Márcia Pinna Raspanti
No primeiro trimestre do ano, a JSL registrou o melhor resultado trimestral de sua história, com lucro líquido ajustado de R$ 47,7 milhões, o que corresponde a 408,1% de aumento; Ebitda de R$ 127,8 milhões, com crescimento de 15,7%; e receita líquida total de R$ 868,1 milhões, com 25,1% de aumento, quando comparados aos números dos três primeiros meses do ano passado.
De acordo com de Ramon Peres Garcia de Alcaraz, diretor presidente da companhia, esses resultados positivos são explicados por alguns fatores principais. “A incorporação da Fadel e da Transmoreno, no fim do ano passado, impactou diretamente os resultados deste trimestre. As duas empresas registraram números muito positivos, até acima do esperado, tanto em receita quanto em Ebitda”, informa. Desde 14 de abril, Alcaraz está à frente da JSL, substituindo Fernando Antonio Simões, que passou a presidir o conselho de administração.
Outro aspecto que favoreceu a JSL foi a valorização dos ativos. “Há uma grande demanda por caminhões e máquinas aliada ao fato da produção ter sido interrompida em alguns períodos. Isso fez aumentar o valor destes ativos, em alguns casos de 40% a 60%. E não apenas nos equipamentos novos, mas o mesmo ocorreu com os usados. A alta do dólar também influenciou bastante. É importante dizer que esses fatores são perenes e devem continuar a impactar positivamente os negócios da companhia”, afirma o executivo.
O diretor presidente da JSL destaca ainda que o fato da companhia atuar tanto no modelo com uso de frota terceirizada, com motoristas autônomos, quanto com ativos próprios é uma vantagem em um cenário instável como o atual. “Temos uma gestão muito equilibrada entre os modelos asset light e asset heavy, o que permite que a companhia se beneficie em situações diferentes de mercado”, comenta.
Como parte do plano de crescimento, a companhia anunciou as aquisições da TPC e da Transportadora Rodomeu, operações já aprovadas pelo Cade e que estão em finalização para fechamento. Essas aquisições representam a entrada da JSL em setores como o de saúde e de gases comprimidos, ambos com grande potencial de crescimento e com alto nível de especialização. Segundo a companhia, a incorporação destas empresas traz escala e sinergia nos negócios de gestão de armazéns e transporte rodoviário de cargas de alta complexidade.
“É importante enfatizar que a JSL sempre faz aquisições que fazem sentido na estratégia da companhia, complementando e fortalecendo a atuação em determinados segmentos em que somos menos atuantes. A Fadel, por exemplo, nos fortalece na distribuição urbana, área em que a atuação ainda é tímida”, afirma Alcaraz.
As empresas continuam a atuar em seu segmento, com uma gestão independente. “Porém, se beneficiam da sinergia financeira do grupo, com trocas de dívidas de acordo com o perfil de crédito. Na compra de materiais, como peças e pneus, as empresas também conseguem melhores condições de negociação por fazerem parte de uma grande companhia”, detalha Alcaraz.
Guilherme de Andrade Fonseca Sampaio, CFO da JSL, destaca que a JSL procura estar presente em todos os elos da cadeia logística. “A estratégia é adensar nossa presença em segmentos em que a companhia não tem densidade volumétrica. É o modelo de cadeia end to end ou de ponta a ponta”, diz.
“Estamos em toda a cadeia, em todos os segmentos. Muitas vezes, nos perguntam quando a JSL vai passar a atuar mais fortemente no e-commerce, por exemplo. Mas o e-commerce é a ponta do iceberg, não é apenas last mile, envolve todos os processos anteriores. Já trabalhamos com empresas como Mercado Livre e Americanas.com, mas ainda não somos fortes, até por ser um mercado muito arriscado, com fretes baixos”, complementa Alcaraz.
Segundo Alcaraz, a JSL está atenta a alguns setores da economia, que podem resultar em futuras aquisições. “A cadeia do agronegócio, não apenas no que se refere ao transporte, além dos farmacoquímicos, varejo, telecomunicações, TI e construção civil, em que atuamos no transporte de máquinas pesadas “, observa.
Ao substituir Fernando Simões no comando da JSL, Alcaraz tornou-se também um dos principais acionistas individuais da JSL a partir do momento em que a companhia assinou um memorando para a aquisição de 25% do capital da Fadel Holding por meio de uma incorporação de ações.
No primeiro trimestre, a JSL deu continuidade ao processo de gestão do endividamento, realizando o pré-pagamento de R$ 68,5 milhões, encerrando o trimestre com uma dívida líquida de R$1,6 bilhão, um custo do endividamento líquido que, após impostos, chegou a 4%. “Tivemos uma redução de quase 40% em relação ao quarto trimestre. Fizemos a gestão das dívidas, dando prioridade às mais caras e urgentes”, conta Guilherme de Andrade Fonseca Sampaio.
A companhia fez um investimento em bens de capital (Capex líquido) de R$ 49,4 milhões. “Tivemos uma geração de caixa de R$ 56 milhões. O retorno do capital investido (ROIC) foi de 10,5% e tem melhorado muito trimestre a trimestre. Todas as variáveis do balanço são positivas. Devemos lembrar que o lucro líquido consolidado de R$ 42,1 milhões ainda não inclui a TPC e a Rodomeu”, diz Alcaraz.