Anfavea melhora as projeções para veículos pesados

Dos 97 mil veículos que serão vendidos neste ano, 83,5 mil unidades são caminhões e 13,5 mil são ônibus, o que representará queda de 21% sobre 2019, cujas vendas atingiram 122 mil unidades

Sonia Moraes 

A expectativa de melhora no desempenho macroeconômico do país levou a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) a revisar as projeções para a indústria automobilística em 2020. 

No segmento de veículos pesados, a estimativa é que as montadoras terminem o ano com 97 mil veículos comercializados no país – superior aos 75 mil veículos projetados em julho –, diminuindo o índice de queda de 39% para 21% em relação a 2019, quando foram vendidos 122 mil veículos no mercado brasileiro. O setor de caminhões venderá 83.500 veículos, terminando o ano com queda 18%; e o de ônibus comercializará 13.500 veículos, retração de 36%, segundo a Anfavea. 

“A queda do mercado de caminhão será menor porque alguns setores, como o agronegócio, estão renovando as frotas de veículos, além do efeito positivo do e-commerce, que demandou caminhões para entregar as compras on-line. Já a queda do mercado de ônibus será maior, porque no segmento de rodoviários e de urbanos a retração é expressiva e somente o escolar ainda tem um volume importante para ser entregue até o fim do ano”, esclareceu Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea. 

As exportações também devem melhorar um pouco em 2020, diminuindo o percentual de retração de 43% para 32%, com 14 mil veículos pesados embarcados, sendo 70% caminhões e 30% ônibus. Em 2019, as vendas externas de veículos pesados totalizaram 21 mil unidades.

A produção deverá aumentar de 82 mil para 95 mil veículos, reduzindo o percentual de queda de 42% para 33% em comparação a 2019, quando foram fabricados 141 mil veículos pesados. 

Vendas – 

Em setembro, as vendas de caminhões caíram 9,5% em relação a agosto, totalizando 7.312 unidades, e a retração abrangeu todas as categorias de veículos. No acumulado de janeiro a setembro a queda foi de 15,4%, com 62.788 veículos comercializados no país, ante as 74.255 unidades vendidas nos nove meses de 2019. Esse resultado, segundo Marco Saltini, vice-presidente de veículos pesados da Anfavea, mostra que a situação do mercado de caminhões é menos dramática em toda indústria automobilística. “A defasagem é de 15% em relação a 2019 e esperávamos uma queda de 30%”, disse Saltini.

A redução nas vendas em setembro, segundo Saltini, deve-se à dificuldade das montadoras de ajustar o mix de produtos, devido à falta de capacidade para reagir à demanda do mercado. “Agora a indústria está voltando ao ritmo normal depois da pandemia e tentando aumentar a produção para atender a demanda do mercado e aumentar o mix de produtos”, afirmou Saltini. “O maior desafio, neste momento, é conseguir elevar a produção, mantendo o distanciamento das pessoas na linha de para preservar a saúde e evitar o risco de contaminação.” 

Exportação –

No mercado externo, o desempenho das montadoras foi melhor em setembro, com 1.568 caminhões exportados, aumento de 24,4% sobre agosto (1.260). A maior representatividade foi de modelos pesados, que aumentou 59,8% sobre agosto.

No acumulado do ano, as vendas no mercado externo reduziram 10,1%, com 8.844 veículos embarcados, ante os 9.838 exportados nos nove meses de 2019. O que garantiu o crescimento das exportações de caminhões em setembro foram os embarques para a Argentina e um pouco para o México, Colômbia e Peru, segundo Saltini.  Em CKD (veículos desmontados) as montadoras exportaram 4.729 veículos pesados de janeiro a setembro, 8,65% a menos que nos nove meses de 2019.

Produção – 

A produção de caminhões aumentou 28,9% em setembro em relação a agosto, com 9.430 unidades. No acumulado do ano, a redução é de 33,3%. “Esse aumento ocorreu devido à reação das montadoras na tentativa de atender à demanda do mercado”, esclareceu Saltini. 

O presidente da Anfavea comentou que a indústria automobilística está se preparando para a retomada e espera que este número negativo apresentado seja revertido e o setor tenha mais chance do que risco. “A Covid começa a ser vencida, mas continuamos na zona de risco. No entanto, estamos otimistas que o governo vá encontrar uma saída com cautela para que a gente possa vencer a pandemia com menos sequelas”, disse Moraes.  

No acumulado de janeiro a setembro de 2020, a Mercedes-Benz teve 18.449 caminhões vendidos e garantiu a liderança no mercado com uma diferença de 69 veículos sobre a segunda colocada, a Volkswagen Caminhões e Ônibus, que emplacou 18.380 veículos no mercado brasileiro. A Volvo ficou em terceiro lugar, com 10.549 caminhões vendidos, e a Scania em quarto, com a venda de 5.547 veículos.

 

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