Sonia Moraes
Uma pesquisa inédita realizada pela SAE Brasil sobre o mercado de caminhões e apresentada no Conexão Anfavea constatou que 33,1% dos potenciais compradores não pretendem adquirir caminhões nos próximos quatro anos, 27,3% disseram que comprariam neste ano e 22,3% nos próximos dois anos. Entre os que não pretendem comprar caminhões nos próximos quatro anos, 62,5% são motoristas autônomos, 12,5% são operadores (motoristas) e gestores, 7,5% são frotistas e 5% são embarcadores.
Entre os que afirmaram que comprariam caminhões nos próximos quatro anos, os autônomos, numa proporção de 81,2%, disseram que não comprariam o modelo com propulsão limpa, diferente do diesel. Os embarcadores ficaram divididos em 50% cada entre os que comprariam ou não. O mesmo ocorreu com o gestor e o motorista (operador). Entre os frotistas, 78,8% não comprariam caminhão com propulsão diferente do diesel.
Com relação às fontes energéticas mais favoráveis para a realidade brasileira, 49,6% dos clientes das montadoras afirmaram ser o diesel verde, 31,4% a motorização elétrica, 13,2% o hidrogênio e 5,8% o biometano.
Sobre a possibilidade de absorver um custo mais elevado de abastecimento para beneficiar a sociedade em termos ambientais, 32,2% disseram que concordam parcialmente e 24,7% discordam parcialmente. E quanto do seu custo esses clientes estariam dispostos a pagar para diminuir suas emissões de carbono, 58,9% disseram até 5%, e outros 28,6% afirmaram que pagariam entre 5% e 10%, enquanto 10,7% pagariam entre 10% e 20%.
Com relação ao preço dos veículos com propulsão limpa, 40,5% acreditam que levará mais dez anos para que fique igual ao modelo movido a diesel e 29,8% dizem que vai demorar de cinco a dez anos. Outros 15,7% acreditam que isso nunca vai acontecer.
Sobre a locação de caminhões, 45,5% dos potenciais compradores afirmaram avaliar como alternativa à compra tradicional e 33% disseram não ver essa possibilidade. Entre as vantagens consideradas mais importantes para a locação de caminhões, 33% apontaram o maior fluxo de caixa e capital disponível para outros investimentos, 23,1% a gestão de manutenção, documentação e multas, 19,8% despreocupação com desmobilização e venda de ativos, 15,7% benefícios fiscais e tributários e 7,4% alegaram outros fatores.
Para 30,9% dos entrevistados, o prazo de 24 meses é o mais adequado para a locação de caminhões, 25,5% consideram 36 meses o ideal, 21,8% os 12 meses e 14,5% os 60 meses. O que causa mais insegurança na hora de decidir pela locação do caminhão são os custos na avaliação de 69,4% dos entrevistados, 18,1% consideraram a carência de informações mais detalhadas sobre a oferta e 4,9% apontaram o tempo do contrato e a menor flexibilidade e controle.
Em relação a manutenção da frota, 32,1% disseram que preferem fazer os serviços básicos e terceirizar os mais complexos, 24,5% contratar o plano de manutenção das montadoras e terceirizar totalmente a manutenção, fazendo conforme a necessidade, e 18,9% fazer a manutenção em oficina própria.
Ao serem questionados sobre o avanço do veículo autônomo, 34% disseram que preferem testar a tecnologia, entender os custos e avaliar se vale a pena depois de um determinado período. Outros 22,6% mostram interesse de ter um projeto-piloto para o seu segmento de negócios, pois querem estar na vanguarda e agregar valor aos seus clientes.
Enquanto 20,8% falaram que o veículo autônomo não se encaixa no seu negócio, pois este prima pela flexibilidade e dinamismo da operação, e 11,3% disseram serem entusiastas de novas tecnologias e gostariam de colocar esta ideia em prática de maneira compartilhada com alguma montadora e ainda que em algumas aplicações do seu negócio o veículo autônomo pode ser uma alternativa, mas somente se entregar um menor custo de operação.
A pesquisa foi dividida em três temas: aspectos estratégicos, matriz energética e relacionamento com clientes. Na avaliação de Gustavo Bonini, a pesquisa mostrou uma convergência muito grande sobre o que a indústria está trabalhando e a importância do custo total da operação, a eficiência energética e as novas tecnologias de propulsão. “É um trabalho que vai trazer uma série de pautas para discussão”, destacou.
Ricardo Bacellar, conselheiro da SAE Brasil destacou que pesquisa teve grande concentração nas regiões sudeste e sul e envolveu 60 diferentes análises sobre a indústria de caminhões com opinião dos executivos das montadoras e dos clientes.