Desempenho melhora, mas longe do ritmo registrado antes da crise

Apesar da expansão, o setor de implementos rodoviários ainda reflete o ritmo lento do crescimento econômico, o que reduz a capacidade de recuperar as perdas acumuladas nos anos de crise De janeiro a setembro deste ano, a indústria entregou ao mercado 63,8 mil implementos rodoviários, um aumento de 53,4% em comparação ao mesmo período do […]

Apesar da expansão, o setor de implementos rodoviários ainda reflete o ritmo lento do crescimento econômico, o que reduz a capacidade de recuperar as perdas acumuladas nos anos de crise

De janeiro a setembro deste ano, a indústria entregou ao mercado 63,8 mil
implementos rodoviários, um aumento de 53,4% em comparação ao mesmo período do ano passado.
O resultado representa pouco mais da metade do registrado em igual período de 2014, antes do início da crise, um reflexo da reação econômica em ritmo lento do Brasil. “A economia como um todo está reagindo lentamente, apesar do desempenho aquecido do agronegócio”, afirma Norberto Fabris, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir).
Segundo Fabris, é necessário que haja uma retomada dos diferentes setores do mercado. “O Brasil tem uma economia bastante diversificada e não podemos
projetar crescimento olhando só para um setor, mas sim considerando todos os
segmentos. Sem a recuperação completa, ficamos diante de dados parciais que resultam
em efeito estatístico que mascara a realidade”, explica.

Sem a retomada sólida dos negócios, diz o presidente da Anfir, a indústria deve
demorar mais tempo para repor as perdas acumuladas nos anos de crise. Na comparação com o mesmo período de 2017, no segmento de reboques e semirreboques
houve crescimento de 83,5%, registrando a venda de 31,7 mil unidades. Já em carrocerias sobre chassis, o incremento foi de 31,9%, com um total de 32 mil implementos entregues nos primeiros nove meses do ano. Para o mercado externo, as
vendas foram reduzidas em 7,8%, com 2,2 mil unidades exportadas.

TRUCKVAN
As fabricantes de implementos rodoviários já observam uma melhora no mercado. “A nossa expectativa é crescer 30% em 2018. Para alcançar este
resultado, a Truckvan unificou suas três fábricas em um só local de 50 mil m2,
dos quais 17,5 mil m2 de área construída, localizado na rodovia Presidente Dutra,
no bairro de Bonsucesso, em Guarulhos, dobrando sua área física, com o objetivo
de ter um ganho significativo em sinergia entre todos os departamentos, além de
aumentos extraordinários de produtividade e agilidade”, informa Alcides Braga,
sócio-diretor da Truckvan.
Entre 2008 e 2014, de acordo com Braga, a empresa cresceu 600%. “Porém, assim como todo o país, sentimos os efeitos da crise econômica no último triênio
(2015-2017), o que nos estimulou a ingressar em outros setores, fabricando contêineres Data Center e outras soluções para tecnologia da informação, como também semirreboques blindados para transporte de cargas valiosas. Além disso, aumentamos o nosso portfólio de locações rápidas para o mercado de eventos, o que nos tornou
referência no segmento e fornecedor de grandes agências de propaganda, publicidade
e live marketing”, conta.

Em abril de 2017, a Truckvan tornouse distribuidora da Randon Implementos
na Grande São Paulo, sendo responsável por atuar em 29 municípios da região
metropolitana em toda a linha de produtos, pesados, leves, peças, serviços, consórcios e pneus. “A Truckvan cresceu 44% em relação a 2016, saindo de R$ 50 milhões para R$ 72 milhões. Pretendemos faturar mais de R$ 100 milhões neste ano”, diz Braga. “A empresa tem como estratégia e DNA ser multissetorial.
Fornecemos aos segmentos de saúde, capacitação profissional, eventos, serviços e
defesa e segurança, além de customizar contêineres e atuar na área de soluções
para proteção de dados e equipamentos de tecnologia da informação”, completa.
Os produtos mais vendidos da marca são semirreboques de 15 metros customizados
como escolas móveis de capa citação profissional e clínicas médicas.
“Acrescentamos mais um produto ao nosso portfólio que tem como objetivo
contribuir com o meio ambiente, estimular o empreendedorismo e ser uma
importante alternativa em mobilidade.
Trata-se da Cargo Bike, bicicleta elétrica para transporte de cargas. Segundo estudo
realizado pelo Cyclelogistics, 51% de todas as viagens motorizadas para
transporte de bens poderiam ser realizados por bicicletas de carga”, diz Braga.
O modelo da Truckvan é fabricado em alumínio, chega até 25 quilômetros por
hora, tem capacidade de 300 quilos e foi desenvolvido para operar em áreas urbanas
densas, em rotas de entrega curtas, o chamado last mile.
O departamento internacional da Truckvan foi criado em 2015 com o objetivo
de atender às demandas dos mercados externos de acordo com as diretrizes e legislações de cada país. Desde então, a empresa tem intensificado sua consolidação no exterior, mediante participação de feiras e eventos na Alemanha, Estados Unidos, Emirados Árabes, Chile, Peru e Paraguai, a fim de se tornar uma fornecedora mundial de soluções sobre rodas para diversas áreas. A Truckvan exportou nove agências bancárias móveis
para Angola, cinco unidades móveis de treinamento profissional para a Nigéria e uma de capacitação para a Costa Rica e está em tratativas comerciais com diversos países”, conta Braga.

RANDON
De acordo com Alexandre Gazzi, COO de Divisão Montadoras do conglomerado Randon, o ano tem sido positivo. “Ainda não voltamos aos patamares do passado, mas 2018 foi melhor do que imaginávamos, tanto que prevemos um crescimento de 30%. Lembrando que a nova linha de equipamentos de transporte de cargas que a Randon levou para a última Fenatran foi um marco nos negócios, o que comprova que a inovação é um traço forte da marca.
Neste período, lançamos produtos, melhoramos processos e controles, não paramos os investimentos, apenas reprogramamos e fortalecemos os canais de venda”, informa.
Gazzi explica que o incremento de 30% no mercado de semirreboques não significa que serão retomados os volumes de negócios registrados no passado, que chegaram a um volume de 70 mil unidades no mercado interno. ”Mas estamos trabalhando
para a ampliação, porque sabemos que há espaço disponível para crescer.
Entre os principais produtos, os destaques têm sido os semirreboques basculantes,
tanques graneleiros, canavieiros, florestais e frigoríficos. De uma maneira geral, todasas famílias de produtos têm boa demanda,
graças ao diversificado portfólio da Randon”,
acredita.
O lançamento mais recente da marca foi feito em outubro: o semirreboque frigorífico. “Graças a um novo conceito de projeto e à utilização de materiais de alta tecnologia, foi possível reduzir a tara, o que tornou o frigorífico ainda mais leve do que o modelo anterior. Além disso, o investimento de mais de R$ 5 milhões em P&D e novos processos produtivos também contribuíram para ampliar a durabilidade e a capacidade de isolamento térmico, tradicionais atributos dos frigoríficos Randon. Para completar, a combinação do novo chassi e suspensão, ambos de bitola larga, oferece ainda maior estabilidade”, explica Gazzi.
A exportação tem sido o principal fator de melhora do desempenho do setor automotivo,
na opinião de Gazzi. “Este fenômeno, que começou ainda em 2017 e ao longo do ano, principalmente no último trimestre, garantiu ao setor automotivo uma carteira de produção que se estendeu para o primeiro semestre de 2018, fortalecendo um cenário
positivo para o início do ano corrente, algo que não acontecia nos últimos três exercícios.
Em particular, a Randon exporta desde a década de 70, alcançando os mercados
da América Latina e do continente africano, além do Oriente Médio. E deverá fechar o
ano com bons números na exportação”,
Alexabdre Gazzi: “2018 foi melhor do que imaginávamos; prevemos um crescimento de 30%” relata o executivo.

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