A Transportadora Americana (TA), em parceria com a Sunew, deu início em agosto a um projeto piloto, que tem por objetivo testar a nova tecnologia em energia solar orgânica para atingir desempenho máximo em segurança (GPS e sistema de exaustão) e economia de bateria e combustível. A Sunew é especializada em filmes fotovoltaicos orgânicos, também conhecidos como OPV (Organic Photovoltaic), que representam a terceira geração de células solares, capazes de gerar energia elétrica a partir da luz do sol. Trata-se de um filme leve e flexível, com diferentes graus de transparência e altamente customizável, em termos de cor e formato.
No projeto, o semirreboque realiza todas as suas funções essenciais sem depender da cabine. O implemento é adesivado com o filme orgânico, capaz de absorver luz solar de forma difusa. A energia é convertida por meio de um sistema eletrônico, que a distribui para os compartimentos necessários. Segundo Celso Luchiari, diretor da TA, a tecnologia apresenta custo baixo em relação aos benefícios. “Uma de nossas operações exige carretas-cofre, com fechadura eletrônica. Com essa tecnologia a alimentação da energia acontece de forma independente ao cavalo, evitando contratempos como travamento das portas e perda de configuração do sistema. Ganhamos tempo e agilidade nos processos de transferência”, informa.
Luchiari explica que o filme tem cerca de um metro quadrado e não interfere no funcionamento do veículo. “É uma estrutura leve, que necessita de um ou dois dias de sol por semana. O investimento não é alto e o retorno é bastante positivo. Estamos em sintonia com as atuais tendências do mercado mundial, que cada vez mais, busca energias limpas e renováveis”, diz. “Diferentemente das estruturas convencionais, que precisam estar conectadas à bateria para garantir a operação, os modelos com a tecnologia do filme possibilitam ao motorista uma viagem mais segura, confortável e econômica”, explica o gerente de novos negócios da Sunew, Filipe Ivo.
Luchiari acrescenta que espera aumentar em breve o projeto piloto. “Realmente é fácil imaginar um futuro próximo em que todos os nossos veículos possam ser sustentáveis e eficientes. Temos cerca de 15 carretas blindadas e todas deverão receber o filme orgânico. A tecnologia do OPV é adequada para esse tipo de aplicação porque, por ser flexível como a borracha, não sofre impacto com a movimentação do veículo nas estradas. Já os demais produtos disponíveis no mercado, por terem células rígidas, trincam com o atrito”, destaca.
O próximo passo é utilizar o filme orgânico para alimentar pequenos ventiladores que deverão reduzir a temperatura do implemento em quatro ou cinco graus. “Com o OPV, a bateria não descarrega e conseguimos manter uma temperatura menor. Isso é importante principalmente no transporte de medicamentos, que necessita de temperatura controlada. Não se trata de sistema de refrigeração, mas é uma alternativa ambientalmente correta e bastante viável”, diz Luchiari. “Realmente, é fácil imaginar um futuro próximo quando todos os nossos veículos possam ser sustentáveis e eficientes.”
Além da leveza e flexibilidade, o filme orgânico tem a vantagem de ser uma alternativa de energia limpa independente do funcionamento do motor ou de qualquer outra fonte externa e autônoma. O sistema de exaustão autônomo evita o aumento da temperatura do baú e as possíveis perdas de produtos sensíveis, como medicamentos, alimentos e produtos químicos. O rastreamento do semirreboque pode ser feito por meio de um sistema independente do cavalo, potencialmente reduzindo roubos de carga. É possível ainda manter as luzes de sinalização mesmo com o motor desligado e proporcionar o aumento da vida útil da bateria do caminhão. O OPV também gera economia de combustível, já que a energia renovável é usada para uma série de funções do veículo.
MERCADO
Neste ano, Celso Luchiari acredita que o setor de transporte de carga começa a se recuperar. “Já percebemos sinais concretos de melhora. Para 2018, as perspectivas são muito boas. A recuperação das tarifas é bastante importante para que as empresas que atuam nesse segmento consigam se reestabelecer”, afirma. “Muitas empresas desapareceram ou encolheram muito nesses tempos de crise. E a maioria deixou de investir, por estar em dificuldades, o que tornou a frota mais velha. O setor precisa voltar a investir, mas acho que isso só ocorrerá no ano que vem”, enfatiza.
A Transportadora Americana também passou por um período difícil, como todo o setor. “Podemos dizer que sobrevivemos à crise. Enxugamos as despesas para conseguir passar pelo momento de turbulência”, conta Luchiari. No próximo ano, o executivo acredita que a demanda pelo transporte de carga deve aumentar bastante. “Se o PIB brasileiro crescer entre 1% e 1,5%, vai faltar transporte. Como eu disse, as empresas encolheram e não puderam renovar suas frotas, portanto o transporte será insuficiente, e as empresas serão obrigadas a investir novamente”, conclui.
De acordo com Luchiari, a Transportadora Americana conta com clientes fiéis que não deixaram de utilizar os serviços da empresa, mesmo durante a crise. “Daremos preferência a esses clientes que, mesmo com um volume menor de carga, continuaram a nos procurar. E esperamos poder retomar o ritmo de crescimento e poder atender a demanda que certamente vai aumentar, quando a economia se aquecer”, informa. A TA tem 76 anos de experiência nos segmentos de transporte rodoviário, aéreo e de armazenagem, com forte presença nas regiões sul e sudeste do país. A empresa conta com 40 filiais e uma frota de 978 veículos, com idade média de cinco anos.