A crise político-econômica brasileira iniciada em 2014 provocou uma forte redução nas vendas de veículos de carga leves e pesados. E o chassi cabine Kia Bongo K2500 foi atingido da mesma forma dos veículos das outras marcas. Enquanto no ano 2015 as vendas do Bongo K2500 somaram 2.410 unidades, em 2016 o total não passou de 1.372. Com o acúmulo de estoques durante 2016, a fabricante sul-coreana interrompeu a produção do modelo na sua linha de montagem em Montevidéu, Uruguai, como medida estratégica. A paralisação teve a duração de dez meses.
Neste ano, apostando na retomada da economia, a produção foi reiniciada e o primeiro lote de 90 unidades já chegou ao Brasil como modelo 2018. Os veículos são transportados por navio do porto de Montevidéu até Vitória (ES). Nos primeiros seis meses deste ano, foram emplacadas 678 unidades do Bongo em comparação com 607 no mesmo período do ano passado.
Os licenciamentos de veículos na categoria chassi cabine, abaixo de 3,5 t de PBT, como é o caso do Bongo, declinaram de 35,6 mil unidades em 2011 para pouco mais de 9 mil veículos em 2016, representando uma queda de quase 75%.
Não se espera que os números de vendas do Bongo voltem ao nível do auge em 2011, acima de 10 mil unidades, mas a empresa acredita que poderá vender cerca de 2 mil unidades por ano, talvez a partir de 2018, já que este ano a economia continua paralisada.
LINHA DE MONTAGEM
O Bongo é montado desde 2010 na Nordex uruguaia, para a qual a Kia Motors do Brasil, que pertence ao importador oficial da marca no país, José Luiz Gandini, terceirizou a produção.
A Nordex trabalha ou já trabalhou para grandes marcas, como Renault, Citroën e Peugeot. De acordo com o gerente de fabricação da Nordex, Gonzalo Zeballos, trabalhar com sul-coreanos tem sido uma experiência muito positiva, que trouxe uma série de melhorias nos processos produtivos, o que resulta em melhoria de qualidade dos veículos. “O nível das pessoas que chegam também ajuda na montagem pelos funcionários da Nordex”, afirma.
A produção do utilitário conta com aproximadamente 100 colaboradores, dos quais 70 são funcionários da Nordex e o restante terceirizado. A linha de montagem possui com doze estações de trabalho, além da pintura.
Com a retomada da produção, a Nordex investiu em novo sistema de pintura de cabine que já está em operação na linha do Kia Bongo 2018.
“O projeto do Bongo para o Mercosul amadureceu bastante nesses últimos anos e já conta com 60% das peças (em valor) fabricados no Brasil, Argentina e Uruguai. Nesse percentual conta também com os gastos de mão de obra. Os outros 40% dos componentes são importados da Coreia do Sul, que incluem o trem de força (motor e transmissões), estampados para montagem da carroceria e painel de instrumentos”, comenta João Pessoa, diretor de operação industrial e peças da Kia Motors do Brasil. O índice de nacionalização de 60% é o mínimo exigido pelo Mercosul.
“A decisão de voltar a produzir o Bongo reflete a confiança da empresa na retomada da economia brasileira, depois de cinco anos de retração”, ressalta João Pessoa. A meta de produção é atingir dez veículos por dia ou 200 por mês, podendo alcançar até 2.000 unidades até o final deste ano. “Desse total, 95% seguirão para o mercado brasileiro, aproveitando o regime tributário do Mercosul, e os 5% restantes ficam no Uruguai”, explica João Pessoa. Segundo o executivo o principal mercado do Bongo é o Rio de Janeiro. Por questões contratuais, firmadas com a Kia Motors da Coreia do Sul, o Bongo fabricado no Uruguai não pode ser exportado para os outros países do Mercosul.
O Kia Bongo é o veículo com mais unidades produzidas no Uruguai, somando mais de 21 mil veículos, seguido do Renault Express, com 20 mil, e Renault Twingo, 17 mil, informa o gerente industrial Zeballos.
O utilitário bongo tem motor 2.5 turbodiesel de 130,5 cv e utiliza um câmbio manual de seis marchas. Com PBT de 3.320 kg, a capacidade de carga é de 1.812 kg. O gerente industrial de Nordex comemorou a retomada da produção do Kia Bongo no Uruguai. Zeballos relata que, devido às dificuldades econômicas e políticas tanto do Brasil quanto da Argentina, a empresa perdeu seus três principais clientes, que garantiam a operação da fábrica: a Renault Trucks, a Dong Feng e a própria Kia Motors (durante dez meses). Em decorrência disso, a Nordex se viu forçada a manter a fábrica em funcionamento – em especial a cabine de pintura que não podia ser desligada – até que o mercado voltasse a mostrar sinais de recuperação. “A sorte começou a mudar no final do ano passado, quando renovamos o contrato com a Kia Motors. E acertamos com a PSA a montagem do Peugeot Expert e o Citröen Jumpy em nossa fábrica, que serão lançados no segundo semestre deste ano na América Latina”, relata Zeballos.
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