De acordo com o boletim Tracker-Fecap, de janeiro a setembro já foram registradas 4.725 roubos de carga. Houve um aumento de 2% nesse tipo de crime nos nove primeiros meses do ano, em comparação a igual período do ano passado. Maio e julho concentraram os maiores crescimentos (11% e 10%, respectivamente), em relação às mesmas épocas de 2021.
“A ausência do estado, principalmente em regiões periféricas, permite o fluxo econômico do ilícito, mercadorias roubadas, falsificações, contrabando e outros crimes. Sabe-se inclusive do envolvimento de empresários de todos os portes com atividades de pulverização, financiamento e transmutação de carga roubada. O roubo de cargas e o crime de receptação são considerados brandos para o Código Penal. Assim, a relação custo-benefício favorece a prática dos ilícitos que proporcionam alta rentabilidade com baixo risco”, analisa o coordenador do departamento de pesquisas em economia do crime Fecap, Erivaldo Costa Vieira.
Os tipos de carga mais visadas são alimentos (23,58%), cigarros (8,79%), eletroeletrônicos (5,20%), bebidas (4,70%), medicamentos e perfumes (4,38%). “Os criminosos aproveitam as várias paradas de entrega porta a porta para abordar e render motoristas, tomando posse do veículo e efetuando o transbordo da carga de forma ágil e rápida, posteriormente, abandonando o veículo. Os meses de novembro e dezembro são os mais críticos para a categoria. Nesta época o consumo tende a subir em virtude do Natal, promoções como “Black Friday” e pagamento do 13º salário”, afirma Vitor Corrêa, coordenador do centro de operações do Grupo Tracker.
Veículos –
De acordo com o boletim, nos três primeiros trimestres deste ano, os roubos e furtos de caminhões e reboques aumentaram 12,88% e 21,41%, respectivamente, em relação a igual período de 2021.
“Os dados vão na contramão dos números de caminhões novos. Segundo a Fenabrave, houve uma queda de 1,8% nas vendas, em relação ao mesmo período de 2021. Existem indícios de que o crescimento de roubos é decorrente da redução da oferta de peças e veículos, em âmbito internacional, somado ao aumento da demanda interna”, diz o pesquisador do Fecap, Allan Carvalho.
Vitor Corrêa acrescenta que “esse comportamento influencia diretamente na valorização de seminovos e, consequentemente, no custo de manutenção e reposição de peças de veículos usados. Como esta é a principal modalidade de transporte do país, com milhares de caminhões circulando pelas estradas e rodovias do Brasil, os bandidos veem grandes oportunidades para a prática de roubos ou furtos.”
Cerca de 31% dos roubos de caminhões e reboques aconteceram de madrugada, 25% à noite e 24% pela manhã. Os furtos seguiram comportamento semelhante, com 37% dos casos acontecendo na madrugada, 19% pela manhã e 17% à noite.
A capital paulista foi a cidade com maior número de roubos (685), seguida por Guarulhos (291), Jundiaí (272), Cubatão (163) e São Bernardo do Campo (116). Analisando especificamente a cidade de São Paulo, destaque para os bairros Anhanguera (40 roubos), Lapa (32), Jaguaré (30), Jaçanã (28) e Jaraguá (25). Localidades de outros municípios paulistas também apresentaram número expressivo de roubos de caminhões e reboques – Cumbica/Guarulhos, com 106 roubos lidera o ranking geral, seguido por Distrito Industrial/Cubatão, com 59 ocorrências, Distrito Industrial/Jundiaí (33 casos), Jardim Itapecerica/Itapecerica da Serra (29) e Jardim São Marcos/Cubatão (27).
São Paulo também lidera o ranking de furtos no período, 86, seguida de Campinas (31), Limeira (23), Osasco (17) e Guarulhos (16). O bairro de Raposo Tavares apresentou a maior quantidade de furtos de caminhões e reboques, na capital com sete ocorrências até setembro de 2022.