Falta de componentes e desafios na logística derrubam a produção de caminhões nos sete meses de 2022

Segundo a Anfavea, foram fabricados 84.496 veículos até julho, sendo que 40.494 são modelos pesados, 27.026 semipesados, 12.045 leves, 4.012 médios e 919 semileves

Sonia Moraes

Impactado pela falta de componentes e dificuldades na logística, o mercado de caminhões registra, em julho, queda de 4,8% na produção, totalizando 12.724 veículos, ante os 13.370 veículos fabricados em junho deste ano, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Gustavo Bonini, vice-presidente da Anfavea, atribuiu a queda na produção em julho à paralisação de uma fábrica de veículos pesados por falta de componentes. “O desafio continua, com a falta de semicondutores e outras peças. Mesmo assim, a indústria de caminhões está conseguindo com resiliência, atender os volumes do mercado”, disse Bonini.

No acumulado de janeiro a julho, a retração foi de 5,6%, com 84.496 veículos fabricados, enquanto no mesmo período de 2021 o volume atingiu 89.523 veículos.

Do total de caminhões produzidos até julho, 40.494 são modelos pesados, 27.026 semipesados, 12.045 leves, 4.012 médios e 919 semileves.

Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, destacou que os desafios de abastecimento de semicondutores e de logística ainda persistem. “Em julho, quatro montadoras paralisaram as fábricas e no ano são 24 fábricas, totalizando 49 dias inativos em julho e 408 dias no ano, média de 17 dias por fábrica. Neste momento, ainda temos fábricas paradas por 20 dias, o que é um sinal de que a crise e o abastecimento de semicondutores continuam impactando de alguma forma o setor, apesar de apresentar uma melhora”, disse Leite.

Vendas-

Em julho, as vendas de caminhões aumentaram de 5,3% em relação a junho, com 11.554 veículos emplacados, mas no acumulado do ano a queda foi de 2,2%, com 69.159 veículos comercializados no país, ante os 70.704 no mesmo período de 2021. “Ainda não há alteração significativa em relação aos segmentos de caminhões. Os pesados ainda representando mais de 50% das vendas, seguidos pelos semipesados”, destacou Bonini.

Nas exportações, as montadoras fecharam julho com 2.017 caminhões vendidos no exterior, 8,5% abaixo dos 2.204 veículos embarcados em junho. No acumulado de janeiro a julho, as vendas no mercado internacional aumentaram 4,3% em relação ao mesmo período de 2021, totalizando 13.155 veículos – 7.223 veículos pesados, 2.956 semipesados, 1.867 leves, 684 semileves e 425 médios.

Bonini atribuiu a queda nas exportações de caminhões em julho à Argentina, o que impactou tanto no mercado de caminhões quanto no de ônibus. “Houve uma queda de 32% nos embarques desses veículos de janeiro a julho deste ano em relação ao mesmo período de 2021”, destacou.

Ranking –

No ranking do setor, a Volkswagen Caminhões e Ônibus manteve a liderança, com 20.121 caminhões vendidos de janeiro a julho, volume semelhante ao mesmo período do ano passado (20.131), e o segundo lugar ficou com a Mercedes-Benz, que teve 16.775 veículos vendidos no país, 10,6% abaixo dos sete meses de 2021 (18.759 unidades).

A Volvo ficou em terceiro lugar com 13.398 veículos vendidos até julho, 18% acima do mesmo período de 2021 (11.356 unidades), e a Iveco em quarto, com 6.235 veículos, 43,6% a mais que em janeiro e julho de 2021 (4.343 unidades).

A Scania, quinta colocada, vendeu 5.628 veículos, 37,3% abaixo dos sete meses de 2021 (8.974 unidades), e a DAF, que está em sexto lugar, comercializou 3.669 caminhões, 21,1% acima do que vendeu no mesmo período do ano passado (3.030 veículos).

Setor de ônibus mantém bom ritmo de recuperação –

Apesar das dificuldades decorrentes da falta de componentes por causa dos desafios na cadeia logística, o mercado de ônibus começa a reagir e atinge em julho a produção de 3.130 veículos, aumento de 4,6% em relação a junho deste ano, quando foram fabricados 2.991 veículos, segundo Anfavea.

No acumulado de janeiro a julho, as montadoras produziram 16.461 chassis de ônibus, o que representou um aumento de 38,8% em relação aos 11.857 veículos fabricados no mesmo período de 2021. “A produção de 16.461 ônibus neste ano ficou próxima do volume de 2019 (16.700 unidades) e demonstra a recuperação do setor, que foi o mais afetado pela pandemia”, disse Gustavo Bonini, vice-presidente da Anfavea.

Bonini esclareceu que toda a produção de ônibus tem um cronograma definido com os encarroçadores que farão as entregas dos modelos nos próximos meses. “Essa entrega vai depender da sincronia de produção das montadoras e as encarroçadoras”, frisou.

As vendas de ônibus no mercado interno tiveram redução de 11,5%, com 1.243 veículos emplacados, ante 1.404 em junho deste ano. Os modelos escolares lideraram as vendas com 31% de participação, seguido pelos urbanos, cuja representatividade foi de 29%. Os micro-ônibus representaram 17%, os rodoviários 12%, fretamento 7% e miniônibus 4%, segundo a Anfavea.

No acumulado de janeiro a julho, a retração foi de 2,9% com 8.552 veículos comercializados no mercado brasileiro, enquanto neste período em 2021 foram vendidos 8.808 veículos no país. Bonini explicou que a queda nas vendas se deve à diferença entre as entregas dos chassis e as montagens pelos encarroçadores. “Os chassis que estão saindo das montadoras são referentes a produção de quatro a cinco meses atrás e os licenciamentos ocorrem depois de o veículo estar completo e pronto para rodar.”

Nas exportações, as montadoras de ônibus tiveram bom desempenho, com 525 veículos vendidos no mercado internacional em julho, 17,2% acima do registrado em junho deste ano (448 unidades). Nos setes meses deste ano, as exportações aumentaram 20,3% em relação ao mesmo período de 2021, com 2.671 veículos destinados ao exterior – 1.418 urbanos e 1.253 rodoviários.

No segmento rodoviário as exportações aumentaram 82,4% de janeiro a julho, com 1.253 veículos, ante os 687 veículos vendidos no exterior nos sete meses de 2021. Já no segmento de urbanos os 1.418 veículos exportados representaram uma queda de 7,5% sobre o mesmo período do ano passado.

“No setor de ônibus houve um incremento nas exportações, com diferença entre os urbanos e os rodoviários. O aumento nos rodoviários é porque estão sendo impulsionados pela demanda dos mercados da América Latina para uso em fretamento e turismo, que volta a ter maior relevância. Já a queda nos urbanos ocorre porque este setor obedece a um cronograma de licitação desses países, que se altera de se forma significativa de um semestre para outro ou até de um ano para outro quando há uma grande renovação em um ano e se tem uma redução significava em outro. A boa notícia é que no acumulado do ano, apesar dos desafios, o setor de ônibus começa a retomar não somente no Brasil, mas também na América Latina.”

Nos sete meses de 2022, a liderança ficou com a Mercedes-Benz, com venda de 4.060 ônibus, 19,3% a mais que no acumulado de janeiro a julho de 2021 (3.404 unidades). O segundo lugar ficou com a Volkswagen Caminhões e Ônibus, que vendeu 2.268 veículos, 14,3% abaixo do mesmo período do ano anterior (2.647 ônibus), e o terceiro com a Agrale, que comercializou 1.694 veículos, 8,1% superior aos sete meses do ano passado (1.567 unidades).

Na sequência, está posicionada a Volvo que vendeu 249 ônibus até julho, 2,5% acima dos sete meses do ano passado (243 unidades); a Scania com 121 veículos, 72,9% superior a janeiro e julho de 2021 (70 unidades), e a Iveco que vendeu 113 ônibus, com queda de 86,8% sobre os sete meses de 2021, cujas vendas somaram 857 veículos.

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