A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) apresentou durante a última coletiva de imprensa a sua visão sobre a MP 1.112, publicada no início deste mês pelo governo federal, que instituiu o Programa Renovar, voltado inicialmente para caminhões, ônibus e implementos rodoviários.
Participou da coletiva Glenda Lustosa, subsecretária de facilitação de comércio exterior e internacionalização do ministério da economia, que explicou que o Renovar é um programa voluntário, em que o caminhoneiro que possui um veículo com mais de 30 anos de uso tem vantagens ao participar.
“O objetivo é ganhar produtividade e contribuir com a redução do custo Brasil. Um caminhão de 30 anos, em comparação a um de dez anos de uso, por exemplo, tem custo operacional 15% maior. E um benefício adicional é a retirada de circulação de veículos que poluem mais. Estes caminhões em desuso terão o tratamento adequado junto a parceiros que cuidarão do desmonte sustentável e correto.”
Por meio de um aplicativo que centralizará todo o Programa Renovar, o proprietário de um veículo pesado com mais de 30 anos poderá entregá-lo para reciclagem e receber o valor de mercado, mais o da sucata. E se quiser adquirir um veículo mais novo, poderá ter benefícios de outros atores integrados ao aplicativo, como governos estaduais e municipais, além de fabricantes, concessionários, bancos e frotistas.
“Esse decreto, mais que uma vitória para o setor automotivo, é uma conquista para os caminhoneiros e para toda a sociedade, já que temos uma frota de caminhões com idade média superior a 20 anos. Desde que o Proconve foi instituído, em meados dos anos 80, esse tema da renovação de frota tem sido uma pauta histórica da Anfavea, no sentido de complementar os esforços dos fabricantes para redução das emissões de poluentes e de gases de efeito estufa, sem falar da questão crucial da segurança no trânsito”, destacou Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea.
“Ainda estamos aguardando o decreto que regulamentará os valores e toda a parte operacional e legal do programa Renovar para avaliar os impactos, mas sem dúvida ele desempenhará um papel significativo no âmbito social, permitindo a caminhoneiros autônomos a oportunidade de trocar seu veículo com ganhos de produtividade. Será sem dúvida um passo importante para o transporte de carga no país”, complementou Marco Saltini, vice-presidente da Anfavea.
Saltini destacou que um estudo encomendado pela Anfavea em 2019 apontou que há mais de 450 mil caminhões com mais de 25 anos circulando no Brasil. Os custos com acidentes envolvendo caminhões com mais de nove anos podem chegar a R$ 50 bilhões e que os custos de congestionamentos causados no trânsito urbano por caminhões com mais de 25 anos podem chegar a R$ 11 bilhões. Além disso, os custos atrelados a emissões desses caminhões com mais de 25 anos poderiam custar ao SUS R$ 500 milhões por ano.