Sonia Moraes
O mercado de caminhões registrou em junho queda de 4,1%, com 13.370 veículos produzidos, ante as 13.947 unidades fabricadas em maio deste ano. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) atribuiu a retração aos desafios que as montadoras vêm enfrentando para abastecer a linha de montagem por causa da falta de componentes e das dificuldades logísticas, que se agravaram ainda mais com a paralisação de 60 dias do maior porto do mundo, de Xangai, na China.
No primeiro semestre, a queda foi de 3,9%, tendo 71.772 caminhões produzidos, enquanto no mesmo período do ano passado foram fabricados 74.722 veículos. Do total, 34.042 são de modelos pesados, 22.897 de semipesados, 10.623 de leves, 3.405 de médios e 805 de semileves.
Em junho, as vendas de caminhões atingiram 10.975 veículos, com aumento de 5,6% em relação a maio (10.394 unidades). No acumulado de janeiro a junho, houve uma redução de 1,9% com 57.605 veículos emplacados no país, ante as 58.730 unidades vendidas no primeiro semestre de 2021. “A gente vê estabilidade no emplacamento de dez mil e 11 mil nos últimos meses. Os caminhões pesados continuam tendo relevância, representando cerca de 50% das vendas totais, impulsionadas ainda pelo agronegócio, construção civil e a mineração”, disse Gustavo Bonini, vice-presidente da Anfavea.
Nos outros segmentos, não há mudança significativa, segundo Bonini. “Percentualmente os médios e os semipesados estão crescendo e há uma pequena redução nos pesados. São questões pontuais, com o fechamento de grandes slots de compras desses veículos”, observou.
Nas exportações, o mês de junho apresentou retração de 2,6% em relação a maio, com 2.204 caminhões embarcados. No acumulado do ano, houve um crescimento de 3,8% com 11.138 veículos vendidos no mercado internacional, ante os 10.731 veículos exportados no primeiro semestre de 2021.
O destaque nas exportações foram os caminhões pesados que tiveram expansão de 19,9%, com 6.095 veículos vendidos no exterior de janeiro a junho, ante os 5.082 veículos registrados no mesmo período de 2021. Os embarques de semileves aumentaram 87,1%, com 625 unidades. Em CKD (veículos desmontados) foram exportados 2.538 caminhões no primeiro semestre de 2022, o que significa um aumento de 11,86% sobre os 2.269 veículos exportados no mesmo período de 2021.
Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, destacou que as exportações têm sido relevantes para o setor automotivo, com expansão surpreendente. “O desafio é manter o percentual de crescimento no mercado externo e continuar crescendo. Não podemos perder o foco nas exportações porque a indústria automobilística tem tecnologia, e os investimentos estão sendo feitos pensando também nas exportações”, disse Leite.
No ranking do setor a liderança ficou com a Volkswagen Caminhões e Ônibus com a venda de 17 mil caminhões no primeiro semestre, 2,2% a mais que no mesmo período de 2021 (16.627 unidades), e o segundo lugar é ocupado pela Mercedes-Benz, com 13.801 veículos comercializados no país, 11,8% abaixo dos quatro meses de 2021 (15.643 caminhões) e o terceiro pela Volvo, com 11.248 veículos emplacados, 19,5% a mais que janeiro a junho de 2021 (9.410 modelos).
A Iveco, quarta colocada, vendeu 5.363 caminhões até junho, aumento de 52,9% sobre o primeiro semestre do ano passado (3.508 unidades), e a Scania, que está em quinto lugar, comercializou 4.470 caminhões de janeiro a junho, com uma queda de 42,6% em relação aos seis meses de 2021 (7.794 unidades). A DAF, que ocupa o sexto lugar, vendeu 3.030 veículos, 17,4% a mais que de janeiro junho de 2021, cujo volume totalizou 2.581 unidades.
Revisão das projeções–
A Anfavea revisou as projeções para toda a indústria automobilística. No segmento de pesados, que inclui ônibus e caminhões, a estimativa de vendas caiu de 157 mil para 146 mil veículos (com 129 mil caminhões e 17 mil ônibus), reduzindo de 10% para 2,3% o crescimento esperado para o setor em 2022.
A exportação estimada em 29 mil veículos pesados no início deste ano caiu para 27 mil. Já na produção, era esperado para 2022 um crescimento de 8%, com 192 mil veículos pesados, mas a projeção recuou para 178 mil unidades, mantendo o mesmo patamar de 2021.