Mal a indústria comemorou os bons números da comercialização de caminhões no primeiro quadrimestre do ano, com 20.600 mil veículos licenciados, um aumento de 57% em comparação com o mesmo período do ano passado, ela se deparou com um inesperado choque: a greve dos caminhoneiros.
Durante dez dias os motoristas de caminhões, autônomos e empregados de transportadoras, pararam de trabalhar em protesto às sucessivas altas de preço do diesel e à falta de resposta às suas reivindicações de alívio das elevadas tarifas de pedágio e impostos, que oneram seus custos operacionais e inviabilizam suas atividades em tempos de retração econômica, quando cai a demanda por transporte de carga, com a consequente redução dos fretes devido à excessiva oferta de caminhões no mercado.
As montadoras que vinham tendo dificuldade de entregar veículos encomendados em razão da escassez de peças por falta de capacidade de produção dos fabricantes, foram surpreendidas pela greve, que começou a frear seu esforço para recuperar as vendas.
A aceleração dos pedidos já tinha levado as montadoras a estender o prazo das entregas por não estarem preparadas para a súbita retomada do mercado após anos de cortes de turnos em meio à crise. Em alguns casos, as entregas estavam prometidas para outubro. Um fato para não ser comemorado, mas que reforçou a confiança dos executivos da indústria de que os bons tempos realmente voltaram.
Com a greve, a crença de que a crise faz parte do passado foi estremecida. Neste momento, as comemorações antecipadas foram substituídas pela cautela na indústria, enquanto não emergem os efeitos provocados pelos grevistas no setor de transporte.