A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgou que, em abril, foram produzidos apenas 1.847 veículos no Brasil, entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, o que representa recuo de 99% sobre o mês anterior e de 99,4% sobre abril do ano passado. O resultado é o pior desde que a entidade começou a contabilizar os números do setor, em 1957.
A produção de ônibus apresentou queda de 85,8% no mês passado, comparado ao mesmo mês do ano anterior. Além disso, no quadrimestre, a retração foi de 28,5%, em relação aos primeiros quatro meses de 2019. O licenciamento de ônibus também foi afetado: no acumulado do ano, a queda foi de 37,7%, enquanto em abril foram 81,3% de unidades licenciadas a menos.
O segmento de caminhões recuou 53,5% em abril, e o de máquinas caiu 23,9%. “Assim como o mercado automobilístico, a produção de caminhões e ônibus recuou significativamente”, afirmou Gustavo Bonini, vice-presidente da Anfavea.
Bonini comentou que a produção de caminhões tem uma dinâmica um pouco diferente dos demais segmentos. “Algumas fábricas retomaram parte das atividades em abril para atender os setores ligados ao agronegócio e a renovação de frota já prevista por algumas empresas. Mas não significa uma sinalização de retomada do ritmo”, destacou.
Para o executivo, neste momento, qualquer tentativa de previsão sobre o mercado de pesados (e sobre o mercado em geral) seria “pura especulação”. Em abril, oitos das 63 fábricas do setor automotivo retomaram a produção, e 30 mil trabalhadores voltaram ao trabalho, enquanto 90 mil permanecem parados.
As exportações de veículos despencaram 79,3% para autoveículos (pior volume desde janeiro de 1997) e 62,1% para máquinas, na comparação com o mesmo mês do ano passado. Na avaliação da entidade, o único indicador positivo é o nível de empregos diretos na indústria, que se mantém em um patamar acima dos 125 mil na soma das 26 associadas da Anfavea.
Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, afirmou que a crise em decorrência da pandemia do Covid-19 é “sem precedentes” e que o setor espera medidas de apoio do governo federal. Moraes destacou, contudo, que as montadoras não estão solicitando dinheiro público. “Estamos desenhando uma proposta com esquema de garantias em que a gente usa a liquidez do sistema bancário brasileiro, o dinheiro que já está no sistema. O conceito de garantias que propomos é de forma que se utilize a liquidez do sistema, as nossas garantias com ativos que nós temos e o BNDES dá garantia para o sistema bancário”, explicou.