Montadoras elevam gradualmente a produção de caminhões

O aumento de 7,3% da produção até agosto foi estimulado pela demanda do mercado interno, principalmente do agronegócio, que demandando caminhões pesados

Esgotado o estoque de veículos que se acumulou durante a pandemia, as montadoras começam gradualmente a elevar a produção de caminhões. De 5.634 veículos fabricados em junho o total aumentou para 6.820 unidades em julho e atingiu 7.316 unidades em agosto.

“O incremento de 7,3% na produção em agosto foi estimulado pela demanda do mercado interno”, afirmou Marco Saltini, vice-presidente de veículos pesados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). E o maior volume veio do segmento de pesados, que teve um aumento de 5,8% na produção, com 2.792 veículos.

Neste período de retomada as montadoras estão com 60% de ociosidade nas fábricas de caminhões e, como toda a cadeia de fornecedores também foi afetada pela pandemia de Covid-19, o maior desafio é ajustar o mix de produtos para conseguir ter veículos a pronta entrega.

“As montadoras têm trabalhado para vencer as barreiras impostas pelo distanciamento entre os empregados e estão tentando calibrar a fábrica para conseguir produzir de maneira que não coloque em risco os funcionários. Mas em relação a agosto de 2019 (10.732 veículos) temos uma queda de 31,8% na produção, que segue no ritmo que imaginávamos devido à pandemia e no acumulado de janeiro a agosto a retração é de 36,6% na comparação com o mesmo período de 2019, com 48.874 caminhões produzidos”, disse Saltini.

Vendas – A comercialização de 8.076 veículos em agosto, embora represente uma queda de 15,3% em relação a julho (9.540 unidades), já era esperada, segundo Satini, e se deve à influência de represamento do emplacamento de veículos que ocorreu durante abril e maio, meses mais críticos da pandemia. “Este número está próximo da realidade e é surpreendentemente positivo, desde que avaliamos o mercado no início da crise”, observou Saltini.

Com a paralisação das atividades a partir da segunda quinzena de março até o início de maio para enfrentar a crise do coronavírus, o mercado de caminhões, que vinha em ritmo forte de crescimento, registrou de janeiro a agosto queda de 14,9%, com 55.476 veículos vendidos no país, ante as 65.157 unidades comercializadas no mesmo período de 2019. “O setor de caminhões nos surpreendeu, continuou ativo durante a pandemia, e as vendas mensais atingiram ao redor de 9.000 veículos, acima do que esperávamos”, observa Saltini.

Se até o fim do ano as vendas se mantiverem no patamar de 8.000 veículos por mês, o setor fechará 2020 com aproximadamente 87.476 caminhões emplacados no país. Esse resultado, embora represente uma queda de 13,7% sobre os 101.335 veículos vendidos em 2019, é superior aos 65 mil caminhões que as montadoras esperam vender neste ano, confirmando o viés de alta esperado pela Anfavea.  

“De toda indústria automobilística, o setor de caminhões é o que vem se saindo melhor dessa pandemia. Por isso, acreditamos que o crescimento seja maior que o projetado em junho”, afirma Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea.  

Os modelos pesados, mesmo com a queda de 26,6% tiveram maior representatividade nas vendas de agosto, de 47%, com 3.846 veículos emplacados, ante as 5.237 unidades registradas em julho. Os semipesados ficaram estáveis, com 2.147 unidades, 1% a menos que no mês anterior (2.169) e os médios tiveram queda de 5%, de 887 para 843 unidades.

No segmento de leves o aumento foi de 6% em agosto no comparativo a julho, com 797 unidades e os semileves somou 443 unidades, 10,5% a menos que no mês anterior (495 unidades), segundo a Anfavea.  

Exportações – Nas exportações o resultado foi positivo em agosto, com 1.260 caminhões vendidos ao exterior, o que representou um crescimento de 3,5% sobre julho. “O avanço nos embarques é referente aos contratos fechados antes da pandemia e está de acordo com o que se esperava”, comentou Saltini.

Com esse resultado, o vice-presidente da Anfavea prevê que o resultado das exportações seja menos drástico do que se previa.  “No acumulado até agosto a queda é menor do que imaginávamos no início do ano, que era de 22% com 16 mil veículos pesados, e depois da pandemia revisamos para 12 mil unidades. Até agora está em sete mil unidades e se anualizar chegaremos a 11 mil veículos”, calculou Santini.

Vários mercados estão comprando caminhões brasileiros, segundo Saltini. “Até julho tivemos crescimento nas exportações para a Argentina, Chile Peru, África do Sul, porque estes países estão reorganizando os estoques que diminuíram durante a pandemia.”

Para o México, por causa do acordo automotivo que limita a entrada de veículos com até oito toneladas, a exportação maior tem sido de caminhões leves e para o Peru, de modelos pesados.

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