Brasília adere à biometria facial

Com ações para combater as fraudes no uso de benefícios, o Distrito Federal já bloqueou 110 mil cartões irregulares, promovendo uma economia de R$ 18 milhões por mês Desde fevereiro de 2018, a frota de Brasília, com 2,8 mil ônibus, circula com a solução de biometria facial. O processo se iniciou em 2016, quando a […]

Com ações para combater as fraudes no uso de benefícios, o Distrito Federal já bloqueou 110 mil cartões irregulares, promovendo uma economia de R$ 18 milhões por mês

Desde fevereiro de 2018, a frota de Brasília, com 2,8 mil ônibus, circula com a solução de biometria facial. O processo se iniciou em 2016, quando a Secretaria de Mobilidade iniciou o recadastramento dos estudantes para a averiguação dos dados cadastrais. “Com essa primeira triagem, já bloqueamos 100 mil cartões por incompatibilidades nos dados cadastrais. Fizemos também o recadastramento dos portadores de deficiência e dos outros grupos que têm direito a benefícios tarifários”, explica o secretário Fábio Ney Damasceno.

No início de maio, a portaria que obriga as empresas operadoras do transporte público a utilizar o recurso da biometria facial foi publicada no Diário Oficial do Distrito Federal. A partir desta publicação, as concessionárias só recebem subsídio do governo referente às gratuidades dos passageiros que passarem pelo equipamento.

“Nosso objetivo é que apenas quem realmente tem direito possa fazer uso do benefício” afirma Damasceno.

Em maio de 2017, uma das operadoras do transporte público do Distrito Federal iniciou o projeto-piloto com a biometria facial e, a partir de fevereiro deste ano, toda a frota passou a contar com a tecnologia.

Desde então, houve o bloqueio de mais dez mil cartões. As fraudes ocorriam de diversas formas, de acordo Damasceno, com venda, empréstimo e até aluguel dos cartões de transporte para pessoas que não tinham direito ao benefício. “Conseguimos uma redução de quase 15% dos benefícios a estudantes e de 10% de deficientes”, diz Damasceno.

Com a redução das fraudes e do mau uso dos cartões, o poder público deixa de gastar R$ 18 milhões mensalmente, de acordo com cálculos do secretário de Mobilidade de Brasília, que considerou 40 dias de uso por mês, duas viagens por dia. “Um dinheiro que iria para o subsídio de gratuidades indevidas pode ser investido em outras ações para melhorar o sistema de transporte público. Queremos atender quem efetivamente precisa dos benefícios”, destaca. Damasceno lembra a importância de um banco de dados atualizado para que a tecnologia da biometria possa ser implementada de forma eficiente.

“A primeira etapa do recadastramento foi muito importante, já revelando o tamanho do problema que enfrentamos”, diz.

A biometria facial é a tecnologia para avaliação das características faciais de uma pessoa com base em parâmetros digitais.

A face humana possui variáveis que permitem detectar pontos em comum, como distância entre os olhos, formato e comprimento do nariz, boca, bochecha e queixo, definindo o formato facial e suas medidas que serão utilizados como fatores de checagem.

O algoritmo de reconhecimento facial é capaz de comparar duas capturas e aferir a probabilidade de similitude, ignorando o plano de fundo que compõe o arquivo. Isso inclui capturas em movimento de ângulos diferentes.

BLOQUEIOS – Em cima dos validadores da bilhetagem eletrônica, em que os passageiros passam o cartão de transporte, são instaladas câmeras que captam imagens do rosto de quem passa pela catraca.

Por meio de um software, elas são comparadas com as fotos cadastradas no sistema.

Se confirmada a irregularidade, o benefício é suspenso e abre-se um processo administrativo, em que o usuário é convocado e tem direito a defesa. De acordo com a secretaria, se durante o processo os esclarecimentos forem insatisfatórios, o cartão é bloqueado. “A pessoa passa pela catraca, pois essa verificação não é em tempo real. Mas depois ela é avisada de que houve essa discrepância”, diz Damasceno.

Após esse bloqueio, se o usuário for estudante, o benefício só poderá ser pedido novamente no semestre letivo seguinte e, se for pessoa com deficiência, em 12 meses.

No Distrito Federal, os usuários com direito à gratuidade são cerca de 34% do total de passageiros. Desses, 300 mil utilizam o Passe Livre Estudantil e 65 mil são pessoas com algum tipo de deficiência.

Damasceno afirma que o sistema é confiável e que não gera reclamações por parte dos usuários. “A qualidade das imagens é muito boa e o software é bastante avançado, o que proporciona uma grande confiabilidade na solução. Temos poucas contestações por parte da população”, diz. As empresas operadoras fizeram a avaliação dos sistemas disponíveis no mercado, escolheram e adquiriram a solução de sua preferência.

A Prodata Mobility Brasil forneceu 2,7 mil equipamentos para quatro das cinco empresas que operam no Distrito Federal:

Viação Piracicabana, Auto Viação Marechal, Viação Urbi e Viação Pioneira.

“Essa solução do leitor biométrico já está há tempos no mercado, portanto é bem consolidada, e garante um controle efetivo das gratuidades, combatendo as fraudes de forma bastante segura”, afirma Leonardo Ceragioli, diretor comercial da Prodata Mobility Brasil. A empresa já implementou a solução em diversas cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro, Ribeirão Preto, Campinas e Recife.

O software de comparação, que passa por atualizações constantes, permite que se avalie de forma automática a imagem captada, comparando-a com a foto do cadastro arquivada no banco de dados do sistema de transporte. ”O software faz a comparação e detecta possíveis incompatibilidades, mas a suspenção ou o bloqueio do cartão é feito pelo órgão gestor (no caso, o DF Trans), após a avaliação visual e se for comprovada a fraude”, explica Ceragioli.

Outra inovação do sistema de biometria facial da Prodata é a funcionalidade de retroalimentação.

“Se for captada uma foto de melhor qualidade, ela será acrescentada ao cadastro. A foto cadastrada sempre será mantida, para evitar qualquer tipo de fraude, mas o sistema pode acrescentar novas imagens que aprimorem a precisão da análise”, diz Ceragioli. “A solução é tão bem desenhada que se torna muito segura e garante uma grande confiabilidade”, completa.

A solução de bilhetagem eletrônica do Distrito Federal é de outra empresa, mas a biometria facial se adapta totalmente a ela. “Isso demonstra como a Prodata está completamente apta a trabalhar de forma integrada com equipamentos e soluções de outros fabricantes. Nossos produtos são desenvolvidos para que essa integração seja sempre possível”, afirma Ceragioli.

Damasceno enfatiza que uma das exigências para que as empresas fizessem a escolha da solução de biometria facial era exatamente a possibilidade de integração com os equipamentos já existentes na bilhetagem eletrônica, fornecida pela Transdata.

“Isso é fundamental para que haja um combate eficiente às fraudes. A ferramenta precisa se integrar à estrutura existente. Precisamos usar a tecnologia a nosso favor, no controle das fraudes, para possamos sempre ampliar o atendimento com essa sobra de recursos. Mesmo porque a demanda pelo transporte público deve aumentar”, diz.

De acordo com a empresa, a interoperabilidade entre sistemas de bilhetagem de diferentes fornecedores é tratada pela Prodata Mobility Brasil de forma lógica e segura, pois se refere aos padrões já implementados e à arquitetura do sistema a serem seguidos. O sistema da companhia está preparado para interoperar com soluções de bilhetagem de outros fornecedores, sendo imprescindível o entendimento entre os fornecedores de bilhetagem para estruturar a arquitetura.

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