Sonia Moraes
A DAF espera manter o bom desempenho em 2023 e vai reforçar a produção na fábrica de Ponta Grossa, no Paraná. “No próximo ano, vamos fabricar dez mil caminhões, manter o crescimento do market share e ampliar as exportações”, disse Luis Gambim, diretor comercial da DAF Caminhões em entrevista exclusiva para a Transporte Moderno na 23ª Fenatran.
Além de atender a grande demanda esperada para o mercado brasileiro, a DAF pretende exportar mil caminhões com a conquista dos mercados do Equador e do Peru. “É um volume a mais de caminhões que a empresa vai vender no exterior”, disse Gambim. Em 2022, a empresa espera fechar o ano com a exportação de 391 caminhões, que terão como destino o Chile e a Colômbia, sendo 371 do modelo XF e 20 do CF semipesado rígido.
A expectativa de resultados favoráveis para o próximo ano está atrelada ao bom desempenho que a DAF tem registrado no mercado brasileiro, com crescimento estável ano a ano. De janeiro a outubro de 2022, a empresa vendeu 5.440 caminhões no país, crescimento de 19,8% em relação ao mesmo período de 2021, quando foram comercializados 4.540 veículos. “Estamos produzindo um volume que dá a oportunidade de estar em destaque e crescer o nosso market share”, ressaltou Gambim.
Para a DAF, 2022 tem sido um ano muito bom. “Apesar das dificuldades causadas pela pandemia, dos problemas logísticos principalmente com a falta de peças, a DAF conseguiu manter a estabilidade na produção devido aos contratos de longo prazo que possui com seus fornecedores, o que permitiu tranquilidade em relação aos compromissos assumidos”, disse Gambim.
O executivo atribuiu o sucesso de vendas da DAF no mercado brasileiro ao fato de a empresa ter trazido o caminhão Euro 6, que já rodava na Europa, no segundo semestre de 2020. “Fizemos uma adaptação no motor para o Euro 5, que era a legislação vigente na época, e hoje temos 13 mil veículos rodando, testados e aprovados pelos clientes. Foi uma estratégia correta de trazer os caminhões antes de a Euro 6 entrar em vigor no país”, comentou.
Gambim também considerou importante a expansão da rede de concessionárias. “A DAF tem 16 grupos econômicos e vai encerrar o ano com 60 pontos de atendimento, entre concessionárias plenas e lojas TRP (divisão de peças de reposição da Paccar/DAF), e pretendemos terminar 2023 com 70 pontos de atendimento no país. É um número muito importante para a evolução da marca no país, que completa dez anos no próximo ano”, destacou.
O diretor citou também a Paccar Parts, departamento de peças que até outubro de 2022 cresceu 65% em relação ao mesmo período do ano passado, e a Paccar Financial, braço financeiro que, com três anos de atividades, detém 35% de participação nas vendas da DAF no Brasil com R$ 3 bilhões em carteira. “Ter um braço financeiro forte é importante para o nosso crescimento”, disse Gambim.
A expectativa da DAF é de atingir um volume recorde de produção em 2022 com 7,6 mil caminhões. Na fábrica de Ponta Grossa, a empresa está trabalhando em um turno e planeja aumentar a produção a partir de janeiro para atender os pedidos que recebeu na Fenatran, além de adequar o volume à demanda que terá grande crescimento no próximo ano. “A situação está estabilizada, temos pequenos atrasos de dois ou três dias na entrega de peças, mas isso não tem atrapalhado a produção”, esclareceu o diretor. Os caminhões saem da linha de montagem com 60% de índice de nacionalização. Além do motor, que é usinado na Holanda e montado no Brasil com bloco da Tupy, outros itens do veículo estão sendo nacionalizados, segundo Gambim.
Feira –
Na Fenatran a DAF recebeu em média duas mil pessoas por dia em seu estande e conseguiu atrair novos clientes para a marca com a venda de 335 caminhões para empresários de vários segmentos – agrícola, combustível, distribuição, fora de estrada, canavieiro e madeireiro. Com os 400 novos clientes conquistados anteriormente, a empresa acumula 735 novos compradores dos seus caminhões e este ano pretende passar de mil novos clientes.
“Trouxemos para a Fenatran a linha de caminhões Euro 6 renovada, o semipesado XF 480 com suspensão a ar e o LF 100% elétrico para mostrar ao mercado que a DAF detém todas as tecnologias aplicadas no mundo e, assim que tiver infraestrutura adequada e os veículos elétricos tiverem uma demanda dos nossos clientes estamos aptos para começar a produzir caminhões elétricos no Brasil”, destacou Gambim.
No segmento de semipesado, a DAF vai entregar 600 caminhões este ano e em 2023 planeja entrar mais forte neste segmento. “É um caminhão com muita qualidade de cabine, muito conforto e os clientes têm gostado muito deste veículo”, comentou Gambim.
Sobre o avanço dos veículos elétricos, o diretor da DAF comentou que a eletrificação é muito importante, é a tendência do futuro, mas para o mercado brasileiro ainda não é viável, pois há outras prioridades. “Enquanto não tiver uma política de incentivos fiscais do governo não compensa trazer o caminhão elétrico, que custa 300 mil euros, pois não há frete que compensa”, disse Gambim.