Vendas de caminhões chegarão a 65 mil unidades este ano

Com este resultado, o setor volta à 2017 e tem queda de 36% sobre 2019, quando foram vendidos 101.335 veículos no país

Diante de um cenário econômico bastante abalado pela pandemia do coronavírus, o mercado de caminhões, que vinha num ritmo forte de crescimento, deverá fechar o ano com 65 mil veículos vendidos no país. Com este resultado, o setor volta a 2017, que teve vendas de 51.943 unidades, e tem queda de 36% sobre 2019, quando foram comercializados 101.335 veículos no país. Esta é a projeção feita pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

A Anfavea revisou sua estimativa de vendas, projetada em 120 mil caminhões neste ano, ao levar em conta a fragilidade econômica do país, com perspectiva de queda do Produto Interno Bruto (PIB) entre 7% e 7,5%, baixa na confiança do consumidor e dos empresários e outros fatores que sinalizam aumento do risco-país. “Isso é uma recessão enorme e nos preocupa bastante, pois indica o que vamos enfrentar no segundo semestre”, afirma Luiz Carlos Moraes, presidente da entidade.

Moraes prevê que junho será um mês difícil para a indústria automobilística e o segundo trimestre dramático. “Isso preocupa porque temos negociação com os trabalhadores, num esforço para garantir o emprego. Mas no terceiro trimestre o patamar será melhor e no quarto melhor ainda”, espera.

O mercado de caminhões, que estava bastante aquecido no ano passado, teve uma redução nas vendas mensais, passando de um patamar de 9.128 veículos emplacados em maio de 2019 para 4.819 unidades no mesmo mês deste ano, acumulando nos cinco meses queda de 26,1% com 28.906 veículos comercializados, ante 39.094 unidades registradas de janeiro a maio de 2019.

“O que manteve o volume de maio foi o agronegócio, mineração, celulose, além da demanda de compras online e por veículos para uso em atividades essenciais como o transporte de alimentos, bebidas, combustíveis e remédios”, afirma Gustavo Bonini, vice-presidente da Anfavea.

Do total de caminhões vendidos de janeiro a maio, 14.404 unidades foram de modelos pesados, 27,8% a menos que no mesmo período de 2019, e 7.302 unidades de semipesados, que teve redução de 12,4%. Os médios somaram 2.632 unidades, 32,1% a menos; os leves tiveram 3.058 veículos, baixa de 33,9%, e os semileves atingiram 1.511 unidades, redução de 34,2%.

Para as exportações o presidente da Anfavea também prevê um ano ruim em todos os segmentos da indústria automobilística, da mesma forma como ocorreu no ano passado. “Será um ano difícil como já havíamos sinalizado”, diz Moraes.

Em maio as exportações de caminhões caíram 51,9% em comparação ao mesmo mês de 2019. De 1.323 unidades o volume reduziu para 636 veículos. No acumulado do ano a retração chegou a 27%, com 3.612 veículos vendidos no exterior, ante 4.946 unidades registradas nos cinco meses do ano passado.

Em CKD (veículos desmontados), as exportações de caminhões aumentaram 6,59% de janeiro a maio em comparação ao mesmo período de 2019. De 1.255 unidades, os embarques subiram para 1.338 unidades, segundo a Anfavea.

Somando todos os setores (automóveis, caminhões e ônibus) as vendas externas de maio, de 3.870 veículos, representaram o pior resultado mensal desde 1978, com queda de 90,8%, em comparação a maio de 2019, quando os embarques totalizaram 42.126 unidades, mesmo com todas as dificuldades enfrentadas pelas montadoras.

No acumulado de janeiro a maio o resultado das exportações foi pior desde 2002, com 100.080 veículos, 44,9% inferior aos cinco meses de 2019, quando foram embarcados 181.593 veículos, segundo a Anfavea. “É uma situação bastante complexa e complica ainda mais a produção no Brasil”, diz Moraes, enfatizando que a expectativa era de exportar 381 mil veículos neste ano.

A razão da queda nas exportações, segundo Moraes, deve-se à pandemia que afetou a Argentina, o Chile, o Peru e a Colômbia. “Esses países também estão enfrentando a crise e isso impactou os negócios do Brasil”, afirma o presidente da Anfavea. Em valores as exportações do setor automotivo, incluindo veículos e máquinas agrícolas, chegaram a atingir anualmente US$ 10 bilhões e nos cinco meses deste ano chegou a US$ 2,49 bilhões, um patamar muito baixo, com queda de 40,5% em relação ao mesmo período de 2019, quando atingiu US$ 4,18 bilhões.

A produção de caminhões também foi bastante impactada pela pandemia com a interrupção das atividades na segunda quinzena de março até o início de maio e isso resultou em queda de 35,8% nos cinco meses do ano comparado ao mesmo período de 2019. De 45.403 unidades a quantidade de veículos fabricados caiu para 29.163 unidades.

Apesar das montadoras terem retomado as atividades em maio, o ritmo de trabalho ainda continua lento por causa das ações na área da saúde para garantir o máximo de segurança aos trabalhadores. E a jornada está sendo cumprida em um turno. “O fato de terem voltado em datas diferentes impactou na produção de maio”, diz Bonini.

A Anfavea não revisou suas projeções para produção e exportação por considerar que as negociações externas estão impactadas pela pandemia e a produção ainda segue devagar.

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