Dos 19 mil veículos emplacados até novembro deste ano, o maior volume de urbanos foi impulsionado pela renovação de frotas das cidades brasileiras e a Anfavea projeta um total de 21 mil ônibus licenciados até o fim de 2019
O mercado de ônibus caminha para encerrar 2019 com saldo positivo, confirmando as expectativas feitas pelas montadoras de que este ano seria marcado pela recuperação do setor. No acumulado de janeiro a novembro foram vendidos 19.009 chassis, 39,6% a mais que no mesmo período de 2018, quando foram comercializados 13.616 veículos no mercado brasileiro, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
“Com os 19 mil ônibus vendidos até novembro, que são 39,6% superiores às vendas realizadas no mesmo período de 2018, e a expectativa de vender cerca de dois mil veículos em dezembro o setor terminará o ano muito bem”, afirma Gustavo Bonini, vice-presidente da Anfavea. Se este número se confirmar, o setor encerra o ano com 21 mil ônibus emplacados, o que representará um crescimento de 40% sobre os 15.081 ônibus vendidos em 2018.
Bonini comenta que, além da renovação da frota de ônibus dos municípios brasileiros ter impulsionado a venda de modelos urbanos, o setor também teve uma movimentação importante de compra de ônibus intermunicipais, rodoviários e escolares ao longo de 2019. “Depois de superar os piores períodos de crise, o mercado de ônibus se encontra agora num patamar aceitável, mas ainda aquém da capacidade instalada”, analisa o vice-presidente da Anfavea. “Para 2020, as expectativas são boas para o setor, mas ainda mantemos um otimismo moderado”, diz Bonini.
Do total de ônibus vendido nos 11 meses do ano, 9.953 chassis são Mercedes-Benz, volume 44% superior aos 6.911 veículos comercializados no mesmo período de 2018. Com este número de vendas, a empresa manteve a liderança no setor.
A Volkswagen Caminhões e Ônibus, segunda colocada no mercado, vendeu 5.087 ônibus no acumulado de janeiro a novembro, crescimento de 74% sobre os 2.924 veículos vendidos nos 11 meses de 2018. A Agrale, terceira colocada, registrou a venda de 2.085 veículos, 28,6% a mais que no mesmo período do ano passado (1.621).
A Scania, que ocupa o quarto lugar no ranking, aumentou em 23,1% as suas vendas no acumulado de janeiro a novembro, com 821 ônibus, ante 667 veículos vendidos nos 11 meses de 2018. A Volvo, quinta colocada no segmento, teve um crescimento de 88,8% nas suas vendas até novembro, de 367 para 693 unidades, e a Iveco registrou uma retração de 76,1%, de 980 para 234 veículos.
EXPORTAÇÃO – No mercado externo as montadoras de ônibus não tiveram bom desempenho devido, principalmente, à crise econômica da Argentina, que é o maior mercado para a exportação de ônibus brasileiros, e registraram no acumulado de janeiro a novembro queda de 22,7% nos embarques, totalizando 6.361 veículos.
Nos 11 meses de 2018, a exportações atingiram 8.227 unidades.
Do total de ônibus exportados até novembro, os modelos urbanos tiveram uma retração de 27,6% para 4.003 veículos, ante 5.527 chassis vendidos no exterior nos 11 meses de 2018. Os embarques de ônibus rodoviários caíram 12,7%, de 2.700 para 2.358 no mesmo comparativo.
Em CKD (ônibus desmontados) as exportações de ônibus totalizaram 2.140 unidades, 30,55% inferior aos 3.082 veículos exportados de janeiro a novembro de 2018.
Mesmo com a movimentação de vendas para outros países da América do Sul e outros mercados, não foi possível reverter o resultado negativo esperado para 2019.
“Quando se tem uma queda significativa para a Argentina, é difícil que os outros mercados consigam compensar isso”, afirma Bonini.
A estimativa da Anfavea é que as exportações de veículos pesados (incluindo ônibus e caminhões) tenham uma queda de 40,7% em 2019, com o embarque de 20 mil veículos, ante os 33,7 mil veículos que foram exportados em 2018.
Para 2020, Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, teme uma queda ainda maior nas exportações devido aos conflitos no Chile, Colômbia e Peru, que são mercados importantes para compensar a retração nas vendas para a Argentina. “É uma preocupação, pois quando há distúrbios dessa magnitude, isso inibe o consumo e afeta o PIB do país e, consequentemente, as nossas exportações”, comenta Moraes.
PRODUÇÃO – Ao longo de 2019 a queda nas exportações não causou grande impacto no mercado de ônibus com a retração de 3,5% registrada no período de janeiro a novembro. De 27.430 chassis produzidos nos 11 meses de 2018, o volume caiu para 26.479 unidades neste ano.
Do total de ônibus produzido até novembro, 21.385 unidades são de modelos urbanos, 0,8% menor que o mesmo período de 2018 (21.552 unidades).
Da linha de rodoviários saíram 5.094 veículos até novembro, 13,3% a menos que no mesmo período de 2018, quando foram produzidos 5.878 veículos. Esta queda já era esperada pelas montadoras, devido à antecipação de compras destes modelos feita pelos empresários.
Para 2020, a Anfavea projeta uma produção de 145 mil veículos pesados (incluindo ônibus e caminhões), o que representará um crescimento de 8,2% sobre os 134,1 mil veículos pesados fabricados em 2018.
As vendas devem totalizar 123 mil veículos pesados (ônibus e caminhões), uma expansão de 35,1% sobre os 91,1 mil veículos comercializados em 2018.
FABUS – O mercado de carrocerias de ônibus deve terminar 2019 com o melhor resultado, depois da intensa crise enfrentada pelo país. Até novembro as encarroçadoras contabilizam um aumento de 9,91% na produção, com 20.613 veículos, ante as 18.754 unidades fabricadas no mesmo período de 2018, segundo dados divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus (Fabus).
Com 11.837 carrocerias, os modelos urbanos representaram 57,4% do total de ônibus produzidos de janeiro a novembro de 2019 e um aumento de 41,8% sobre os 8.947 veículos fabricados nos 11 meses de 2018.
Os rodoviários tiveram uma redução de 1,8% na produção até novembro, com 4.423 unidades, ante os 4.505 veículos fabricados de janeiro a novembro de 2018, e representou 21,46% do total.
O volume de micro-ônibus caiu 18,7%, com 3.525 veículos, ante 4.338 unidades produzidas de janeiro a novembro de 2018, e representou 17,1% do total. Os modelos intermunicipais tiveram uma baixa de 14,1% na produção no comparativo de janeiro a novembro de 2018. De 964 veículos, a quantidade recuou para 828 unidades e a fatia foi de 4,02%.
A Marcopolo liderou a produção de carrocerias de janeiro a novembro, com 8.229 veículos – 5.106 unidades na fábrica de Caxias do Sul (RS) e 3.123 unidades na fábrica de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro (a Marcopolo Rio). Este volume representou uma retração de 5,11% em comparação aos 11 meses de 2018, quando foram fabricados 8.673 veículos.
A Caio Induscar, segunda colocada no mercado, elevou a sua produção em 50,2% de janeiro a novembro, com 7.175 ônibus. No mesmo período de 2018 fabricou 4.775 veículos.
A Mascarello, terceira no ranking do setor, produziu 1.827 carrocerias até novembro, quantidade 6,12% menor que nos 11 meses de 2018, cujo volume atingiu 1.947 veículos.
Na sequência estão posicionadas a Neobus, que fabricou 1.717 ônibus de janeiro a novembro, 4,1% menos que os 1.792 veículos fabricados nos 11 meses de 2018; a Comil, que fez 1.128 carrocerias, 9,5% a mais que nos 11 meses de 2018 (1.031) e a Irizar, que montou 537 ônibus, 0,3% acima do volume de 2018 (536 unidades).
Nas exportações as encarroçadoras não registraram um bom desempenho. Segundo a Fabus, de janeiro a novembro o movimento diminuiu 23,2%, com o embarque de 3.928 veículos. No mesmo período de 2018 as empresas exportaram 5.117 ônibus.
A Marcopolo diminuiu as exportações da fábrica de Caxias do Sul, de 2.123 ônibus para 1.908 unidades e reduziu as da fábrica de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, de 495 para 119 unidades no comparativo de janeiro a novembro de 2019 ao mesmo período de 2018.
A Caio Induscar encolheu suas vendas externas de 953 para 652 ônibus. A Irizar reduziu de 514 para 513 unidades; a Mascarello diminuiu os seus embarques de 385 para 384 veículos; a Comil baixou de 367 para 269 unidades; e a Neobus passou de 280 para 83 unidades, segundo a Fabus