Os operadores logísticos registraram, em 2021, receita operacional bruta de R$ 166 bilhões e garantiram dois milhões de empregos, entre diretos e indiretos, o equivalente a 2% do total de pessoas ocupadas no Brasil. Além disso, arrecadaram R$ 44 bilhões em tributos. Os números integram a edição 2022 do estudo do ‘Perfil do Operador Logístico’, encomendado ao Instituto de Logística e Supply Chain (ILOS) pela Associação Brasileira de Operadores Logísticos (Abol).
Segundo a associação, o resultado confirma um 2021 marcado por recuperação e crescimento das empresas do setor: 391 milhões de toneladas transportadas e R$ 18 bilhões em investimento. Realizada desde 2014 e com a última versão divulgada em 2020, aponta um aumento, nos últimos dois anos, da presença dos operadores logísticos em diferentes regiões do país. Além disso, destaca a ampliação da sua abrangência setorial dentro da cadeia de suprimentos, atendendo um número maior de clientes em segmentos variados, como o do e-commerce.
O levantamento contemplou um universo de mil empresas, incluindo as 30 associadas da Abol. “Além de ampliarmos a base, dividimos as empresas em pequeno, médio e grande portes, revelando o comportamento de cada grupo diante, por exemplo, do cenário político e econômico brasileiro”, destacou a diretora executiva da associação, Marcella Cunha.
Em relação a 2020, a presença dos operadores logísticos aumentou em 12% na área de cosméticos, 16% no comércio eletrônico, 14% na de Produtos de Limpeza e 12% na de Tecnologia Industrial e de Serviços.
A pesquisa mostra ainda que, embora os operadores nacionais tenham preferência por atuar em segmentos de alto valor agregado, há uma tendência de ampliação. “No caso do e-commerce, a presença cada vez maior do operador logístico – um dos reflexos da pandemia – está relacionada ao potencial do mercado em trazer muito volume a um nicho que está crescendo a taxas mais altas do que outros setores”, explica Marcella.
Quando se fala em lucro e custo, são escancarados os prejuízos causados pelas dificuldades enfrentadas nos últimos meses, como a crise do combustível, mostra a pesquisa, pois embora a margem de lucro tenha aumentado para a maioria, não acompanhou o crescimento da receita no mesmo patamar. Além disso, as empresas afirmaram que não conseguiram repassar todos os custos para o preço do serviço. Para driblar os entraves, que envolvem também a pandemia do coronavírus, 59% dos operadores incrementaram os investimentos.
Os investimentos das empresas do setor foram destinados, sobretudo, para a modernização das instalações e infraestrutura e softwares, priorizando a integração tecnológica com clientes e fornecedores. Houve também uma forte tendência de investimentos em startups e logtechs por quase metade dos operadores no ano passado.
Pequenos e Médios-
A pesquisa esclarece, também, que a estratégia dos operadores logísticos de menor porte é reduzir custos, dos médios é ganhar mercado e dos de maior porte é melhorar o serviço. A maior parte das empresas quer se destacar no mercado pela flexibilidade e customização das suas operações. Velocidade e preço não são o alvo da diferenciação, sendo mais vistos como habilitadores para o serviço. A integração com o cliente, a tecnologia e automação, o nível de serviço e a produtividade são os pontos de maior foco de desenvolvimento da atividade.
Iniciativas sustentáveis, qualificação de mão de obra e contratação de funcionários, prioritariamente, via CLT, foram outros pontos destacados na pesquisa. “O desenvolvimento de áreas ESG também vem aumentando no Brasil como uma tendência mundial, já que há um entendimento de que os negócios precisam se sustentar a longo prazo. Nesse sentido, observamos um avanço dentro das organizações, com os de grande porte na liderança e os pequenos vindo na sequência focando no crescimento”, analisou a executiva da Abol.
Eleições-
Em ano de eleição, os operadores logísticos esperam uma maior atuação do governo na redução da carga tributária e melhoria da infraestrutura, com foco nas rodovias, infraestrutura viária das médias e grandes cidades e os acessos aos centros urbanos.
Quando se trata do reconhecimento da atividade, as empresas do setor se mostraram atentas sobre o PL 3757/ 2020, que visa regulamentar a função do operador logístico e está em tramitação no Congresso Nacional.
“A pesquisa permite um conhecimento amplo do setor, relevando as suas particularidades e necessidades macros, principalmente, após dois anos de pandemia e outros obstáculos no meio do caminho que comprometeram o Supply Chain internacional. Podemos dizer que a resiliência é a principal característica dos operadores logísticos já que houve recuperação e desejo pelo desenvolvimento e inovação”, comenta Marcella.