Transporte Moderno – Qual é a estratégia da BorgWarner com as aquisições da Delphi Technologies, em outubro de 2020, e da Akasol, em fevereiro deste ano?
Marcelo Rezende – A BorgWarner sempre teve em seu DNA o foco de trabalhar com sustentabilidade e agora com as aquisições pretende partir para a eletrificação.
Transporte Moderno – Quais produtos ajudarão a BorgWarner crescer na eletrificação?
Marcelo Rezende – Os produtos que terão destaque no crescimento da empresa são os sistemas de bateria.
Transporte Moderno – Qual o diferencial deste produto?
Marcelo Rezende – O diferencial das baterias está na densidade energética, muito mais elevada, o que garante mais energia com menos peso. São baterias de lítio com liga de manganês-cobalto que asseguram maior eficiência e mais energia para ônibus e caminhão. Outro diferencial é o sistema de refrigeração integrado. A bateria é composta por um conjunto de células e o gerenciamento da temperatura das células é fundamental para o bom funcionamento e para que possa aumentar ao máximo a sua vida útil.
Transporte Moderno – Qual o tempo de recarga das baterias?
Marcelo Rezende – Dependendo do equipamento, é possível chegar a 80% de carregamento das baterias, gastando de 45 a 60 minutos. Com uma carga, os veículos comerciais podem ter de 280 a 350 quilômetros de autonomia, de acordo com as necessidades dos clientes que operam no transporte urbano.
Transporte Moderno – A BorgWarner já tem baterias disponíveis para o Brasil?
Marcelo Rezende – A empresa ainda não tem esse produto nacionalizado. A BorgWarner está mapeando este mercado e trabalhando junto com os fabricantes para desenvolver o seu plano para a América do Sul. A empresa tem capacidade de produzir esses produtos aqui no Brasil e também para suportar os clientes nesta transformação.
Transporte Moderno – Que produtos a empresa tem para veículos comerciais?
Marcelo Rezende – Mundialmente a companhia tem vários produtos para veículos comerciais, como inversores, motores elétricos e transmissões, ou uma solução que consolida os três produtos em um único módulo IDM (motor, câmbio e inversor), e já está em uso pelos clientes.
Transporte Moderno – Qual é a meta da BorgWarner?
Marcelo Rezende – A meta da BorgWarner é ter 45% da sua receita global proveniente de sistemas de eletrificação em 2030. O plano de sustentabilidade de 2022 está alinhado com a visão da companhia de ter um mundo mais limpo e energeticamente eficiente, e todas as unidades devem estar estruturadas no mesmo objetivo. Até 2035, todas as fábricas da BorgWarner terão que ter carbono neutro e todas estão preparadas para se adaptar ao novo modelo e atender ao compromisso assumido pela companhia.
Transporte Moderno – A aquisição da Delphi foi a estratégia mais importante da companhia para avançar na eletrificação?
Marcelo Rezende – Sim. Foi para fazer parte dessa transformação e ter know how em eletrificação, além de continuar com portfólio muito forte de produtos para motores a combustão. A Delphi tinha um grande sistema potência – produtos de eletrônica embarcada para gerenciamento de motor e módulos eletrônicos – e um vasto conhecimento de softwares, que ajudaram a criar essa base sólida na BorgWarner para continuar no caminho da eletrificação, além da linha forte de componentes de sistema de combustão, para redução de emissões, que agregou muito ao portfólio da empresa e vai ajudar a dar um grande salto no mercado.
Transporte Moderno – A BorgWarner tem investimento programado para o Brasil este ano?
Marcelo Rezende – Sim. A BorgWarner tem investimento em eletrificação para a América do Sul para dar suporte aos clientes, mas por ser uma questão estratégica não posso dar mais detalhes.
Transporte Moderno – A BorgWarner vai manter o desenvolvimento de produtos para motores a combustão?
Marcelo Rezende – Sim. A BorgWarner vai manter o seu foco em produtos para motores à combustão, que tragam redução de emissões, pois a nossa visão é de que o mercado vai se desenvolver diferentemente em cada uma das regiões. A empresa vai continuar oferecendo soluções sustentáveis que já têm e, em paralelo, continuará investindo muito para poder fazer parte desse novo mercado, desta transformação que chegará com a eletrificação.
Transporte Moderno – A BorgWarner tem planos de fazer mais aquisições?
Marcelo Rezende – Sim. A BorgWarner mantém em seus planos a aquisição de mais empresas até 2030, para completar o seu portfólio e atingir a meta de eletrificação. A empresa tem consciência de que só vai conseguir continuar sendo pioneira e ter 45% da receita com veículos elétricos em 2035, se continuar adquirido empresas-chave com produtos estratégicos.