Mercado de caminhões encerra 2022 estável

Para o ano que se inicia, a Anfavea faz previsões “tímidas”, com crescimento de 3% para o mercado automotivo em geral e queda de 11,1% para caminhões e ônibus

Márcia Pinna Raspanti

 A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgou o balanço do setor automotivo em 2022, além de apresentar as expectativas para 2023. “Depois de um primeiro quadrimestre muito difícil em função da falta de semicondutores, o setor acelerou o ritmo e conseguiu atender parte da demanda reprimida nos mercados interno e externos”, afirmou Márcio de Lima Leite, presidente da entidade.

A produção de caminhões, que chegou a 161,8 mil veículos em 2022, avançou 1,9%, em relação a 2021, quando foram fabricadas 158,8 mil unidades. No mês de dezembro de 2022, foram produzidos 14,4 mil caminhões, o que representa uma expansão de 16,5% em relação ao mesmo mês do ano anterior (12,4 mil veículos), e uma queda de 4,5% em comparação a novembro, que registrou 15,1 mil unidades produzidas.

Nas vendas, foram 126,6 mil caminhões emplacados em 2022 e 128,7 mil em 2021, o que corresponde a uma queda discreta de 1,6%. No mês de dezembro de 2022, foram 12,5 mil caminhões emplacados, enquanto em novembro foram 10,2 mil (aumento de 22,2%) e em dezembro de 2021, os emplacamentos atingiram 11,9 mil caminhões – o que significa um crescimento de 5% em dezembro de 2022. Foram emplacados ainda 1.105 veículos pesados (caminhões e ônibus) elétricos (749 unidades) e a gás (356), enquanto em 2021, foram 408 emplacamentos (313 elétricos e 215 a gás).

Gustavo Bonini, vice-presidente da Anfavea, lembrou que o mercado de caminhões alcançou os números projetados inicialmente pela entidade, o que deve ser considerado positivo, principalmente levando em consideração os problemas de desabastecimento de componentes como semicondutores. “A crise que existe é causada pela oferta. O primeiro semestre foi muito difícil por causa dessa escassez de componentes, mas depois houve uma melhora. Não é ‘um passeio no parque’, pois ainda temos dificuldades.” No mercado automotivo como um todo, houve crescimento de 29% no segundo semestre de 2022, em relação ao primeiro.

O bom momento do agronegócio, com o aquecimento das vendas de commodities, também contribuiu para o mercado de caminhões se manter estável. “Isso acabou segurando o efeito da postergação da renovação da frota, com a chegada do Euro 6, que encarece os produtos”, comentou.

No ranking das empresas, a Volkswagen Caminhões e Ônibus lidera com 34.506 caminhões licenciados em 2022; seguida da Mercedes-Benz, com 30.568 veículos; Volvo com 24.093 licenciamentos; Scania com 13.223 caminhões; Iveco com 10.609; e DAF com 6.793 caminhões.

MERCADO EXTERNO-

Em 2022, foram vendidos para o mercado externo 25,5 mil caminhões, enquanto em 2021, foram 22,7 mil, o que significa 12,1% de crescimento. Em dezembro do ano passado, foram exportados dois mil caminhões, o que corresponde a uma expansão de 4% em relação a dezembro de 2021 (1,9 mil veículos) e um recuo de 18,4%, em comparação a novembro (2,5 mil unidades).

Para o mercado automotivo como um todo, as exportações cresceram 27,8% sobre 2021, apesar de algumas dificuldades em relação à Argentina, maior parceiro comercial do Brasil. Por outro lado, avaliou a Anfavea, o crescimento dos embarques para todos os outros mercados latino-americanos, em especial México, Colômbia e Chile, permitiram um bom resultado no ano. Em valores, as exportações tiveram alta ainda maior, de 37,6%, por conta do envio mais significativo de veículos com maior valor agregado, como SUV, caminhões e ônibus.

EXPECTATIVAS MODESTAS-

Os problemas de abastecimento de componentes como semicondutores, a alta taxa de juros e a mudança para a tecnologia Euro 6, que traz aumento de preços dos veículos, levaram a entidade a fazer projeções bastante “tímidas” para 2023, como definiu Lima Leite. Para o setor de pesados, a expectativa é de queda de 11,1% nos emplacamentos, recuo de 20,4% na produção e de 8,7% nas exportações. “O cenário atual nos leva a essas projeções, que podem ser superadas ao longo do ano. O Brasil tem condições para isso.”  

O presidente da Anfavea destacou que o Brasil tem uma série questões a serem resolvidas para que o mercado volte a crescer com mais intensidade. “A questão do crédito é o tema mais urgente a ser atacado. Precisamos de juros mais baixos para atrair mais compradores para os veículos novos, sobretudo os modelos de entrada. Além disso, temas como a reindustrialização e a descarbonização nos impõem desafios e oportunidades. Vamos continuar mantendo o diálogo com os novos governantes em nível federal e estadual, além dos parlamentares, de forma a contribuir para o fortalecimento da nossa indústria ante uma conjuntura global cada vez mais competitiva.”

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