Com mais de três mil pedidos, a empresa utiliza dois turnos na fábrica de São Bernardo do Campo, São Paulo, que foi transformada em indústria 4.0
A Scania está acelerando a produção da nova geração de caminhões. Com mais de três mil pedidos acumulados desde o último trimestre do ano passado – a maioria de clientes do setor agrícola –, a empresa está utilizando dois turnos na sua fábrica de São Bernardo do Campo (SP).
Antes de incluir os novos caminhões no seu portfólio de produtos, a Scania transformou a sua fábrica em uma indústria 4.0, com linha de montagem totalmente automatizada e os processos controlados por 75 robôs. A linha de cabine foi pensada para ser mais eficiente, além de se enquadrar em todos os requisitos técnicos. Por isso, o processo de solda passou a ser feito a laser, a fim de evitar imperfeições, dispensando o uso de cola, que era comum para unir os componentes. “Com relação à robustez e segurança, o laser é infinitamente superior à massa de vedação”, afirma Ricardo Cruz, gerente responsável pela fábrica de solda de cabines.
Neste conceito moderno de soldagem, a Scania investiu 75 milhões de euros (R$ 340 milhões), montante que faz parte dos R$ 2,6 bilhões que a empresa vem aplicando no Brasil desde 2016. Para colocar em operação este novo processo, a Scania treinou uma equipe de mais de 100 pessoas na Europa, para saber detectar as falhas. Os profissionais da Suécia, Noruega e França também vieram ao Brasil trazer seus conhecimentos sobre os produtos.
“Os funcionários que atuavam na linha de solda não foram dispensados, mas sim capacitados e realocados para outras áreas da empresa”, informa Cruz.
Com capacidade para fazer 120 veículos por turno, a Scania está montando 85 caminhões em dois expedientes. “Esta fábrica é a mais automatizada da América Latina e serve de espelho para a matriz na Suécia”, diz Roberto Barral, vice-presidente de operações comerciais da Scania no Brasil.
Com o objetivo de assegurar maior conforto aos empregados, a nova fábrica tem pé direito alto, que dispensa o uso de ar condicionado, e utiliza a captação de água da chuva para preservar a sustentabilidade.
“Com a indústria 4.0, a Scania tem condições de trabalhar mais preventivamente nos processos e dar informação em tempo real”, afirma Barral.
MERCADO
Barral comenta que o mercado já reconhece a nova geração de caminhões Scania, com relação às vantagens da economia, da segurança e da confiabilidade. “Os novos modelos, que chegaram no fim do ano passado, já começaram a ser entregues aos clientes.”
Silvio Munhoz, diretor comercial da Scania no Brasil, lembra que o grande motivador das vendas de caminhões até agora é a atividade agrícola. “A nova safra recorde gerou a necessidade de renovação de frota em muitos clientes e isso movimentou a venda de caminhões pesados no fim do ano passado e no começo deste ano.”
Diante da perspectiva de maior estabilidade no cenário econômico do país e confiante na nova geração de caminhões, a Scania prevê que em 2019 o mercado de caminhões em que atua, acima de 16 toneladas (semipesados e pesados), tenha um crescimento entre 10% e 20% em relação a 2018, quando foram vendidos 52.654 veículos. “O começo do ano vem reforçando essa expectativa, mas a questão econômica é a que vai consolidar efetivamente o crescimento.
Se isso for consolidado, vamos estar mais perto de 20% do que de 10%.”
Segundo Munhoz, o discurso do presidente da República já ajudou a desenvolver o mercado e agora o que se espera é que os planos sejam colocados em prática. “Se isso acontecer, vai ajudar a movimentar dois setores que estão andando de lado – o de varejo e o industrial – , que demandam muita movimentação de carga. Isso fará com que as vendas de caminhões cresçam muito mais do que o esperado”, prevê o diretor comercial.
A expectativa positiva da Scania também está atrelada à previsão de nova safra agrícola recorde para este ano. Segundo Barral, tradicionalmente o agronegócio adquire de 40% a 50% dos caminhões vendidos no Brasil. “E o agronegócio continuará protagonista. Já foram encomendados mais de mil veículos da nova geração para o transporte de grãos em 2019”, diz Munhoz.
Com a nova geração de caminhões, o desafio da Scania para 2019, segundo o executivo, é acompanhar o crescimento do mercado. “Começamos a produção em fevereiro e os primeiros caminhões já estão sendo entregues aos clientes. Temos que introduzir uma nova geração de caminhões e um processo produtivo bastante diferenciado.
Isso é um desafio industrial, mas estamos confiantes de que iremos conseguir acompanhar o mercado e entregar o que for necessário para chegar perto dos 20% de crescimento. Em 2018 foram emplacados 8.600 caminhões da marca e este ano esperamos passar de dez mil unidades”, conta Munhoz.
RESULTADOS
No ano passado, toda a indústria vendeu 52.654 caminhões no país, volume 63% superior aos 32.289 veículos vendidos em 2017, e a Scania comercializou 8.643 unidades, garantindo um incremento de 50,2% em relação a 2017 e uma participação de 16,4% no mercado.
Somente no segmento de pesados, o aumento da marca foi de 63,8%, com a venda de 8.028 caminhões em 2018, ante 4.901 unidades no ano anterior, e cuja participação foi de 23,1%. A indústria registrou a venda de 34.782 veículos, ante 18.745 unidades em 2017.
No mercado de semipesados, as montadoras emplacaram 17.872 caminhões em 2018 e 13.544 em 2017. A Scania vendeu 615 veículos, garantindo 3,4% de participação no ano passado. “A empresa cresceu com sustentabilidade e rentabilidade do negócio”, destaca Munhoz.
SERVIÇOS
Na área de serviços, a Scania projeta um avanço de 28% na venda de programa de manutenção. Em 2018, a venda deste produto aumentou 56%, com uma carteira de 8.300 veículos. No portfólio o crescimento deste produto foi de 47%, de 7.329 para 10.749 veículos, em comparação com 2017.
Com planos flexíveis, a Scania chegou à venda de mais de três mil programas e obteve participação de 40% nas vendas entre todas as modalidades. Foram 3.145 veículos utilizando o sistema em que o próprio caminhão avisa quando deve parar.
Ou seja, do total de 10.749 veículos com programas de manutenção, 29% foram ativados com o plano flexível. E, do total de caminhões novos vendidos pela marca, 41% saíram com alguma das modalidades oferecidas de programa de manutenção.
Os serviços conectados registraram 15.300 veículos ativos, com um avanço de 125% sobre os 6.800 de 2017. Do total, 92% foram caminhões (14.004 unidades) e 8% ônibus (1.296 unidades).
“O ano passado comprovou o crescimento e a maturidade do portfólio Scania, que vem sendo renovado e inovado desde 2013.
Trata-se de um trabalho incansável e estruturado com a rede de concessionários para gerar mais disponibilidade e rentabilidade ao cliente”, explica Fábio Souza, diretor de serviços da Scania no Brasil.
O programa de manutenção com planos flexíveis permite até 16% na redução de custos e aumento de até 20% de disponibilidade, de acordo com cada perfil de transporte, segundo Souza. “As vantagens são insuperáveis. A manutenção é totalmente customizada para cada veículo individualmente, a cobrança é por quilometragem (se não rodou, não paga) e de acordo com faixas de consumo de combustível (se consumiu menos, paga menos). E o plano standard funciona por adesão, com assinatura de prazo ilimitado e mesmo valor ao longo da vigência do programa.”
Segundo o diretor de serviços, a conectividade é a base de funcionamento da manutenção com planos flexíveis. “É por meio dos dados recebidos que a cobrança de cada caminhão é feita, além do próprio cálculo do plano e das próximas paradas.”
O plano de manutenção Fleet Care, que foi lançado junto com a nova geração de caminhões, em outubro de 2018, ajuda o cliente a obter o máximo de disponibilidade da frota. O novo serviço funciona por meio de um gestor coordenado pela rede de concessionárias da marca.
Para 2019, a estimativa da Scania é que mais de 50% dos caminhões novos saiam com algum tipo de programa de manutenção.
O portfólio deste produto deverá crescer 50% e chegar a mais de 16 mil usuários. Os planos flexíveis deverão chegar a oito mil ativados e os serviços conectados a 28 mil veículos, entre caminhões e ônibus, segundo o diretor de serviços.
Para os próximos cinco anos, a meta da Scania é aumentar de 11 mil para 60 mil a quantidade de caminhões que tenham plano de manutenção, de 15 mil para 90 mil o número de veículos conectados, como também aumentar de 30% para 85% a quantidade de veículos com planos flexíveis.