Transporte Moderno – Qual a expectativa da Greenbrier Maxion para 2023?
Eduardo Scolari – Para 2023 e 2024, esperamos a renovações antecipadas da Ferrovia Centro Atlântica (FCA) e da Rumo Malha Sul, além da relicitação da Rumo Malha Oeste e as concessões da Ferrogrão, FIOL II e III + FICO I e II. Acredito que o setor ferroviário demandará novos vagões, pois existem muitos vagões e componentes ociosos e com baixa produtividade. Atualmente quase 50% da frota brasileira tem mais de 30 anos, sendo que quase 14 mil desses vagões já passaram dos 50 anos, o que demanda uma série de substituições e novas aquisições para garantir a segurança operacional e a produtividade da ferrovia, porém esse mercado ainda é imaturo e com vários parâmetros indefinidos no Brasil. Nós defendemos uma norma, hoje inexistente, para tratar do assunto.
Transporte Moderno – Como está o setor ferroviário atualmente?
Eduardo Scolari – O momento atual é muito promissor para o setor ferroviário no Brasil, porém estamos há alguns anos com grande ociosidade na indústria e batalhamos muito para manter nosso quadro de funcionários e a excelência, bem como a nossa cadeia produtiva. No entanto, os programas do governo federal de renovação das concessões, novos leilões e a até mesmo os pedidos das autorizatárias, nos leva a acreditar que novos pedidos poderão surgir, mas não em 2023, razão pela qual a indústria e seus clientes precisam encontrar juntos uma maneira de superar as dificuldades de 2023 para esperar a tão desejada demanda futura.
Transporte Moderno – Em 2022, como está o comportamento do mercado ferroviário?
Eduardo Scolari – O programa federal Pró-trilhos recebeu 89 pedidos de novas linhas férreas, que somam 22.442 quilômetros de novos trilhos em todas as regiões do país, e têm projeção de investimento estimado de R$ 258 bilhões – recursos 100% privados. As propostas foram apresentadas por 39 diferentes entes privados, sendo 26 deles estreantes no setor ferroviário, cruzando 19 estados e o Distrito Federal. Dos 89 pedidos requeridos, 27 já foram autorizados, que correspondem a 9.922,6 km e R$ 133,24 bilhões em investimentos. Em 2022 ainda tivemos a renovação da MRS Logística, com investimento de R$ 9,7 bilhões.
Transporte Moderno – Qual a expectativa da Greenbrier Maxion para fechar 2022?
Eduardo Scolari – Seguimos com grande ociosidade na indústria, uma vez que as operadoras estão investindo primeiramente na infraestrutura, e somente nos próximos anos em material rodante. Os resultados ainda não estão se refletindo na indústria, mas acreditamos que nos próximos anos teremos um aumento na demanda. A indústria está preparada com toda a tecnologia de ponta, e já adaptamos nossos produtos com o melhor do que existe no mundo para as ferrovias no Brasil, além de desenvolvermos soluções nacionais robustas e competitivas. Estamos aptos em produtos, processos e pessoas.
Transporte Moderno – A demanda pelos produtos da empresa aumentou neste ano?
Eduardo Scolari – Em 2022, houve redução de demanda comparado com 2021.
Transporte Moderno – Como está o ritmo de produção na fábrica de Hortolândia?
Eduardo Scolari – Há algum tempo a indústria ferroviária está com ociosidade em sua capacidade. Temos capacidade instalada para produzir cerca de dez mil vagões por ano e estamos com uma produção bem abaixo disso. Nos últimos anos, apesar da grande ociosidade, preparamos nossas instalações para melhor atender as demandas que devem surgir nos próximos anos. Fizemos grandes investimentos em automação e realizamos muitas mudanças em nosso parque fabril incorporando muita tecnologia e inovação.