Transporte Moderno – Quais as novidades da Michelin para caminhões e ônibus?
Alessandra Rudloff – A inovação faz parte do DNA da Michelin e sempre foi motor para o nosso desenvolvimento. Responsável por grandes revoluções tecnológicas, como o pneu radial e o pneu que permite menor consumo de combustível, a empresa investe fortemente no desenvolvimento dos seus produtos e serviços, atendendo às necessidades dos seus clientes.
Transporte Moderno – Quais as inovações presentes nos últimos lançamentos?
Alessandra Rudloff – Entre as inovações podemos destacar a nova tecnologia Infinicoil, patenteada pela Michelin, composta por um cabo de aço único e contínuo, que envolve a carcaça, proporcionando maior estabilidade e menor quantidade de deformações do pneu durante o uso. Isso resulta em um desgaste mais uniforme da banda de rodagem, maior índice de carga (7,5 toneladas), menor consumo de combustível, preservando a entrega de um alto rendimento quilométrico. Tem ainda o novo desenho da banda de rodagem, onde o pneu contém quatro sulcos, sendo dois abertos e dois ocultos a serem expostos ao longo de sua primeira vida, garantindo o mesmo nível de aderência durante a sua utilização e mantendo um alto nível de rendimento quilométrico. Isso ocorre devido à união da escultura Regenion e Blocante, o que proporciona um desgaste mais lento e uniforme da banda de rodagem, maior aderência em solo seco e molhado, além de reduzir danos causados por perfurações na banda de rodagem devido aos sulcos mais fechados. Na banda de rodagem, temos o composto Energy, de alta tecnologia, que proporciona redução no consumo de combustível do veículo, mantendo o equilíbrio de performances. Além destas inovações, desde 2014, nossos pneus apresentam a tecnologia Michelin X Core em suas carcaças, que traz benefícios comprovados devido ao exclusivo composto interno de alta tecnologia e à proteção em nylon em volta do aro.
Transporte Moderno – O que mudou nos novos pneus em relação ao modelo anterior?
Alessandra Rudloff – Os pneus hoje contribuem para uma mobilidade cada vez mais sustentável. Não basta a sua excelência em uma ou duas performances. Eles devem oferecer o equilíbrio entre todas as suas performances, sempre pensando no meio ambiente. Como exemplo, cito o último lançamento para transporte rodoviário de carga e passageiro, o pneu Michelin X MULTI ENERGY Z, que proporciona expressiva economia de combustível, além de alto rendimento quilométrico e um novo patamar em segurança.
Transporte Moderno – Poderia dar mais detalhes de como a Michelin tem conseguido melhorar o desempenho dos seus pneus.
Alessandra Rudloff – A inovação faz parte do DNA do grupo Michelin, que investiu globalmente 682 milhões de euros em pesquisa e desenvolvimento em 2021, um aumento de 5,6% em relação ao ano anterior. Além disso, são cerca de sei mil funcionários trabalhando em pesquisa e desenvolvimento no mundo todo. Vale destacar que acreditamos firmemente que a inovação pode e deve beneficiar o meio ambiente. Adotamos uma abordagem de economia circular conhecida como a “Estratégia 4R” (Reduzir, Reutilizar, Reciclar e Renovar), que orienta não só a pesquisa e a inovação da Michelin, mas também as suas parcerias e a sua participação no ecossistema global de mobilidade sustentável.
Transporte Moderno – Qual a evolução dos compostos e tecnologias de materiais para conseguir o melhor desempenho dos pneus?
Alessandra Rudloff – Podemos dizer que, ao longo dos anos, nossas inovações permitiram, por exemplo, um aumento significativo da vida total do pneu e da segurança nas estradas, além da redução no consumo de combustível e da menor emissão de CO2, proporcionando mais segurança, economia ao transportador e menor impacto no meio ambiente. E esta constante busca pela inovação se traduz em uma vantagem competitiva para os nossos clientes e faz com que a Michelin seja uma empresa líder em tecnologia no segmento.
Transporte Moderno – Estes materiais são adquiridos no Brasil? Qual o índice de nacionalização?
Alessandra Rudloff – Falando no segmento de carga, nossa tecnologia de ponta é produzida em solo nacional para o público brasileiro.
Transporte Moderno – Os novos pneus foram desenvolvidos no Brasil?
Alessandra Rudloff – Sim, a produção de pneus de carga é feita no complexo industrial de Campo Grande, no Rio de Janeiro. Vale destacar que a Michelin é a única fabricante de pneus com o ciclo completo de produção no Brasil e a nossa fábrica em Campo Grande é uma das cinco maiores unidades de produção da Michelin em todo o mundo.
Transporte Moderno – Qual a tendência para o mercado de pneus? Que tipo de produto as empresas buscam hoje?
Alessandra Rudloff – Hoje, as empresas têm investido em tecnologias que proporcionam durabilidade, segurança, economia e um menor impacto no meio ambiente. No caso da Michelin, como uma empresa centrada no cliente, trabalhamos todos os dias, incansavelmente, para uma melhor vida em movimento, oferecendo uma amplitude e diversidade de serviços e soluções da indústria pesada ao transporte diário, entretenimento e viagens.
Transporte Moderno – Além da redução de peso dos pneus e da maior durabilidade, existe a questão ambiental que está na pauta das empresas. O que a Michelin está fazendo para que seus produtos estejam de acordo com as normas de emissões?
Alessandra Rudloff – Não basta reduzirmos o impacto ambiental dos pneus. A Michelin trabalha arduamente para neutralizar a pegada de carbono de suas operações. Atenta às necessidades do planeta, como parte da estratégia ‘Tudo Sustentável’, todas as nossas unidades industriais no Brasil contam agora com energia elétrica 100% renovável, com a certificação I-REC (International REC Standard), o que comprova que a energia produzida e consumida é de origem renovável. Durante o ano de 2021, a iniciativa diminuiu em cerca de 50% da emissão de CO2 nas fábricas do Rio de Janeiro e de São Paulo, comparado ao ano de 2019. A meta global da empresa é chegar a 100% de neutralidade de carbono até 2050.
Transporte Moderno – Há outras ações?
Alessandra Rudloff – Outra iniciativa é que estamos desenvolvendo em suas unidades da América do Sul o princípio da logística responsável. A meta da empresa com o novo modelo de transporte de matérias-primas, entregas de produtos e armazenamento é reduzir em 15% as emissões de CO2 até 2030. Entre as mudanças no modelo de logística, estão o incremento nas entregas diretas aos clientes e a ampliação da capacidade no transporte de carga, com o aumento da ocupação dos caminhões e o início da utilização de seis caminhões bitrem GNV – o primeiro está previsto para entrar em operação em julho e os cinco restantes, até dezembro de 2022.
Transporte Moderno – Em que a Michelin tem concentrado seus investimentos para conseguir a maior qualidade dos seus pneus?
Alessandra Rudloff – A Michelin busca, cada vez mais, ser uma empresa de baixo impacto ambiental e isso se traduz nos investimentos dos novos produtos para redução de matéria-prima aplicada, maior utilização de materiais de fontes renováveis, menor consumo de combustível, maior durabilidade da banda de rodagem e carcaça.
Transporte Moderno – A empresa já tem como meta produzir pneus 100% ecológicos?
Alessandra Rudloff – Hoje, a Michelin tem 28% de materiais sustentáveis (origem biológica ou reciclados) na composição dos pneus. A meta é alcançar 40% em 2030 e 100% em 2050.