Sonia Moraes
Em comemoração aos 65 anos no Brasil a Scania anuncia várias ações que reforçam seus compromissos com a descarbonização. Entre as novidades estão os dois veículos elétricos que serão usados para testes na fábrica de São Bernardo do Campo (SP).
O ônibus movido a bateria elétrica (BEV), que está sendo usado unicamente pela equipe de engenharia nacional, funciona como uma espécie de ônibus-escola. “O Brasil sempre foi um importante laboratório para nossos produtos. E o elétrico será grande uma oportunidade de aprendizagem para ajudar a adaptar esta tecnologia às condições da América Latina e ainda desenvolver competência dentro e fora da Scania”, afirma Christopher Podgorski, presidente e CEO da Scania Latin America. O ônibus protótipo passa por testes, ajustes e adaptações às condições climáticas severas e topografia brasileiras.
Um caminhão elétrico também será usado por equipes brasileiras para testes semelhantes. “Nossa jornada pela descarbonização passa por várias fases e enquanto algumas tecnologias já estão em circulação no Brasil, como o biometano, outras que já são realidade na Europa estão em fase de estudos e passam por testes por aqui. Completar 65 anos com uma performance tão arrojada em inovação e tecnologia é um orgulho para nós e queremos que seja um incentivo para os nossos colaboradores”, afirma Podgorski. “Temos um objetivo claro que é o ampliar o conhecimento sobre a eletrificação dos veículos pesados.”
Em busca de dados e fatos e para contribuir para a tomada de decisão sobre os caminhos para descarbonização do transporte, a Scania desenvolveu juntamente com a Rede Brasil do Pacto Global das Nações Unidas e a Bain & Company o estudo “Transporte Comercial net-zero 2050: caminhos para a descarbonização do modal Rodoviário no Brasil”. O documento apresenta possíveis cenários para o país avançar na descarbonização do setor.
Entre os principais achados do estudo, está o fato de que para a equação brasileira será preciso incorporar todas as tecnologias existentes para fazer frente à meta zero carbono. “A demanda de energia gerada por caminhões e ônibus no Brasil precisará ser atendida por um mix de tecnologias já desenvolvidas ou em desenvolvimento, devido a uma série de variantes como a matriz energética e a vocação do país, infraestrutura, regulamentação necessária, necessidade de renovação de frotas, entre outras necessidades. O futuro do nosso transporte rodoviário será eclético”, diz Podgorski.
Nova fábrica de motores–
A fabricante sueca, que desde 2016 vem ampliando sua jornada de sustentabilidade, destaca seu sistema global de produção com a entrega da ampliação de sua fábrica de motores e de um novo centro de pesquisa e desenvolvimento. “Operamos como uma extensão da Suécia, nossa casa matriz e temos um produto global, portanto ambas iniciativas consolidam essa estratégia”, afirma Podgorski. “Nossas soluções são lançadas primeiro na Europa e depois na América Latina, com um intervalo de seis ou nove meses. De qualquer forma, a plataforma é a mesma, e é possível usar uma cabine produzida no Brasil em um caminhão feito na Suécia, e agora o motor”, ressalta o executivo.
Além desses investimentos, a Scania inaugura sua Estação de Tratamento de Efluentes. “Praticamos sustentabilidade dentro e fora de casa. Toda nossa operação industrial é pensada de forma a reduzir as emissões de gases de efeito estufa e o uso de recursos naturais. Com esse projeto vamos tratar 72 milhões de litros de água por ano e consequentemente vamos ter 85% da água consumida oriunda de reuso”, explica. Segundo Podgorski, as ações fazem parte do ciclo de investimentos para o período de 2021-2024 no montante de R$ 1,4 bilhão, recurso dedicado à atualização e modernização do parque industrial e desenvolvimento de tecnologias alternativas.
A Scania destaca que, apesar dos atrasos ocasionados pela pandemia e os desafios com a falta de componentes, está pronta para atender as novas normas de emissões a partir de 2023, a etapa P8 do Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores), equivalente à tecnologia Euro 6, vigente na Europa desde 2014. “Há quase três anos, o programa envolve centenas de profissionais especializados de várias áreas da empresa e, de forma indireta, quase toda a organização está empenhada com as exigências”, explica Podgorski.
Segundo a Scania, os motores a gás e biometano da marca, tecnicamente, já atendem aos níveis de emissões de poluentes do Proconve P8 (Euro 6). “Os novos motores atenderão inicialmente os mercados de exportação. As demais regiões na América Latina, inclusive o Brasil, também serão contempladas gradativamente, conforme a estratégia de implementação da solução de cada mercado”.
Jornada da sustentabilidade–
Em 2020 a Scania se tornou a primeira fabricante de veículos comerciais do mundo a ter suas metas climáticas aprovadas pela Science Based Targets initiative (SBTi.Com base nos dados de 2015, foram estabelecidas duas metas até 2025: reduzir em 50% a emissão de gases de efeito estufa das operações industriais e comerciais do grupo, com foco nos Escopos 1 (emissões próprias) e 2 (emissões da energia adquirida); e reduzir em 20% as emissões de carbono equivalente na frota circulante (ônibus e caminhões produzidos pela empresa que rodam nas mãos de terceiros), com foco no Escopo 3 (emissões indiretas).
Em 2021, a empresa anunciou globalmente a adesão à iniciativa Climate Pledge, liderada pela Amazon e a Global Optimism, com o compromisso de ser carbono neutro até 2040 (net zero), dez anos antes das metas estabelecidas no Acordo de Paris.
“Para alcançar metas tão urgentes, o ciclo de investimento de R$ 1,4 bilhão (2021-2024) tem viabilizado a atualização e modernização do parque industrial da Scania, a implementação da nova plataforma de motores, assim como projetos ligados ao desenvolvimento de tecnologias alternativas. Construímos um novo centro de pesquisa e desenvolvimento, a nossa própria Estação de Tratamento de Água e uma nova fábrica de motores, que será inaugurada em outubro deste ano”, destaca Podgorski.