Transporte Moderno – O Grupo Vamos registrou resultados muito positivos no terceiro trimestre do ano, com lucro líquido recorde. O que explica esse desempenho tão favorável?
Gustavo Couto – O Grupo Vamos vem conseguindo manter o ritmo forte de crescimento ao longo dos últimos anos. Observamos uma evolução de trimestre a trimestre. O crescimento é consistente e com novos contratos de locação e uma ampla rede de concessionárias. Isso porque o modelo de negócios é uma plataforma inovadora que integra todas as lojas e concessionárias, ou seja, a razão de crescimento é que trabalhamos para atender as necessidades do cliente em um ecossistema diferenciado. Há muitas oportunidades no mercado brasileiro. Para ser uma ideia, apenas 1% das frotas são terceirizadas no Brasil, enquanto nos mercados mais maduros, como Estados Unidos e alguns países da Europa, varia entre 15% a 20%.
Transporte Moderno – Quais as vantagens da terceirização das frotas?
Gustavo Couto – Costumo dizer que quem faz conta, faz negócios com a gente. A economia promovida pela terceirização da frota chega a 30%. Isso permite uma melhor alocação do capital, trazendo mais eficiência e produtividade para as empresas. Para o pequeno frotista, que não tem acesso a financiamento e não tem poder de barganha na hora de renovar a sua frota, a locação é também muito interessante. Como alugar é bem mais barato, a empresa consegue utilizar uma frota mais nova e eficiente, com menos custos.
Transporte Moderno – A terceirização de frota pode contribuir para melhorar a produtividade dos clientes e com a sustentabilidade das empresas? Como?
Hoje, a frota brasileira de caminhões (autônomos) tem 21 anos de idade média e precisa ser renovada. A circulação desses veículos antigos, e portanto menos eficientes, traz consequências ao meio ambiente. E também no aspecto social, pois um modelo antigo oferece menos segurança e também faz com que o motorista aceite um frete mais baixo. Renda mais baixa, especialmente com os preços elevados do combustível, traz uma série de problemas sociais para o caminhoneiro e sua família. No aspecto financeiro e econômico, as empresas que optam pela locação conseguem um maior lucro e podem investir mais em renovação da frota.
A frota da Vamos é formada por veículos modernos, mais seguros e menos poluentes, o que gera um ganho ambiental e social. É importante destacar que os motores se desenvolveram muito. Com os novos motores Euro 6, partir de janeiro de 2023, teremos uma redução de 40% a 60% das emissões de material particulado em relação aos modelos antigos. É claro que depende da operação e das condições de uso. Os modelos a gás e elétricos apresentam uma redução ainda maior, mas a estrutura e a disponibilidade ainda são desafios a serem vencidos. Muitas empresas já começam a procurar por essas tecnologias, principalmente para distribuição urbana. A Vamos oferece todos os modelos elétricos disponíveis no mercado brasileiro: e-Delivery da Volkswagen, caminhões da JAC e da BYD. Disponibilizamos também caminhões a gás e biogás da Scania, além de modelos híbridos. Os clientes nos procuram para incorporar à frota esses veículos em caráter experimental. Essa mudança vai acontecer, mas não sabemos quando.
Acredito que em um país com dimensões continentais como o Brasil e com realidades regionais diferentes, o caminho é fazer uso de diversas fontes de energia. Portanto, reforço a importância de uma frota mais nova, a combustível fóssil, mas com tecnologias que permitem níveis de emissões reduzidos. É uma energia barata e acessível neste momento.
Transporte Moderno – Como o Grupo Vamos encara as questões ligadas à sustentabilidade? Quais as principais ações neste campo?
Gustavo Couto – A empresa tem em seu DNA o desenvolvimento sustentável. Além do próprio negócio contribuir com a qualidade do ar, promovemos uma série de ações ligadas ao tema. Em 2019, neutralizamos as emissões de gases de efeito estufa dos escopos 1 (liberadas como resultado direto das operações da própria empresa) e 2 (a partir do consumo da empresa de eletricidade, vapor, calor ou refrigeração). Temos também uma oficina móvel 100% elétrica que já está em atividade há dois anos. Outra ação é o programa de carbono zero, para ajudar as empresas a reduzir a emissão de carbono. Adquirimos créditos de resíduos e oferecemos aos clientes para que possam cumprir suas metas ambientais.
No campo social, temos diversas iniciativas. Estamos desenvolvendo um programa voltado para os caminhoneiros autônomos, mas ainda está em fase de formatação. O grupo olha para esses profissionais sempre com muito cuidado, pois eles movem a carga deste país. Nosso objetivo é provocar uma reflexão sobre o papel destes motoristas. Na área da governança, a Vamos tem incorporado práticas importantes. O grupo está buscando a certificação B (emitida para empresas que voluntariamente cumprem normas de mais transparência, responsabilidade e desempenho).
Transporte Moderno – Quais as perspectivas do grupo para este ano? O grupo deve crescer em todas as áreas que atua?
As perspectivas são positivas. Como comentei, temos registrado um crescimento contínuo e mantivemos esse ritmo até em tempos de recessão. O nosso modelo de negócios é aderente a diferentes momentos, seja de economia pujante ou em crise. E momentos crise, podemos revisitar as operações e reduzir ainda mais custos para os clientes. Nosso negócio é pioneiro e ainda há muito espaço no mercado para crescermos. O segmento ainda é pouco explorado. Há 50 anos, em países como Estados Unidos já havia empresas que ofereciam a terceirização de frotas. No Brasil, até alguns anos atrás, não havia alternativas nesse campo. Hoje a Vamos lidera o desenvolvimento deste mercado e busca mostrar os benefícios da locação para as empresas.