Depois de enfrentar a maior crise de sua história, com a demanda represada e os negócios suspensos por causa da situação política, o mercado de ônibus começa a apresentar recuperação no segmento urbano e rodoviário. Quanto ao transporte escolar, as sinalizações também são positivas.
“Embora a reação ainda seja discreta, há perspectiva de melhora e, com a expectativa de avanço da economia brasileira, alguns empresários estão começando analisar as propostas de compra e avaliar o financiamento”, afirma Jorge Carrer, gerente executivo de vendas de ônibus da MAN LatinAmerica.
O movimento positivo está pulverizado, segundo Carrer. “As cidades de Curitiba [PR], Ribeirão Preto [SP], Juiz de Fora [MG], Salvador [BA], Recife [PE], Belém[PA], Manaus [AM] e Palmas (TO) estão começando a falar em renovação de frota. ”
Para Carrer, a maior reação no segmento de urbanos ocorrerá por causa da iniciativa dos novos prefeitos. “Por terem conseguido reajustar as tarifas, algumas cidades naturalmente irão renovar as frotas do transporte coletivo. ”
No que diz respeito aos veículos destinados ao transporte escolar, a confiança está no lançamento, neste ano, de novos editais do programa Caminho da Escola, que é controlado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). “Quanto ao ônibus escolar privado, as novas exigências com relação à segurança e às características técnicas dos veículos também devem movimentar o mercado no segundo semestre. Ainda teremos abertura de licitação para a compra de ônibus em São Paulo”, detalha o gerente da MAN.
Com relação ao mercado de fretamento, existem bons indicativos de que haverá aquecimento da produção dos modelos rodoviários. Neste segmento, a MAN teve um incremento nos pedidos, embora não tenha uma participação efetiva com ônibus maiores, já que compete com a “versão de entrada”, o modelo 18.330. “A tendência é de aumentar mais, porque no ano passado as empresas não compraram nada e em julho de 2017 entrará em vigor a legislação que exige ônibus com plataforma elevatória”, prevê Carrer.
Diante da perspectiva de melhora da economia brasileira, o gerente da MAN calcula que em 2017 sejam vendidos 12 mil ônibus. “Será um avanço de quase 8% em relação a 2016, mas ainda é 28,5% menor que o volume vendido em 2015 [16.782 unidades]”, compara. “Haverá crescimento sobre uma base muito baixa, longe da recuperação do que se perdeu. ” O ônibus com motor dianteiro é o carro-chefe de vendas da MAN no segmento urbano no país e o modelo mais vendido é o 17.230 OD, garantindo 35% de marketshare. Quanto aos micro-ônibus, a fatia é de 26%, com a venda de 300 unidades do modelo 9.160 OD. Incluindo todos os veículos, as suas vendas totalizaram 1.800 chassis em 2016.
Na avaliação de Carrer, a fase mais difícil já passou e o Programa de Renovação de Frota do Transporte Público Coletivo Urbano (Refrota 17), lançado no fim do ano passado pelo governo federal, é muito bom para ajudar a movimentar o mercado de ônibus. “O prazo de carência e os 95% de cobertura do financiamento são fatores interessantes, mas é preciso ajustar o programa ao perfil do setor, porque restaram ainda itens burocráticos que dificultam tornar esse programa uma realidade em curto prazo”, afirma Carrer. “Por isso, entre as várias modalidades de financiamento, o Finame ainda é o mais atrativo. ”
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