A participação das mulheres no mercado de trabalho cresce de maneira consistente, assim como o número de executivas em cargos de liderança nas empresas Brasil afora. É o que indica uma pesquisa da consultoria Page Executive, divulgada recentemente, que aponta que o total de profissionais do sexo feminino em cargos gerenciais aumentou 20% somente em 2020.
Ainda segundo o levantamento, o resultado é ainda maior quando avaliado o crescimento de mulheres em relação aos homens em posições de chefia: o percentual passou de 30% em 2019 para 37% no ano passado. Já os segmentos do mercado que contam com maior participação feminina em postos de gestão atualmente são: varejista, farmacêutico, cosmético e o de bens de consumo.
Algumas dessas líderes, que inspiram e fazem a diferença no mundo dos negócios, marcaram presença no Especial Mulheres na Logística 2021, webinar em homenagem ao Mês da Mulher organizado pela Intermodal South America, tradicional evento de negócios voltado para os setores logístico, intralogístico, de transporte de cargas e comércio exterior.
Entre os temas centrais do evento estava o debate sobre como potencializar a experiência dos clientes através do last mile – visto que o desafio tornou-se ainda mais concreto com o avanço meteórico do e-commerce -, que contou com a participação da vice-presidente e diretora de produtos da startup Mandaê, Ana Carolina Mantovani; da diretora de transportes da Infracommerce, Glória Porteiro; da diretora de distribuição e logística global da Alpargatas, Jamile Poinho e da diretora da Revista Tecnologística, Shirley Simão.
Logo de início, todas concordaram: o e-commerce é um modelo de negócios que veio para ficar no Brasil. “As pessoas viram como é fácil, rápido, confiável e seguro comprar pela internet e a tendência é que isso continue mesmo após a pandemia. A mesma coisa no âmbito das empresas, que perceberam o quanto este é um mercado rentável e que tem muito a ser explorado”, afirmou Jamile, da Alpargatas.
Ana, da Mandaê, lembrou da importância que a tecnologia tem nesta etapa e do quanto é fundamental para o sucesso destas operações. “A tecnologia visa trazer mais inteligência ao processo, indo além do acompanhamento da carga em tempo real, propiciando também mais previsibilidade de eventuais problemas e antecipando soluções. Além disso, visa alavancar ainda mais o poder de compra do cliente”.
Além da tecnologia, outro ponto relevante levantado pelas palestrantes é a necessidade de estudar modelos alternativos de entrega ao cliente final. “Há diversas opções, como as dark stores, novo conceito que está chegando ao país, que consiste no estabelecimento de lojas fechadas ao público em geral, que atuam como pontos de distribuição e atendimento apenas de produtos comprados pela internet”, disse Glória, da Infracommerce.
Trajetória até a Liderança –
Outro debate abordou como algumas executivas de destaque chegaram até as posições de liderança que ocupam atualmente e os desafios de equilibrar a vida pessoal com as ambições da carreira profissional. Este painel contou com a participação da presidente da Associação Brasileira das Entidades Portuárias e Hidroviárias (ABEPH) e CEO da Companhia Docas do Ceará, Mayhara Chaves; da CEO da Mercosul Line (Grupo CMA CGM), Luiza Bublitz; da CEO da UPS Brasil, Nadir Moreno; da diretora de operações da Pathfind, Eliete de Lima; e da diretora de Gente, Cultura e Transformação Digital da Log-In Logística Intermodal, Andrea Simões.
Um dos pontos ressaltados foram as dificuldades da maternidade, em particular, o sentimento de culpa que existe pela ausência em decorrência da carga horária de trabalho, as inúmeras viagens e experiências em morar em outros estados e no exterior. Mayhara Chaves, da Companhia Docas do Ceará, revelou que, na mudança para Fortaleza, procurou uma casa próxima ao porto para conseguir ficar mais perto da família. No que diz respeito à trajetória profissional, ela pontuou a importância de estar sempre buscando mais aprendizado. “A proximidade entre a casa e o trabalho me permite estar presente para jantar com a minha família e depois ainda esticar a noite estudando”, disse.
Já Luiza Bublitz, da Mercosul Line, ressaltou que as mulheres não devem ter medo de expor suas ideias no ambiente de trabalho e que as oportunidades de atuar no exterior não devem ser deixadas de lado. “Uma experiência internacional proporciona um avanço indiscutível no amadurecimento da carreira, na visão das perspectivas e na habilidade de adaptação”. Outro ponto abordado pelas executivas na conversa foi a necessidade de estabelecer estratégias e políticas efetivas para dar mais espaço à liderança feminina. “Temos que tirar do papel os programas de diversidade, com metas e métricas que sejam transformadas em ações reais”, avaliou Andrea Simões, da Log-In Logística Intermodal.
Gestão Operacional de Sucesso –
Encerrando a programação do encontro especial, o assunto foi como garantir uma gestão operacional eficiente nas cadeias de abastecimento, distribuição e suprimentos – ainda mais em um momento repleto de desafios, como este de pandemia que estamos vivendo -, que contou com a participação da vice-presidente de vendas e serviços do Grupo Kion South America, Adriana Firmo; da diretora de supply chain da BDF Nivea, Fátima Ribeiro; da gerente de negócios da Andreani Logística, Leila Almeida e da diretora de operações logísticas do Mercado Livre, Olga Peter Brandt.
Para Fátima, da Nivea, e Olga, do Mercado Livre, a maior dificuldade das empresas foi a adaptação das operações de ambas as marcas à nova realidade. “Houve uma mudança muito grande no formato de venda e nos produtos comercializados ao longo da pandemia. Por isso, a adaptação da questão estrutural foi o mais importante. Olhar para si e ver como as características do negócio estão se desenhando ao longo do tempo, adequar-se e ainda engajar os profissionais a fazerem o mesmo é fundamental”, pontuou Olga.
A chamada ‘última milha’, ou seja, a entrega final para o cliente, também foi um tema de destaque no debate das executivas. Adriana, do Grupo Kion, revelou alguns dados do mercado global de movimentação de materiais, que apontam para uma expansão cada vez maior deste segmento em especial. “O mercado global de automação e de movimentação de materiais tem uma previsão de crescer 12% nos próximos anos, indo de US$ 43,6 bilhões em 2021 para US$ 76,8 bilhões em 2026. Outro dado que vem para confirmar este bom momento do segmento é o que aponta que o mercado de armazenagem mundial, hoje, está estimado em US$ 352 bilhões. Ou seja, isso não é nem mais uma tendência. Na verdade, é uma realidade”, concluiu.