A indústria de caminhões vendeu 9.540 veículos em julho, 6,5% a mais que em junho e 6,7% superiores a julho de 2019. Mas nos sete meses do ano os 47.400 veículos comercializados no país ficaram 14,9% abaixo das 55.724 unidades vendidas de janeiro a julho de 2019.
Embora o resultado de julho tenha sido positivo, não é um momento para se comemorar porque o setor ainda não recuperou as perdas, segundo Gustavo Bonini, vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). “Além do bom desempenho do agronegócio e dos setores de serviços essenciais, como o transporte de alimentos, bebidas, medicamentos, produtos hospitalares e combustíveis, o que impulsionou o mercado de caminhões em julho foi a conclusão das vendas dos meses de abril e maio que ficaram represadas durante pandemia do coronavírus porque as fábricas tiveram que suspender as atividades e renegociar entregas com os seus clientes”, esclareceu Bonini.
Por conta da movimentação desses setores, o mercado de caminhões – o menos afetado pela crise sanitária – poderá ter um viés de alta até fim do ano, mas a Anfavea ainda não consegue precisar o quanto será o crescimento devido às incertezas que ainda há no país. “O mercado de caminhão depende da reação da economia para continuar crescendo e, por enquanto, a expectativa é de queda do PIB, numa variação entre 4% a 10%. Por isso, estamos mantendo a previsão de vender 65 mil veículos este ano no país”, disse Bonini.
O vice-presidente da Anfavea afirmou que a expectativa é que agronegócio continue pujante este ano, mas ele sozinho não sustenta o setor. “O índice de desemprego está aumentando e isso diminui o consumo e consequentemente a movimentação do transporte”, observou Bonini.
Ele afirmou que o segmento de caminhões leves, médios e semipesados mantiveram em julho o mesmo patamar de vendas de junho, e somente o dos pesados cresceu. “Isso mostra que o avanço do e-commerce é um reflexo da mudança na forma de consumo das pessoas e não um aquecimento do mercado, pois o fato de não ir ao shopping e preferir que o produto seja entregue em casa não faz a economia girar”, assinalou o vice-presidente da Anfavea.
Em julho as montadoras venderam 752 caminhões leves, 8,2% a menos que junho (819), 887 médios, 0,3% inferior a junho (890), 2.169 semipesados, 3,1% a mais que junho (2.103), e 5.237 pesados, 13,4% a mais que junho (4.617 unidades).
Nos setes meses do ano a venda de leves somou 4.629 unidades, 27,7% abaixo do mesmo período de 2019 (6.405). A quantidade de médios foi de 4.408 unidades, 21,2% menos que no mesmo intervalo do ano passado (5.592), a de semipesados atingiu 11.574 unidades, 4,5% menos quando comparado ao mesmo período do ano passado (12.125) e a de pesados totalizou 24.258 unidades, 15,1% abaixo dos sete meses de 2019 (28.570).
Exportações – Nas exportações o resultado de julho ficou 1,1% negativo em comparação a junho, com 1.217 caminhões e 19,2% abaixo nos sete meses do ano ao totalizar 6.059 veículos, ante 7.501 unidades vendidas no exterior de janeiro a julho de 2019.
Bonini esclareceu que a movimentação nas exportações de caminhões em julho é referente aos embarques que ficaram represados em abril e maio. “Houve uma renegociação com os clientes e os lotes que seriam exportados nos meses mais críticos da pandemia foram concluídos no mês passado.” Os principais destinos dos caminhões brasileiros são a Argentina e o Chile, seguidos do Peru, Colômbia e Uruguai.
Em CDC (veículos desmontados) as montadoras exportaram 2.219 caminhões de janeiro a julho de 2020, redução de 3,4% em comparação com o mesmo período de 2019, cujo volume totalizou 2.298 unidades.
Produção – Com a conclusão das entregas de caminhões no mercado interno e no exterior, a produção em julho teve um aumento de 22,3% em julho relação a junho, com 6.820 unidades. Mas nos sete meses do ano o resultado de vendas ficou negativo em 37,3%, com 10.918 veículos, ante os 66.314 veículos que foram fabricados de janeiro a julho de 2019. Segundo Bonini, este é o reflexo da pandemia e, somente em agosto, será possível saber como se comportará o setor. “Se olhar os números de junho e julho, podemos dizer que o pior ficou em abril, mas ainda há incertezas porque a pandemia não recuou”, disse Bonini.
Ranking – No ranking de vendas do mercado de caminhões a liderança foi mantida pela Mercedes-Benz que vendeu 14.975 veículos no acumulado de janeiro a julho, 11% a menos que no mesmo período de 2019 (16.828). A Volkswagen Caminhões e Ônibus, segundo colocada, teve 13.497 veículos vendidos no mercado brasileiro, 3,8% a menos que nos sete meses de 2019 (14.033 unidades).
A Volvo, que ocupa o terceiro lugar, vendeu 8.312 caminhões até julho, 2,2% a menos que no mesmo período de 2019 (8.501), e a Scania, quarta colocada, comercializou 4.462 caminhões, 36,2% abaixo dos 6.989 veículos vendidos nos sete meses de 2019.
A Iveco, que está em quinto lugar, teve 2.339 caminhões vendidos no país de janeiro a julho, 15,1% a mais que no mesmo período de 2019 (2.033) e a DAF, sexta colocada, registrou a venda de 2.195 veículos, 28,7% a mais que nos sete meses de 2019 (1.705 unidades), segundo a Anfavea.