Sonia Moraes
A indústria de pneumáticos encerrou 2022 com queda de 6,5% nas vendas de pneus para veículos pesados no mercado brasileiro, que totalizou 7,48 milhões de unidades, ante os oito milhões de pneus que foram comercializados em 2021, conforme mostram os dados divulgados pela Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip). A entidade atribuiu a retração ao aumento desenfreado das importações incentivadas pela alíquota zero de imposto, que foi estabelecida pelo governo federal em 2021.
Em dezembro, o volume de pneus vendidos caiu 6,5% em relação a novembro, atingindo 523.778 unidades. O mercado de reposição absorveu 5,4 milhões de pneus de carga em 2022, ficando 11,7% abaixo do volume vendido em 2021, que foi de 6,13 milhões de unidades. Para as montadoras, as fabricantes enviaram 2,06 milhões de pneus de carga no ano passado, 10,6% a mais que em 2021, que totalizou 1,86 milhão de pneus. Esse aumento, segundo a Anip, foi motivado pela nova legislação de emissões, a Euro 6, determinada pelo programa de controle de emissões veiculares (Proconve P-8).
Incluindo todos os segmentos que são abastecidos pela indústria nacional (automóveis, veículos comerciais leves, carga e motos) as vendas totais de pneus fecharam 2022 com queda de 0,2% em relação ao ano anterior, somando 56,6 milhões de pneus comercializados.
O resultado obtido em 2022, segundo a Anip, frustrou as projeções de alta nas vendas totais, com números ainda muito inferiores aos resultados pré-pandemia. A expectativa era de recuperação e melhora dos resultados, contudo, o cenário de instabilidade econômica nacional, aliado ao surto de importações observado pela indústria nacional em diversos segmentos, impossibilitou essa retomada, ainda que as vendas tenham permanecido em 56,5 milhões de unidades, volume observado em 2016.
“A redução das vendas, fruto do aumento desenfreado das importações de pneus para veículos pesados, preocupa o setor nacional de pneumáticos, como também a cadeia produtiva de borracha natural e de aço que também já sentem a frenagem nas vendas e o consequente aumento dos estoques por conta da medida equivocada do governo anterior. O setor já iniciou as tratativas de diálogo com o novo governo a fim de rever essa desacertada medida que prejudica a indústria de pneus no Brasil e coloca em risco toda a cadeia produtiva”, diz Klaus Curt Müller, presidente executivo da Anip.
Balança comercial-
Nas transações internacionais, o setor de pneumáticos acumulou em 2022 déficit de US$ 113,59 milhões, com a importação de US$ 1,473 milhão (31,8% a mais que em 2021) e a exportação de US$ 1,359 milhão, que foi 25,9% superior a 2021. Em 2021, o setor de pneumáticos havia fechado com déficit de US$ 37,88 milhões na balança comercial, ao exportar US$ 1,07 milhão e importar US$ 1,11 milhão, segundo a Anip.
Em unidades, as fabricantes acumularam em 2022 saldo negativo de US$ 20,09 milhões de pneus, com a importação de US$ 34,76 milhões de produtos (24% a mais que no mesmo período de 2021) e a exportação de US$ 14,67 milhões (1,37% abaixo de 2021).