A Mercedes-Benz vai interromper por 15 dias a produção de caminhões, de chassis de ônibus, de cabines de caminhões e de agregados (câmbios, motores e eixos) por falta de semicondutores. Segundo a empresa, serão colocados em férias coletivas cerca de cinco mil profissionais da fábrica de São Bernardo do Campo (SP) e cerca de 600 empregados na fábrica de Juiz de Fora (MG), de 18 de abril a 3 de maio.
Em nota, a empresa informa que reforça seu compromisso em atender aos clientes e tem adotado diversas alternativas junto à cadeia brasileira de suprimentos e ao grupo Daimler Truck mundialmente para enfrentar os desafios diários de abastecimento de peças, situação que afeta toda a indústria global.
Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas e marketing caminhões e ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, disse recentemente à revista Transporte Moderno, que a fábrica de São Bernardo do Campo (SP) está trabalhando em três turnos na linha de caminhões para tentar reduzir a quantidade de veículos incompletos que ficaram parados no pátio no final do ano passado por causa da falta de componentes eletrônicos. “Estamos tentando administrar esse problema da melhor maneira possível. Se conseguirmos finalizar a montagem e entregar os caminhões para os clientes o market share vai melhorar um pouco”, comentou.
Dos caminhões que estão parados no pátio da fábrica, a maior parte é por falta de módulos. Dependendo da família de caminhões, há necessidade de mais ou menos módulos. “Um modelo simples tem seis módulos e o caminhão com mais tecnologia, como o Actros e o Arocs, chega a ter 36 módulos”, detalhou Leoncini. “Alguns módulos são comuns para todos os caminhões, como o ABS (Anti-lock braking system) e o EBS (Eletronic braking system), mas alguns são bastante específicos, como o sistema de detecção de pedestre, que tem no Actros, é um módulo específico que tem a inteligência para reconhecer as pessoas.”
Leoncini comentou que a falta de semicondutores deve persistir bastante tempo e não espera que seja resolvido em curto prazo. “Esperávamos que o primeiro semestre seria bem difícil por causa da falta de componentes, mas tudo apontava que teríamos estabilização de algumas cadeias de fornecedores no segundo semestre e veio a guerra da Rússia contra a Ucrânia para atrapalhar”, comentou o executivo.