As vendas de caminhões apresentaram redução de 10,2% em setembro em relação a agosto, totalizando 11.626 veículos, e a retração abrangeu todas as categorias de veículos, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Marco Saltini, vice-presidente da Anfavea, esclareceu que a redução em setembro ocorreu porque agosto foi um mês muito forte em vendas e no caso específico de caminhões há um intervalo entre a venda e o licenciamento, muitas vezes por causa do implemento ou porque o frotista decide fazer o licenciamento de toda a frota no mesmo momento e isso pode refletir no volume mensal.
“Mas o mercado continua num movimento interessante e mudou de patamar”, disse Saltini. “A média de 11 mil unidades mensais comparada a setembro de 2020 (7.312 unidades), quando o país já estava em uma situação mais estabilizada, é 59% maior, o que mostra que o setor de caminhões continua bastante demandado pelo mercado.”
No acumulado de janeiro a setembro as vendas de caminhões aumentaram 51,8% com 95.289 unidades, ante os 62.788 veículos vendidos nos nove meses de 2020.
Do total vendido até setembro, 48.984 unidades são modelos pesados, 23.521 semipesados, 9.076 leves, 8.135 médios e 5.582 semileves. “Os números deste ano são bastante robustos e, comparados com 2018 e 2019, mostram que o setor vem num ritmo de crescimento após a crise de 2015 e 2016, quando o segmento de veículos pesados foi muito afetado. Se retirar 2020 por causa da pandemia, percebe-se um crescimento do mercado”, comentou Saltini.
Exportações
No mercado externo as vendas de caminhões tiveram redução de 4,4% em setembro com 1.976 veículos exportados em comparação com agosto, que teve 2.068 veículos vendidos ao mercado internacional, segundo a Anfavea.
Mas no acumulado de janeiro a setembro as exportações apresentaram aumento de 91,5%, com 16.659 veículos exportados, ante os 8.700 veículos embarcados nos nove meses de 2020. A maior representatividade foi de modelos pesados, que tiveram expansão de 80,4% sobre agosto, totalizando 8.106 veículos.
Em CKD (veículos desmontados) as montadoras exportaram 4.046 caminhões de janeiro a setembro, 35,4% a mais em que nos nove meses de 2020, quando foram embarcados 2.988 veículos.
Produção
Em setembro a produção de 13.816 caminhões ficou 7,7% abaixo de agosto, que teve 14.963 veículos fabricados, por causa do impacto da falta de componentes, segundo informou Saltini. Mas comparado a setembro de 2020 (9.430 unidades) o crescimento foi de 46,5%.
No acumulado de janeiro a setembro a produção de caminhões totalizou 118.302 veículos, 103,7% a mais que no mesmo período de 2020, quando foram fabricadas 9.430 unidades. “Comparado com 2018 e 2019 o setor de caminhões está num patamar bem diferente, com o melhor acumulado desde 2013”, destacou Saltini.
Do total produzido até setembro 57.738 unidades são de caminhões pesados, 34.126 de semipesados, 19.077 de leves, 5.864 de médios e 1.497 de semileves.
Ranking
No ranking do setor a Volkswagen Caminhões e Ônibus manteve a liderança, com 27.498 caminhões vendidos de janeiro a setembro, 49,6% a mais que no mesmo período do ano passado (18.380), e o segundo lugar ficou com a Mercedes-Benz, que teve 24.956 veículos comercializados no país, 35,3% acima dos nove meses de 2020 (18.449 unidades).
A Volvo ficou em terceiro lugar com 15.644 veículos vendidos até setembro, 48,3% superiores ao mesmo período de 2020 (10.549 caminhões), e a Scania em quarto com 11.771 veículos, 112,2% a mais que em janeiro a setembro de 2020 (5.547 caminhões).
A Iveco, quinta colocada, vendeu 5.983 veículos, 71,5% acima dos nove meses de 2020 (3.489 unidades) e a DAF, que está em sexto lugar, comercializou 4.043 caminhões, 37,9% a mais que no mesmo período de 2020 (2.932 unidades).
Incluindo caminhões e ônibus, o número de emplacamento de modelos elétricos e gás vem aumentando no país, segundo a Anfavea. De 76 veículos licenciados em 2019 (10 a gás e 66 elétricos) o total chegou a 86 unidades em 2020 (45 a gás e 41 elétricos) e saltou para 167 unidades de janeiro a setembro de 2021, sendo 46 modelos a gás e 121 elétricos.
Previsão
Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, comentou que entre as várias crises que o setor automotivo já enfrentou, essa provocada pela pandemia tem trazido alguns transtornos, inclusive para planejar e dar uma dimensão de como o setor poderá fechar o ano.
Para o segmento de veículos pesados a projeção mais conservadora aponta para um volume de 173 mil veículos produzidos (caminhões e ônibus), o que representará um crescimento de 58% sobre 2020, quando foram fabricados 109.341 veículos (90.936 caminhões e 18.405 ônibus). Em um cenário melhor a estimativa é de que o setor encerre o ano com 175 mil veículos produzidos, 60% a mais que no ano anterior.
As vendas de veículos pesados podem crescer 27%, chegando a 132 mil veículos em uma projeção conservadora, ante os 103.609 mil veículos vendidos em 2020 (89.678 caminhões e 13.931 ônibus), ou avançará 33%, chegando a 138 mil veículos.
As exportações aumentarão 45%, chegando a 25,2 mil unidades quando comparado aos 17,4 mil caminhões pesados exportados em 2020 (13.243 caminhões e 4.119 ônibus) ou crescerão 50%, atingindo 26,1 mil unidades.
Segundo Moraes, as montadoras estão fazendo todos os esforços na logística, recorrendo até ao transporte aéreo, para manter a produção em alta no último trimestre do ano para atender à demanda que existe no mercado.