O segmento de commodities agrícolas deve ter alta significativa no transporte ferroviário em 2018, se for confirmada a renovação antecipada de cinco concessões ferroviárias, segundo estimativa de Vicente Abate, presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer).
“Atualmente, as cargas agrícolas são responsáveis por aproximadamente 12% do transporte ferroviário nacional e este percentual deve se elevar ainda mais com as prorrogações, pois são produtos cada vez mais movimentados por meio de ferrovias”, afirma Abate.
A supersafra que o país vem registrando recentemente é outro fator que ajudará no crescimento do setor, segundo o presidente da Abifer.
Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que a estimativa para a safra nacional de grãos é de um novo recorde. A produção de cereais, leguminosas e oleaginosas deve chegar a 242,1 milhões de toneladas em 2017, aumento de 31,1% sobre 2016, ano que registrou 184,7 milhões de toneladas.
“Para atender toda essa demanda, a indústria ferroviária está investindo ainda mais na fabricação de vagões, produtos e serviços específicos para o mercado agrícola”, diz o presidente da Abifer.
Na avaliação de Abate, a perspectiva de aumento de demanda terá também impacto positivo na cadeia de fornecedores de manutenção e renovação de equipamentos e tecnologias, que preveem incremento no volume de negócios.
Os contratos de concessões ferroviárias previstos pelo governo federal para serem assinados entre este e o próximo ano, envolvem mais de 13 mil km de estradas de ferro e devem receber até R$ 25 bilhões em investimentos nos próximos cinco anos.
Segundo o presidente da Abifer, o intuito do governo em realizar esta renovação de forma imediata por mais 30 anos é promover uma repactuação dos compromissos assumidos em cada trecho e estipular novas metas de investimentos, ocasionando aumento da malha ferroviária e na capacidade de transporte instalada no país.
A primeira das cinco concessões que devem ser prorrogadas por mais 30 anos é a Malha Paulista, operada pelo Rumo Logística, que já está em processo de audiência pública. O trajeto interliga os estados de São Paulo e Minas Gerais, por meio de uma linha férrea com 1.989 km atualmente.
Logo depois, será a vez dos trilhos da MRS Logística, que possuem 1.674 quilômetros de extensão e conectam os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Na sequência, virão a Estrada de Ferro Vitória-Minas (com 905 km, que atende aos estados do Espírito Santo e Minas Gerais) e a Estrada de Ferro Carajás (com 892 km, que liga os estados do Pará e do Maranhão) – ambas operadas pela Vale.
Por fim vem a Ferrovia Centro-Atlântica (que possui 8.066 km e passa pelo Distrito Federal e pelos estados de Goiás, Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo, Sergipe, Rio de Janeiro e São Paulo), sob gestão da VLI.