O protótipo do veículo está em fase de montagem na fábrica da Marcopolo em Caxias do Sul (RS), onde receberá carroceria do Viaggio 1050
A fabricante chinesa BYD prepara o lançamento de ônibus elétrico para fretamento.
O protótipo do veículo, em fase de montagem na fábrica da Marcopolo em Caxias do Sul (RS), utiliza a carroceria do Viaggio 1050 e a previsão é que chegue ao mercado até o fim deste ano.
O novo ônibus da BYD é o primeiro 100% elétrico no Brasil para o serviço de fretamento, com autonomia prevista entre 250 e 300 quilômetros. “Este veículo será utilizado em viagens curtas no interior de São Paulo ou em roteiros próximos da Grande São Paulo”, afirma Wilson Pereira, vice-presidente sênior de vendas da BYD do Brasil.
No Viaggio 1050 as baterias estão posicionadas na parte inferior do veículo, nas saias laterais, de maneira diversa de como são instaladas nos modelos urbanos. Desta forma, não há mudanças estéticas e de design, diferentemente dos urbanos nos quais as baterias estão instaladas no teto.
Este ônibus tem 12,9 metros de comprimento e capacidade para 44 passageiros.
Está equipado com dispositivo de poltrona móvel (DPM), para facilitar o acesso dos passageiros com mobilidade reduzida, e sistema de ar-condicionado. As poltronas executivas contam com entrada USB para carregar os aparelhos eletrônicos.
Pereira esclarece que o plano da BYD de investir em um ônibus rodoviário elétrico ainda vai demorar, pois é necessário fazer aperfeiçoamentos técnicos e elevar a potência da bateria para que se consiga aumentar a autonomia do veículo em viagens de longa distância.
Hoje a autonomia máxima de um ônibus elétrico é de 300 quilômetros e, para ser mais competitivo, é preciso que este mesmo veículo faça um percurso maior sem precisar recarregar a bateria durante o trajeto.
“Estamos na terceira geração de bateria para veículos elétricos e a cada novo modelo que chega ao mercado o peso é reduzido, mas a maior preocupação no momento é com a autonomia do veículo”, enfatiza o executivo da BYD.
A BYD tem atualmente 21 ônibus elétricos em operação no Brasil. São 13 em Campinas (SP), um em Santos (SP), dois no Distrito Federal, um na capital paulista, dois em Volta Redonda (RJ) e dois em Bauru (SP). Além dessas localidades, a fabricante tem pedidos de oito veículos para a cidade de Uberlândia (MG) e três para Cuiabá (MT), o que totalizará 32 modelos elétricos da marca em operação no Brasil.
No Rio de Janeiro os três ônibus elétricos, modelo BYD D9W com carroceria Caio Millenium, entraram em operação na cidade de Volta Redonda em agosto deste ano. Os veículos têm sido utilizados para o programa Tarifa Comercial Zero e circulam gratuitamente nos quatro principais pontos comerciais do município (Vila Santa Cecilia, Centro, Aterrado e Retiro). O período de testes começou em 18 de julho deste ano e a linha teve quase 100% de aprovação dos usuários e também dos comerciantes do centro.
A cidade Uberlândia formalizou a compra dos ônibus elétricos em agosto deste ano por meio da empresa São Miguel, uma das três concessionárias que atuam no Sistema Integrado de Transporte (SIT) do município.
Os veículos estão sendo produzidos na fábrica da BYD em Campinas (SP) e a previsão é que sejam entregues em 90 dias. O modelo D9A com carroceria Caio Millenium foi desenvolvido para aplicação urbana e rodoviária para carrocerias com até 13,2 metros de comprimento. Tem piso alto e possui suspensão pneumática dianteira e traseira, o que proporciona maior conforto aos passageiros.
Segundo André Duarte, diretor operacional da São Miguel, a inclusão de veículos elétricos em Uberlândia marca o início de um projeto da empresa para substituir gradativamente a frota abastecida por combustível fóssil. “Escolhemos a cidade para iniciar essa revolução tecnológica, que já é realidade em outros países, por respeito ao trabalho que o prefeito e a cidade desenvolveram e desenvolvem em prol do transporte público de qualidade”, afirma o diretor.
Na cidade de Bauru os dois ônibus elétricos BYD D9W com carroceria Marcopolo foram adquiridos pelas empresas Cidade Sem Limites e Grande Bauru, pertencentes ao Grupo Constantino. O primeiro chegou à cidade no fim de agosto e o segundo no fim de setembro.
Com capacidade para transportar 32 pessoas sentadas e 38 em pé, incluindo o espaço para cadeirante, os ônibus são movidos a bateria de ferro-lítio, com autonomia de 250 quilômetros.
Pereira afirma ser inegável que o futuro do transporte público inclua ônibus elétricos.
“A BYD, que é líder global em vendas de ônibus 100% elétricos por quatro anos consecutivos, tendo entregue cerca de 35 mil unidades em mais de 160 cidades mundialmente, fez e continuará a fazer grandes investimentos em sua operação local, compartilhando com os brasileiros sua missão de promover inovações tecnológicas para uma vida melhor.”
Passada a fase de testes, o trabalho da BYD concentra-se agora na demonstração estática por meio da participação em eventos. “A mobilidade elétrica é um caminho sem volta e requer investimento maior para avançar no país, mas acredito que assim que esse segmento superar as barreiras naturais e pegar empuxo, vai deslanchar”, diz Pereira.
A vantagem da BYD em relação aos concorrentes, segundo Pereira, é que a empresa tem no Brasil (na cidade de Campinas) a produção de célula fotovoltaica (painéis solares) que gera a própria energia e oferece esse componente ao operador com custo competitivo.
A fabricante chinesa também tem trabalhado para ampliar o índice de nacionalização dos seus veículos, que hoje gira em torno de 35%, para 50% em 2019. Entre as peças que a empresa busca produção local estão os componentes do chassi, os eixos e o motor.
Outra iniciativa da companha chinesa para ampliar a sua participação no mercado brasileiro é a implantação de uma fábrica na Zona Franca de Manaus para a montagem de baterias, que continuarão tendo as suas células importadas da China.
A previsão da BYD é que a nova fábrica esteja pronta em março de 2019. Conforme Pereira, o novo parque fabril da companhia foi planejado para acompanhar o ritmo de produção de ônibus elétricos no país.
Em um mercado que tem forte predomínio de veículos equipados com motores a combustão, a BYD, na avaliação de Pereira, ainda é uma companhia pequena.
“Mas os avanços estão ocorrendo de acordo com o esperado e a previsão é que alcance um crescimento modesto, porém sustentado, no país”, afirma.
De acordo com o vice-presidente de vendas da BYD, a empresa segue firme com a sua estratégia de ampliar o número de ônibus elétricos no Brasil: de 21 dos seus veículos que estão circulando em oito cidades brasileiras, a meta é aumentar para 60 unidades até o fim de 2018.
Este era a volume de ônibus que a companhia previa entregar para a prefeitura de São Paulo até o fim de 2017, quando aguardava a aprovação da nova lei de mudanças climáticas, a PL 300, que determina a renovação da frota de veículos do transporte público coletivo da cidade por modelos que utilizem fontes limpas e renováveis de energia. “São Paulo é a mais importante cidade de mobilidade urbana e com maior volume de ônibus do país, mas as negociações ficaram travadas devido à suspensão da licitação que deve ser retomada em 2019.
Enquanto isso não se resolve, estamos fechando negócios em outras capitais”, observa Pereira