Cummins se prepara para a era da eletrificação

A Cummins, que tem tradição na produção motores diesel, começa a preparar a sua base industrial para a era da eletrificação com a meta de se destacar como fornecedora de powetrains elétricos. “A companhia está investindo para ser o principal player de tecnologia eletrificada e está pronta para trazer essa solução ao Brasil”, afirma Luis […]

A Cummins, que tem tradição na produção motores diesel, começa a preparar a sua base industrial para a era da eletrificação com a meta de se destacar como fornecedora de powetrains elétricos. “A companhia está investindo para ser o principal player de tecnologia eletrificada e está pronta para trazer essa solução ao Brasil”, afirma Luis Pasquotto, presidente da Cummins Brasil e vice-presidente da Cummins Inc.

Pasquotto salienta que em alguns mercados a eletrificação será mais rápida e em outros avançará de forma lenta. “Mas a empresa está pronta para fornecer essa tecnologia e ao mesmo tempo continua oferecendo o motor diesel.”

Mundialmente a Cummins investe US$ 700 milhões por ano em pesquisa e desenvolvimento e oferece para o mercado não somente motores diesel e a gás, mas também as soluções híbridas, o conceito de pós-tratamento, turbos eficientes, filtros e detém o domínio na produção de powertrain, com 78% de market share no mundo. “O objetivo da empresa, que está perto de completar 100 anos, é trazer sempre a melhor tecnologia e oferecer aos clientes um leque de opções”, destaca Pasquotto.

Na Fenatran o principal destaque no estande da Cummins foi a tecnologia da eletrificação, além das novas soluções de telemetria que ajudam reduzir o custo operacional das empresas de transporte, como o Telematics, o Over The Air, o Adept e o Fleetguard FIT. A empresa também exibe o motor ISF 2.8 com tecnologia EGR de recirculação de gases, o motor ISF 3.8 com sistema SCR, o motor ISG de 12 litros com 510 cv de potência, que está em teste nas montadoras e é uma inovação para caminhões com PBT (Peso Bruto Total) acima de 45 toneladas por unir alta potência e baixo peso de 860 quilos. Outro motor é o ISB 6.7 de 310 cv de potência (20 cv a mais que a versão anterior) que entra em produção de dezembro deste ano. “Realizamos um trabalho bem apurado no ISB 6.7 com a escolha do turbocompressor Holset e tecnologia wastegate e, por meio de nosso conhecimento, conseguimos melhorar a resposta do motor sem impactar o consumo de combustível da versão anterior”, afirma Rafael Torres, diretor de engenharia da Cummins para a América Latina.

Pasquotto enfatiza que o futuro não assusta a companhia que tem tradição de inovação. “Vamos continuar investindo em motores porque as aplicações num curto prazo vão migrar para a eletrificação, mas os elétricos ainda têm alguns desafios, que são o custo e a energia.”

Na avaliação de Pasquotto, a quantidade de energia que pode colocar em uma bateria ainda é muito menor que no combustível híbrido. “Mas isso vai evoluir, enquanto não evolui o suficiente a Cummins vai continuar aperfeiçoando toda sua linha de produtos. Temos desde o motor pequeno de 2.8 até o de 5 litros, com eficiência energética, desempenho, qualidade e diversidade de combustíveis. E à medida que a eletrificação for evoluindo vamos migrando essas tecnologias, passando pelo híbrido e o motor downzing.”

 

PERSPECTIVAS

Após enfrentar uma das mais intensas crises no país, Pasquotto afirma que já há sinais evidentes que o momento difícil está passando e, depois de ter reduzido a sua produção de motores de 111 mil unidades em 2011 para 27 mil unidades em 2016, a expectativa é de terminar 2017 com um volume de produção 28% superior ao ano passado.

O aumento da produção, segundo Pasquotto, será puxado pelo mercado interno e as vendas ao exterior. “A exportação vai seguir em alta e deve crescer um pouco mais. Assim como a Cummins, todas as empresas fizeram um trabalho muito forte de produtividade e redução de custo e com o câmbio favorável a atenção foi dada ao mercado externo. Ao mesmo tempo, o mercado doméstico, com esse momento de confiança, vai se recuperar e crescerá entre 15% e 20%”, projeta.

Pasquotto afirma que continua muito otimista com o futuro do Brasil. “A Lava Jato vai deixar o país num ambiente de negócio muito melhor e isso já está acontecendo. Algumas ações foram feitas com as reformas, que somadas a um melhor ambiente econômico pelo legado da Lava Jato, as variáveis econômicas com inflação baixa e juros baixos e com uma indústria que resistiu a tudo isso não tem porque não retomar. Acho que o futuro vai ser muito bom e estamos mais eficientes”, diz.

Para enfrentar o momento difícil, a Cummins teve que tomar medidas rápidas. “Fizemos todas as alterações necessárias que envolveram o ajuste no quadro de pessoal, reestruturação na organização e racionalização das instalações, pois tínhamos que ficar pelo menos no zero a zero neste cenário, melhorar o fluxo de caixa e alcançar um equilíbrio financeiro”, explica Pasquotto.

Com essas ações, a Cummins conseguiu aumentar o market share em caminhões, ficando com 51% nos leves e com 65% nos médios. No mercado de ônibus alcançou 15% de participação no Brasil e 32% na Argentina. “São bons resultados e começa a emergir de uma situação de caos que vivemos no momento”, observa Pasquotto.

 

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