Cummins Brasil cria divisão para comandar a tecnologia do futuro

A nova unidade New Power – a quinta no portfólio global da companhia – terá como foco principal a tecnologia do futuro, que engloba a eletrificação e células de combustível

A Cummins, que completou 50 anos de atuação no Brasil dia 22 de novembro, inaugura a unidade de negócios New Power na região, o qual considera um dos marcos mais importantes na história da empresa no país. Comandada por Maurício Rossi, diretor de vendas, esta divisão terá como foco principal a tecnologia do futuro, que engloba a eletrificação e células de combustível. As outras quatro são motores, componentes (filtros, turbos, pós-tratamento), geração de energia e distribuição.

Para Adriano Rishi, presidente da Cummins Brasil, nessa estratégia, a diversificação energética, incluindo portfolio inicial de energia, com motores elétricos, propulsores a diesel e a gás mais limpos, as células de combustível e, principalmente, o hidrogênio, serão essenciais no contexto carbono zero para o Brasil.

Na visão estratégica da Cummins, a descarbonização será gradual. O diesel ainda vai predominar ao longo desta década – com tecnologia para ser cada vez mais limpo. Atenta a esta realidade, a Cummins realizou investimentos que somam R$ 170 milhões e está pronta para atender às normas do Proconve P8 (Euro 6).
 
Veículos elétricos e a gás

Para Maurício Rossi, diretor de vendas e New Power, os elétricos e motores a gás ganharão espaço gradativo a partir de maior demanda em nichos específicos, como o de coleta de lixo e sucroalcooleiro. As montadoras caminham para ter variadas opções de motorização em seus catálogos aqui no Brasil e nós já estamos oferecendo soluções de propulsão elétrica para caminhões e ônibus entre seis e 26 toneladas. O pacote de eletrificação principal da Cummins inclui conjunto de baterias, sistemas de controle e motores de tração que podem ser combinados, de acordo com o projeto do cliente.


Entre diesel, elétrico, célula de combustível e gás, algumas tendências começam a se delinear no país. “Nas entregas noturnas de e-commerce, os veículos elétricos, movidos a célula de combustível ou a hidrogênio, serão cada vez mais comuns. Primeiro porque são equipamentos mais silenciosos ou mesmo com zero decibéis. Segundo porque, sem trânsito, é possível estender a autonomia e ir mais longe”, afirma Rossi.

Na avaliação do executivo é uma tendência muito forte e realidade para algumas empresas que já buscam soluções alternativas aos veículos a diesel para maior rentabilidade nos negócios. “No caso da coleta de lixo, devem predominar os caminhões a gás, com cases de empresas que já produzem seu próprio combustível baseado em biomassa”, diz o diretor de New Power da Cummins. “Atualmente, o biometano é extremamente puro dentro do aterro sanitário, mais vantajoso que o gás natural, atingindo perto de 96% de gás metano. No caso dos motores Cummins, quanto maior o número de metano, melhor é a equação e a produtividade.”

As opções de motores a gás Euro 6, de 12 e 15 litros, também entram no pacote de soluções da companhia para uso em caminhão porta a porta de 48 a 50 toneladas. Nesse caso, o público em vista é o grupo sucroalcooleiro, que a partir da cana de açúcar gera biomassa que, por sua vez, gera biogás. Ou seja, as usinas podem usar esse combustível oriundo do processo de produção do álcool, que além de mais econômico, traz a vantagem de ter alto poder calorífico.


Ao considerar os exemplos citados, a Cummins enxerga que muitos segmentos dependentes do transporte tendem a produzir seus próprios combustíveis, ou seja, a matriz energética vai deixar de ser 100% adquirida de fontes existentes. “Vai passar a ser conjugada; quem precisar de diesel vai comprar, mas quem tiver acesso à biomassa poderá fazer seu próprio gás e quem puder ter um eletrolisador para fazer eletrólise vai produzir seu próprio hidrogênio.”
 
Hidrogênio

Sobre as alternativas ao diesel, os veículos elétricos, carregados por bateria, já são uma realidade. Mas o futuro está na célula de combustível. Nas pesquisas mais recentes da Cummins, os veículos à bateria serão uma ponte para os que utilizam células de combustível e hidrogênio.


Esses veículos são os que vão permitir 100% de redução dos particulados e de toda a contaminação que temos hoje. O futuro está no hidrogênio. “Se pensarmos em cinco a sete anos, é possível que o grau de competitividade do veículo movido à célula de combustível passe a ser maior do que o elétrico, invertendo o quadro atual”, afirma Rossi.


Com a compra da Hydrogenics, no Canadá, a Cummins destaca que um caminho que vem sendo perseguido é o uso do hidrogênio, como combustível de propulsão para os veículos que utilizem célula de combustível. Para isso, traz ao mercado brasileiro nova linha de módulos de células de combustível, oferecendo múltiplas possibilidades que podem ser combinadas para a perfeita adequação ao projeto do cliente.
Há também boas perspectivas para o uso industrial do hidrogênio. Indústrias de geração de energia podem usar os eletrolisadores Cummins. Hoje no Brasil são três os modelos ofertados: o HySTAT-100 (0.1-0.5MW), HyLYZER-500 (2.5MW) e o HyLYZER-1000 (5MW).


Na perspectiva da Cummins, o cenário mais econômico é de que o transportador tenha um eletrolisador produzindo seu próprio combustível e o utilize em sua frota de veículos. “A célula de hidrogênio é parte da eletrificação, mas não requer uma tomada, como acontece com o veículo elétrico”, informa o diretor de New Power. Vale acrescentar que por meio de um painel solar ou um conversor eólico é possível gerar a energia para a produção do seu próprio hidrogênio com a nova gama de eletrolisadores da Cummins. Os novos equipamentos de geração de hidrogênio podem ser usados em diversas aplicações, como veicular, indústria petroquímica e fertilizantes.


Recentemente, a Cummins anunciou a compra da Nprox, empresa que fabrica tanques para armazenamento de hidrogênio.  Com isso, a companhia reforça e consolida-se no mercado brasileiro como líder em tecnologia, trazendo mais um pacote completo de solução para o hidrogênio verde: módulos de célula de combustível, eletrolisadores e tanque para armazenamento.

O cenário mais econômico é de que o transportador tenha um eletrolisador (Divulgação)

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