Para suprir a demanda do setor automotivo, as fabricantes estão em ritmo acelerado e, embora a cadeia de fornecedores ainda tenha dificuldade para acompanhar a retomada do mercado, algumas empresas iniciam a ampliação do turno de trabalho
Diante da perspectiva de um crescimento mais sustentável do mercado brasileiro, após enfrentar as fortes turbulências da crise política, as fabricantes de autopeças começam a reorganizar a sua produção para acompanhar a retomada da indústria automobilística.
No Grupo Randon as empresas de autopeças – fundição Castertech, Controil, que faz a usinagem de cilindros de freios, e Fras-le, que produz materiais de fricção, estão trabalhando em ritmo acelerado para suprir a demanda das montadoras.
Segundo Sérgio Carvalho, Chief Operating Officer (COO) da divisão de autopeças Randon, as encomendas de peças para caminhões melhoraram desde o final de 2017 e em 2018 os volumes tiveram um aumento substancial.
“Praticamente metade do ano está realizada. Há programas firmes para os próximos meses, de forma que apenas o final do ano esteja sujeito a variações.
Sabemos que diante das incertezas de um ano eleitoral e o momento sui generis que passamos no Brasil é concebível ter alguma redução no final do período, porém neste segmento em particular julgamos que esta possibilidade seja pouco provável”, diz Carvalho.
O executivo das autopeças Randon afirma que a demanda doméstica e as exportações seguem firmes.
“Em geral a base de produção continua baixa comparada com o histórico do setor, mas não falta dinheiro no mercado.
A frota envelheceu (com juros baixos, anos atrás muitos caminhões foram comprados), a safra agrícola ainda está em alta e a carga paletizada retornando.
Ainda existe a possibilidade dos grandes frotistas investirem mais para reduzir custos e retirar a terceirização, em decorrência da recente greve dos caminhoneiros”, pondera.
No setor de caminhões o desempenho da Randon está muito bom, segundo Carvalho. “Continuamos com a posição de liderança em todas as linhas de produtos e crescendo. Podemos dizer que estamos superando as metas estabelecidas.
A greve dos caminhoneiros causou um impacto que ainda precisa ser compreendido em sua totalidade”.
Para as autopeças Randon, a crise já passou e o país está em retomada. “No segmento industrial e automotivo podemos afirmar que estamos saindo da crise, em ritmo acelerado, porém dada a fragilidade geral do país estamos cautelosamente otimistas”, diz Carvalho.
Sua previsão é que as autopeças Randon tenham em 2018 um crescimento de 25% a 30% no seu faturamento em comparação a 2017. “O cenário econômico atual do país permite ter uma programação mais firme. Passamos por uma realidade diferente em termos de volumes e estamos com otimismo moderado em relação ao futuro”, avalia o executivo da empresa.
A divisão de autopeças tem maior representatividade no faturamento do Grupo Randon e é a que recebe a maior parte dos investimentos. “Uma nova fábrica foi aberta na China e um novo centro de distribuição na Colômbia.
Além disso, foram feitos investimentos importantes em diversas aquisições, como a Jurid do Brasil em que adquirimos 80,1%, Ask Fraske na Índia 51%, Armetal na Argentina 100%, Farloc na Argentina 76%, Fanacif no Uruguai 100%. Investimentos também estão sendo feitos no desenvolvimento de novas tecnologias e no campo de provas”, afirma Carvalho.
Para os próximos anos, se nenhuma surpresa negativa ocorrer, as autopeças Randon pretendem dar continuidade ao seu programa de expansão internacional.
“Vamos seguir diversificando a linha de produtos, investindo em bens de capitais e em novas tecnologias”, conta Carvalho.