Transporte Moderno – Qual a expectativa do Banco Volkswagen para 2021?
Eduardo Portas – O Banco Volkswagen prevê um horizonte melhor a partir do segundo semestre e início de 2022, quando os negócios devem começar a se normalizar. Mas épreciso primeiro que a cadeia de fornecedores se organize, assim como a situação econômica, com a retomada do emprego, porque ninguém compra carro e assume dívidas sem ter segurança.
Transporte Moderno – O Banco Volkswagen está confiante na retomada econômica do país?
Eduardo Portas – A economia vai se recuperar, mas teremos muitos altos e baixos e o ritmo de crescimento será mais lento do que outros países. Ao longo do ano vamos ter muitas oscilações e desafios, devido ao processo lento de vacinação em todo o país.
Transporte Moderno – Quais os principais desafios para Banco Volkswagen neste ano?
Eduardo Portas – Nestemomento de pandemia, o banco está concedendo créditos para as empresas que estão com grande demanda por caminhões e ônibus para fretamento, mas o grande desafio em 2021 é continuar sustentando as vendas das montadoras que terão volume menor de veículos. Tanto caminhões quanto automóveis estão limitados por causa de problemas no fornecimento de componentes. Vamos sofrer com o tamanho do mercado este ano e com a maior limitação das marcas que fazem parte do nosso grupo.
Transporte Moderno – Em 2020, quais foram as estratégias do Banco Volkswagen para enfrentar a pandemia da Covid-19?
Eduardo Portas – Em 2020, após ser surpreendido pela Covid-19 na segunda quinzena de março, o Banco Volkswagen passou a tratar os clientes de forma customizada para tentar manter todos atuantes. Criamos uma política para que eles pudessem postergar as parcelas de abril e maio para o final do contrato. Naquela época não tínhamos visibilidade do tamanho do problema, mas a reação dos clientes que atuam no varejo foi imediata no primeiro momento, porém, depois muitos acabaram desistindo desta proposta. Para as transportadoras e empresas de ônibus fizemos ações customizadas para tentar manter todas vivas e para que pudessem retomar as atividades.
Transporte Moderno – Passado um ano do início da pandemia, as ações colocadas em prática pelo Banco Volkswagen deram resultados?
Eduardo Portas – Sim. Observamos que 90% das empresas conseguiram se recuperar e os 10% restantes, referentes a empresas que não voltaram e nem têm perspectivas de voltar prontamente – atuantes em segmentos muito afetados, como eventos e receptivo de turistas – acabaram devolvendo os veículos.
Transporte Moderno – A pandemia do coronavírus impactou os negócios do Banco Volkswagen?
Eduardo Portas – No ano passado, mesmo com a crise sanitária, o Banco Volkswagen fechou mais contratos do que em 2019. Durante a pandemia, os bancos tradicionais saíram do mercado e o Banco Volkswagen atuou sozinho, o que permitiu aumentar a participação em mais de 40% no financiamento de caminhões e ônibus da marca. De cada 10 caminhões e ônibus vendidos, quatro foram financiados pelo banco. Do total negociado, 70% foram por meio de financiamento e 30% pagos à vista.
Transporte Moderno – Qual modalidade de financiamento teve maior procura em 2020?
Eduardo Portas – Em 2020 houve inversão na modalidade de financiamento, o CDC passou a representar 80% dos contratos por conta da atratividade com a baixa na taxa da Selic e o Finame caiu para 20% por não contar com o subsídio do governo. O Refrota não teve procura por causa da grande burocracia e com o CDC simples, o Banco Volkswagen conseguiu trabalhar com taxa de juros próxima do Refrota, com prazo semelhante e carência similar.