Sonia Moraes
Depois de enfrentar muitas dificuldades com a falta de componentes e a desordem que a pandemia causou na cadeia logística, a Scania espera terminar bem 2022. “As expectativas são positivas para o fim deste ano, e em 2023, embora o primeiro semestre ainda traga desafios econômicos, esperamos o fim da instabilidade na cadeia de fornecedores de autopeças. Acredito que haverá um avanço, deixando para trás o que aconteceu e o cenário tende a ser bem positivo para os próximos anos”, disse Alex Nucci, diretor de vendas de soluções de transporte da Scania Brasil, em entrevista exclusiva para a Transporte Moderno.
Desde maio, a Scania voltou a entregar seus veículos aos clientes sem risco de atrasos. “A empresa fez acordo com os fornecedores e está recebendo um volume suficiente de componentes para que a produção atinja, em setembro, 100% da sua capacidade e vamos assim até o fim do ano, conseguindo até antecipar as entregas que estavam programadas para novembro”, revelou Nucci.
“Do ponto de vista de produção, começamos a deixar para trás os problemas. Ainda há uma pequena instabilidade na cadeia de fornecimento de peças, mas sem longo período de atraso ou cancelamento de entregas que atrapalha a produção.”
Entre os vários segmentos em que a Scania atua, os que estão demandando caminhões pesados e puxando a economia brasileira, segundo Nucci, são o agronegócio e toda a sua cadeia (para o transporte de insumos e de grãos), o de cargas frigorificadas, de minério (para exportação), canavieiro (tanto na plantação quanto na movimentação do etanol e açúcar), madeireiro e combustíveis.
“A economia brasileira está indo bem. Em que pese todo o cenário que passamos e estamos passando, a maioria dos segmentos se não está estável, está crescendo, e isso demanda muitos veículos pesados e é positivo para a indústria de caminhões. Além disso, o mercado já projeta crescimento de 2% do PIB. Isso fica claro quando olhamos todos os segmentos crescendo – e os que estão no seu pior cenário estão estáveis. Isso contribui para que o PIB avance no sentido positivo”, disse o diretor da Scania.
Nucci comentou que, diferente da transição da Euro 3 para Euro 5, quando havia três fatores importantes de mudanças – a nova tecnologia, o combustível S-10, que não estava disponível em todo o país, e o aditivo Arla, que não era conhecido, o que fez com que muitos clientes antecipassem a compra –, o cenário agora é diferente.
“O combustível e o Arla são os mesmos, com destaque apenas da evolução tecnológica para que se consiga a redução de poluentes e atinja as normas do Proconve P8. Por isso, o volume de compras antecipadas vai ser menor de quando foi na transição do Euro 3 para a Euro 5. Não sentimos isso com muita força, pois os clientes já entenderam a evolução tecnológica que está nos seus negócios.”
Nucci lembrou que, quando a Scania trouxe a série NG para o Brasil em 2019, já havia uma evolução tecnológica, estando os novos caminhões preparados para a Euro 6, com sistema de injeção de alta pressão que ajudam a consumir menos combustíveis. “Hoje esses caminhões chegam a ser quase 20% mais econômicos, e a nova geração tem mais 8% de economia. Então, não acredito que haverá uma compra antecipada porque é desejo dos nossos clientes ter veículos modernos e econômicos.”
Na avaliação de Nucci, houve grande evolução do segmento de transporte ao longo dos anos e hoje os transportadores reconhecem o quanto a tecnologia agrega ao negócio deles.
Na fábrica de São Bernardo do Campo (SP), a Scania está trabalhando em um turno, com algumas linhas cumprindo jornada em dois turnos. “A retomada de 100% de capacidade produtiva, além de antecipar as entregas dos veículos que foram postergados, abre espaço para o incremento de produção”, disse Nucci.
O diretor destacou que a Scania vai manter forte a sua oferta de caminhões a gás no mercado brasileiro. Desde 2019, quando trouxe esse modelo ao país, a empresa já tem mais de 600 caminhões a gás comercializados e a expectativa é de dobrar esse número em 2023. “Abastecidos com biometano esses caminhões podem chegar a uma redução de 90% de CO2 e o governo vem investindo fortemente em usina de biometano e ajudando com recurso financeiro mais vantajoso para quem compra tecnologia limpa por meio do BNDES. Além disso, a Scania faz um trabalho muito próximo das distribuidoras de gás e dos produtores e gás – a Raízen e a Congás, Copagaz, GasBrasiliano – para desenvolver cada vez mais os corredores azuis (instalar nos postos bomba de alta vazão) e permitir que os clientes possam adquirir os caminhões a gás e ter tranquilidade de abastecimento”, comentou Nucci.
“Hoje temos toda a costa brasileira coberta por distribuição de gás, com um ponto a ser desenvolvido entre o Espírito Santo e a Bahia, e o próximo passo nessas parcerias é avançar para Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e entrar no segmento do agro.”