Suzana Soncin, CEO da i9Exp – inoveExperience e uma das participantes do II Fórum Transporte Sustentável: “O momento de agir é agora”

“As empresas que têm sucesso em sua reinvenção na era digital atingem uma lucratividade maior, crescem mais e têm valor de mercado superior”, diz a executiva que acumula mais de 30 anos de experiência no mercado automotivo e logístico

Transporte Moderno – Que temas a senhora destacaria no II Fórum de Transporte Sustentável?

Suzana Soncin – O II Fórum de Transporte Sustentável nos possibilitará conhecer, compartilhar e desenvolver ações em nossos negócios com o objetivo de implementar cada vez mais a transformação digital no setor. Estamos vivendo um momento empresarial sem procedentes – adaptar, sobreviver, e estar preparados para aproveitar as oportunidades que estão surgindo ou ainda vão surgir, enfim, tudo está se ressignificando.  Desta forma, é imprescindível para as empresas, independentemente de seu porte e área de atuação, estarem preparadas para atender os clientes, apoiar a sustentabilidade, investir em novos recursos e também contar com uma boa equipe. Pois, somente assim, será possível gerar novo valor e sobreviver no mercado. É importante mencionar que as empresas que têm sucesso em sua reinvenção na era digital atingem uma lucratividade maior, crescem mais e têm valor de mercado superior.

Transporte Moderno – Quais as principais tendências em tecnologia para o segmento de cargas? E no segmento de passageiros?

Suzana Soncin – É bem verdade que, quando pensamos em inovação é preciso ter uma visão mais ampla – mercado, organizações, pessoas e processos. Tecnologias são o ‘como’, e vêm para habilitar e acelerar essa transformação. Mas elas não são o fim, são o meio para que isso aconteça.

A principal tendência a se destacar nesta reinvenção para o segmento, seja de cargas ou passageiros, é a identificação da maturidade digital do negócio e das pessoas. Ou seja, é preciso ter um ponto de partida para traçar a rota, ter caminhos claros atrelados a expectativa de resultado, possibilitando o acompanhamento da evolução e recálculo da rota quando necessário. O que mais tenho visto em minhas interações com empresas do setor em relação à inovação são diversas ações isoladas, sem o acompanhamento do impacto no todo, gerando assim, uma falsa impressão de que inovação e transformação digital representam um movimento que traz custos sem impacto positivo para o negócio.

No segmento de cargas, o destaque fica para as questões de eficiência operacional, principalmente relacionados à gestão, sucessão, governança e sustentabilidade. Outro fator relevante é estar atento ao ecossistema que seu negócio está inserido. Os ecossistemas estão sendo abertos e integrados, então, a tendência é não haver mais fronteiras entre indústrias e setores, é a integração via plataformas abertas para cada vez mais atender o cliente melhor por meio desta reinvenção digital dos ecossistemas. Segundo o IDC (International Data Corporation), mais de 7 trilhões de USD serão investidos mundialmente até 2023 em transformação digital.

No segmento de passageiros, além dos desafios acima, o foco deve estar na experiência do cliente, em função da conveniência que o cliente final está demandando e da mudança de comportamento do consumidor. Esta é a principal chave para manter seu serviço com um diferencial no valor agregado e fugir de ser apenas mais um na prateleira de “commodities”.

Um estudo da McKinsey chamado Transformações Digitais no Brasil – Insights sobre o nível de maturidade digital das empresas no país avaliou sete setores, que são os principais da nossa economia; e o setor de transporte e infraestrutura ficou classificado na quinta posição, ficando à frente somente dos setores indústrias base e indústrias avançadas. Isto apenas confirma a necessidade de transformação em nosso setor e também nos traz o senso de urgência. O momento de agir é agora!

Transporte Moderno – A digitalização das operações foi bastante impulsionada pelas restrições trazidas pela pandemia. Como a senhora avalia esse processo nas empresas de transporte?

Suzana Soncin – Sim, tivemos um impacto exponencial em relação a digitalização. O ponto de atenção aqui, é que com a velocidade imposta pela pandemia, muitos processos foram digitalizados da forma que estavam, sem uma avaliação e incorporação de inovação, ou seja, maneiras mais eficientes de se fazerem as atividades gerando ganhos reais para operação.

Transporte Moderno – Na primeira edição do evento, foi discutida a gestão de empresas familiares e a sucessão de comando. Em termos de gestão, que temas são os que mais afligem os transportadores? 

Suzana Soncin – O índice relevante de empresas familiares no setor traz um olhar importante em termos de gestão, sucessão e governança para a continuidade dos negócios, sempre sob a ótica da cultura, que é única em cada empresa. Em sua maioria, estamos num momento em que estas organizações estão se movimentando do que chamamos de estágio inicial (família/empresa/propriedade) para o estágio avançado (acionistas/acordo de família/conselho consultivo/family office/relações e conflitos de interesse). Esta movimentação é natural e necessária, pois a empresa cresceu, e a família também. Um ponto que sempre trago quando estou apoiando a empresa neste sentido é a importância de priorizar o processo sucessório o quanto antes, para evitar que o negócio que começou como a realização de um sonho da família se transforme em um pesadelo destrutivo e desagregador. Com a pandemia tivemos várias estruturas de empresas impactadas e muitas não tinham um plano definido para colocar em prática, por vezes, colocando em risco uma bela história de sucesso.

Transporte Moderno – Qual a importância de eventos como o Fórum de Transporte Sustentável para o setor? A senhora acredita que os cases apresentados podem inspirar as empresas?

Suzana Soncin – A meu ver, eventos como o Fórum de Transporte Sustentável geram um grande impacto positivo para o amadurecimento do setor como um todo. A visão do passado era não trocar nenhuma informação, pois todos eram concorrentes. Atualmente, é importante compartilhar as boas práticas, desta forma é possível fortalecer e trazer evolução para o segmento. Claro que o diferencial competitivo, embasado na cultura e no DNA de cada empresa, construído ao longo da trajetória, deve ser preservado. Compartilhar experiências por meio de cases nos possibilita refletir e identificar, de acordo com o porte e área de atuação de cada empresa, como é possível implementar novas iniciativas nos negócios. Afinal nenhuma empresa está 100% pronta, estamos todos na jornada!

Mais informações: II Fórum Transporte Sustentável

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