Márcia Pinna Raspanti
O e-commerce brasileiro bateu a marca de R$ 118,6 bilhões em vendas no primeiro semestre de 2022, de acordo com o relatório Webshoppers 46, elaborado pela NielsenIQ|Ebit. O valor corresponde a uma alta de 6% em comparação com o mesmo período de 2021. O destaque se mantém com a categoria de alimentos e bebidas e produtos de giro rápido, como artigos de higiene pessoal. A pesquisa mostra também que existem 49,8 milhões de compradores on-line no Brasil, o que representa uma alta de 18% na comparação do primeiro semestre de 2022 com o mesmo período do ano anterior.
É verdade que houve certa acomodação em relação aos anos de pandemia, mas as compras virtuais ainda têm grande perspectiva de crescimento. Para se ter uma ideia do verdadeiro boom do comércio eletrônico, a NielsenIQ|Ebit informou que o e-commerce brasileiro cresceu 27% em 2021, o que representou um faturamento de 182,7 bilhões de reais no Brasil. Neste ano, há bastante expectativa para as vendas nos últimos três meses do ano com a Black Friday, as compras natalinas e a realização da Copa do Mundo.
De acordo com pesquisa realizada pela Nielsen|Ebit, 78% dos brasileiros pretendem comprar durante a Black Friday. Para a Catpanda, plataforma que oferece soluções para o e-commerce, a tendência de aumento de vendas dos lojistas da ferramenta durante a data é de 35% a 40%. “Nesse ano também não podemos ignorar a Copa do Mundo, o cenário mais consolidado do varejo digital e o aumento das atividades no setor de serviços e na expectativa de compra”, observa Lucas Castellani, CEO e fundador da Cartpanda.
Bruno Tortorello, CEO da Jadlog, afirma que o setor de cargas expressas continua a ser impulsionado pelo comércio eletrônico em 2022. “O fato é que a pandemia levou o e-commerce a outro patamar no Brasil, e houve uma consolidação das compras pela internet e uma ampliação da gama de produtos adquiridos pelos consumidores. A praticidade e a conveniência do e-commerce conquistam os consumidores e atraem novos e-shoppers, de modo que, mesmo com um cenário futuro turbulento por questões econômicas e políticas, a expectativa é que o ritmo seja acelerado, especialmente no last mile, por eventos como Black Friday e Natal’, avalia.
Estrutura –
“Estamos expandindo nossas capacidades na matriz e nas filiais com o intuito de melhor absorver a alta demanda em épocas como a Black Friday e o crescimento do e-commerce, que deve ser retomado mais fortemente em 2023, e assim continuar oferecendo uma experiência logística positiva aos nossos clientes”, acrescenta Tortorello.
A FedexExpress está realizando investimentos dirigidos à primeira milha, transferência de carga e última milha para atender à demanda deste final de ano. Para a operação de transferência de cargas, a FedEx vai contar com os benefícios do redesenho de sua malha, que vem sendo realizado desde o ano passado. Por meio do sistema Hub & Spoke, a empresa consegue agilizar a movimentação de pacotes entre seus nove hubs nacionais e aproximadamente 100 filiais e oferecer tempo de trânsito competitivo e maior frequência de viagens.
Já a operação de última milha está sendo reforçada com a inclusão temporária de veículos de distribuição, que vão complementar a frota da FedEx, atualmente composta por cerca de três mil caminhões, carretas e vans.
A BBM Logística também reforçou sua estrutura operacional devido ao crescimento do consumo típico do período. A companhia ampliou em 150% a capacidade de triagem do hub logístico em Jundiaí (SP). A iniciativa tem como objetivo principal atender o pico da demanda no e-commerce, em especial nos 15 dias que envolvem o BlackFriday. “Esperamos um crescimento de 50% em relação ao mesmo período de 2021, especialmente nos setores de beleza, moda e vestuário”, comenta Ricardo Hoerde, diretor da unidade de e-commerce do Grupo BBM Logística.
A FSJ Logística espera transportar 940 mil pacotes no dia de maior pico da Black Friday 2022, número que deve se manter estável em relação ao ano passado. Esse volume é cerca de 23% maior do que é normalmente transportado por dia em períodos de demanda regular, mas não aponta crescimento em relação ao evento do ano passado. “Mesmo com a animação por conta da Copa do Mundo e a estreia da seleção brasileira, estamos sentindo o mercado mais conservador nesta Black Friday do que no ano anterior, de modo que estamos estimando um volume de cargas movimentadas praticamente igual ao de 2021”, pontua Rafael Jacobsen, diretor de operações da FSJ.
A DHL Express Brasil acumulou expansão de 35% até julho, em comparação com ano anterior e a estimativa é manter o ritmo de crescimento até o fim do ano. “O segundo semestre é sempre um período de aceleração de crescimento no mercado logístico. Temos pela frente Dia das Crianças, Black Friday e Natal que sempre movimentam muito o comércio. Nossa expectativa é de cada período sazonal, é crescer dois dígitos em comparação ao mesmo período do ano passado nestes meses”, diz Ana Paula Emmerich, gerente de desenvolvimento de vendas e-commerce da companhia.