Enquanto direciona sua atenção a desenvolver soluções tecnológicas para o transporte sustentável, o grupo espanhol se empenha em expandir sua presença no mercado latino-americano
O Grupo Irizar, que tem 131 anos de existência, está determinado a desenvolver novas soluções e serviços para assegurar um futuro de transporte mais sustentável. Sua capacidade de inovação tecnológica foi demonstrada recentemente, na feira internacional Busworld, com a apresentação de seis ônibus de última geração: dois modelos integrais (Irizar i8 e Irizar i6S), dois ônibus híbridos (o novo Irizar i4 e Irizar i3) e dois ônibus elétricos (incluindo um VLT). Todos os veículos contam com inovações em acessibilidade, segurança, tecnologia e sustentabilidade, segundo a fabricante espanhola.
Para o Grupo Irizar a apresentação de soluções integrais de eletromobilidade para cidades é especialmente importante em um momento de constante crescimento do transporte público de emissões zero em todo o mundo e faz parte de sua estratégia para garantir sua expansão no mercado do transporte do futuro. Hoje a Irizar é um grupo com atividades em seis áreas diferentes de negócios, tem operações comerciais em cinco continentes, 13 fábricas e mais de 3.300 funcionários, além de centro de pesquisa e desenvolvimento e redes de comercialização em todo o mundo.
Em termos regionais, o mercado latino-americano passa a ganhar mais importância na sua estratégia de expansão.
“Podemos crescer muito no mercado latino- americano. Tivemos crescimento no mercado rodoviário nos últimos quatro anos. Em nível de perspectivas, independentemente da situação política, estamos muito contentes com esse mercado.
A América Latina, incluindo México, representa metade das vendas do grupo. No ano passado, o Grupo Irizar obteve faturamento de 750 milhões de euros e vendeu 3.400 ônibus rodoviários premium”, declarou Rafael Sterling, o novo diretor geral mundial da Irizar, em sua recente visita ao Brasil no começo do ano para participar – pela primeira vez no seu novo cargo – de uma assembleia geral com todos os trabalhadores no Brasil para avaliar os resultados do ano anterior e definir os objetivos para o próximo ano.
Quanto à estratégia para a América Latina, o diretor geral do Grupo Irizar comentou: “Iniciamos há alguns anos a adequação dos nossos produtos rodoviários para nos situarmos como a marca premium, no segmento premium da América Latina, e todos os anos tentamos ver novas adaptações para nossos produtos, para melhorar a produtividade dos nossos clientes. Este ano teremos uma “reflexão” em nível global e veremos quais as implicações para o Brasil.”
Em relação ao Brasil, Sterling adiantou que, por enquanto, a empresa não vai introduzir novos produtos. “O problema de todos os mercados é definir quem é premium e quem não é premium. Que valor incorporamos ou não”, acrescentou.
Gotzon Gómez, diretor de exportação do Grupo Irizar (e ex-diretor geral da Irizar Barsil), que também participou da assembleia no Brasil, afirmou: “Nós adoraríamos vender mais no Brasil, mas estrategicamente como o Rafael explicou, nós somos um fabricante de um produto premium. Não podemos esquecer que para os grandes operadores, os grandes grupos, o preço final é o principal valor para eles. Vamos ver se, mantendo esse produto premium, há segmentos do mercado brasileiro interessados em adquirir esse produto e pagar o preço. Mas, a situação é, como já explicamos, que não vamos desenvolver no Brasil um produto específico, como sempre foi referido no Brasil, como o escolar ou o fretamento, que são produtos com muito volume, mas que tem pouca qualidade.”
“O segmento premium é adequado para o turismo em alguns casos, para linhas de alto padrão. Por enquanto, nós vendemos pouco no Brasil, a maior parte vai para exportação. O motivo é que, em vários países latino-americano, há mercado para esse tipo de produto, incluindo Peru, Chile e Argentina. Aqui no Brasil conhecemos todos os grandes grupos, mas a realidade do mercado de hoje faz com que o preço seja o principal fator de compra para esses grandes”, explicou.
Gómez Para reforçar a estratégia adotada, o diretor geral Sterling observou: “Podemos crescer muito no mercado latinoamericano.
Tivemos crescimento nos últimos quatro anos no mercado rodoviário.
Em nível de perspectivas, independentemente da situação política, estamos muito contentes com esses mercados. A América Latina, incluindo México, representa metade das vendas do grupo. No ano passado, o grupo teve faturamento de 750 milhões de euros e vendeu 3,4 mil veículos do segmento do rodoviário premium.”
Sobre o futuro do transporte, Sterling afirmou: “A tendência mundial é encontrar soluções sustentáveis, e dentro disso se insere a produção de modelos híbridos, elétricos. Nós já temos híbridos circulando pela Europa há anos, mas na América do Sul ainda não.”
E o diretor Gómez acrescentou: “Já temos 180 elétricos puros urbanos em circulação, sendo que o primeiro foi lançado há seis anos. Enxergamos que muitos países buscam soluções sustentáveis, e que a mobilidade sustentável será elétrica pura, isso é um fato. A partir daí, vai haver outras soluções, dependendo do país. Aí, entrarão o biogás, os híbridos, e até há pesquisas sobre a utilização de hidrogênio, para longa distância. O problema do hidrogênio é a infraestrutura, além do custo do veículo.”
Sobre a possibilidade da introdução desses veículos sustentáveis no Brasil, o diretor geral Sterling disse: “Por enquanto não temos interesse em trazer os modelos elétricos ao Brasil porque estamos consolidando os modelos elétricos na Europa. Mas potencialmente sim. Algum dia traremos essas soluções sustentáveis para a América Latina. Essas soluções de veículos elétricos se espalharão por todo o mundo e o Brasil também precisará de veículos elétricos. O que será favorável é que a nossa tecnologia já estará em um estado de maturidade.
Na sua mais recente inovação tecnológica, o Grupo Irizar apresentou na cidade espanhola de Málaga, em janeiro, seu primeiro ônibus autônomo, o Irizar e bus. O veículo é 100% elétrico, com zero emissões e modo dual de condução (modo manual e modo automático. Possui 12 metros de comprimento e transporta 60 passageiros. O modelo está em processo de testes, sem passageiros. Entre maio e junho começará a operar com passageiros na cidade.