6%), 2019 (1,2%) e, recentemente, em 2022 (0,4%). No período de 2015 a 2022, a produção de ônibus totalizou 186,1 mil unidades, acompanhada por 153,6 mil emplacamentos e 56,1 mil veículos exportados.

Fortemente afetado pela pandemia em 2020 e 2021, o transporte público nas grandes cidades assistiu ao encolhimento dos usuários, o que prejudicou a dinâmica desse mercado. Do total de veículos em circulação, 20,9% apresentava idade média ao redor de cinco anos, enquanto 56,2% se situava entre seis e 15 anos de uso. Outros 22,9% dessa frota gozavam de uso superior a 16 anos. O programa do governo federal Caminhos da Escola tem sido importante aliado para produção e descentralização desses veículos, segundo o Sindipeças.

O levantamento revela que mais de 200 mil ônibus apresentavam idade média acima de dez anos (55,1% do total) em 2022. Por sua vez, 127,9 mil veículos estavam no intervalo entre quatro e dez anos (33% do total) e outras 45,9 mil unidades com idades iguais ou inferiores a três anos. Esse extrato representou 11,9% do total dessa frota no ano passado.

Habitante por veículo

De acordo com o levantamento do Sindipeças, a relação entre a população residente e a frota circulante no país manteve-se em 4,6 habitantes por veículo em 2022, abaixo da relação observada no início da década passada. Na comparação entre 2010 e 2021, essa relação declinou 1,5 pontos percentuais, favorecida pelo período de auge do setor automotivo até 2013 e prejudicada pela estagnação a partir de 2016, por conta de desaceleração e crise.

Ao se comparar a População Economicamente Ativa (PEA) com a frota em circulação, identifica-se expressivo declínio dessa relação, com aumento residual em 2021 e manutenção em 2022. A mesma, que era de 3,1 em 2010, alcançou 2,3 habitantes economicamente ativos por veículo em 2022, indicador bem distante daqueles estimados para os maiores mercados automotivos do mundo.

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