Sonia Moraes
A Greenbrier Maxion está produzindo 80 vagões modelo TCT para a FS, uma das maiores produtoras de etanol, nutrição animal e bioenergia do Brasil. Neste modelo inédito de negócio, as empresas contarão com a parceria da Rumo que fará o transporte de combustível. As empresas calculam que a parceria irá ampliar o uso do modal ferroviário, elevando o volume transportado de etanol, de 50 milhões para 75 milhões de litros por mês.
Os novos vagões devem iniciar as operações entre janeiro e abril deste ano, escoando 45% da produção da FS por ferrovias na rota entre Lucas do Rio Verde e Sorriso (MT) até Paulínia (SP). Dos 1,5 bilhão de litros de etanol produzidos anualmente pela FS, cerca de 50% têm como destino essas regiões. Além da economia de custos, a operação também reduzirá as emissões de carbono do transporte em 50%, substituindo 15 mil viagens de caminhões por ano nas estradas.
“A ampliação da nossa capacidade de transporte ferroviário está alinhada com a estratégia da FS de buscar atender os mercados com a máxima eficiência logística e menor pegada ambiental”, afirma Rafael Abud, CEO da FS.
Para a Greenbrier Maxion, a parceria com a FS amplia as perspectivas de negócios no mercado brasileiro diante do crescimento da demanda por combustíveis. “A procura por vagão tanque está aumentando, pois a frota em operação está muito antiga”, comentou Rodrigo Cordeiro, gerente de engenharia da empresa.
Luiz Gustavo Rocha Villas Boas, diretor de vendas e marketing da Greenbrier Maxion, destacou a evolução dos novos modelos. “Os vagões foram desenvolvidos com tecnologia de ponta, inovação e toda expertise da área de engenharia, atendendo as especificações técnicas da FS e da Rumo, o que proporciona redução de custo, eficiência energética e produtividade para todo o ciclo, tornando o transporte ferroviário de carga mais competitivo e sustentável.”
O vagão TCT encomendado pela FS é fabricado em aço de baixa liga estrutural, com alta resistência mecânica e à corrosão atmosférica. Este novo tanque tem capacidade para armazenar 105 mil litros de combustível, dois mil litros a mais que o modelo anterior, e foi projetado para carregamento superior e descarregamento inferior, com descarga central, além de ser equipado com o engate tipo E Double Shelf com haste F, com operação rotativa inferior, mais robusto e antidesacoplamento, e com válvula sensora de carga.
“O diferencial dos vagões é o truque tipo Motion Control – Truques Premium –, desenvolvido especificamente para as condições operacionais e de via permanente das ferrovias brasileiras, proporcionando, por meio da otimização do comportamento dinâmico do vagão, um aumento significativo da segurança operacional e vida útil dos componentes, além da redução no custo de manutenção”, explicou o gerente.
O etanol, que sai das unidades no Mato Grosso, seguirá em rota rodoviária até Rondonópolis (MT) e de lá para Paulínia (SP), em linha férrea, passando pelo estado do Mato Grosso do Sul e atravessando o estado de São Paulo até chegar ao principal mercado consumidor de combustíveis do país, percorrendo aproximadamente 1,2 mil quilômetros. A Rumo já transporta aproximadamente 45% do volume de diesel do estado de Mato Grosso. Em 2022, a operação registrou aumento de mais de 20% no transporte de biocombustíveis.
Pedro Palma, vice-presidente comercial da Rumo, informa que os vagões de combustíveis rodam praticamente cheios o tempo todo, com capacidade disponibilizada. “Os fluxos são planejados para a melhor eficiência logística. O vagão da FS vai no sentido Mato Grosso – Paulínia e retorna com derivados de petróleo para serem distribuídos por todo estado.”
Benefícios da parceria–
Fabio Henkes, diretor comercial da Rumo, destaca que a parceria com a FS representa uma série de benefícios tanto para a FS quanto para a Rumo e o todo o mercado. “A FS é uma grande produtora de etanol de milho no Mato Grosso e precisa destinar o seu etanol para o estado de São Paulo.”
Segundo Henkes, a Rumo detém a concessão ferroviária que conecta o estado do Mato Grosso a um dos maiores centros consumidores do etanol em São Paulo e Paulínia tem uma série de conexões com dutos que podem enviar o etanol para São Paulo (capital) e para o Rio de Janeiro (capital). “É uma logística super eficiente e importante para a FS, porque imagina enviar tudo isso por caminhão. A ferrovia ajuda bastante.”
Henkes comenta que o fato de a FS estar investindo em vagão para escoar o etanol que eles produzem, faz com que a Rumo tenha vagão disponível no sentido Paulínia – Rondonópolis, o que abre oportunidade para a empresa transportar mais diesel no estado do Mato Grosso.
“Hoje a Rumo transporta cerca de 45% do diesel consumido dentro do estado do Mato Grosso, que sai da refinaria de Paulínia, mesmo local que está indo o etanol, e com essa capacidade adicional sendo aportada pela FS no contrato de longo prazo com a empresa, vai nos permitir crescer ainda mais também no transporte de diesel para o Mato Grosso, que é o grande estado produtor rural brasileiro que consome bastante diesel, seja nos caminhões que rodam nas estradas, nas fazendas e nas colheitadeiras.”
O diretor da Rumo lembra que vai começar a safra de soja, e o consumo de diesel entra num pico muito grande. “Então é uma parceria que nos permite transportar o etanol e também abrir o mercado de diesel no estado do Mato Grosso.”
Segundo Henkel, em Rondonópolis o etanol entra nos terminais conectados na ferrovia e vão para Paulínia e através da refinaria da Petrobras a Rumo carrega o diesel e sobe para o Mato Grosso. “A Rumo já transporta cerca de 1,5 milhão de metros cúbicos de diesel no estado do Mato Grosso e com mais essa capacidade da FS a empresa consegue fazer mais 300 mil metros cúbicos de diesel.”