A indústria de autopeças encerrou 2016 com déficit de US$ 5,26 bilhões, montante 6% inferior ao saldo da balança comercial de 2015 que ficou negativo em US$ 5,59 bilhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) consolidados pelo Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças).
Esse saldo negativo é decorrente das importações terem superado as exportações. O Sindipeças explica que a valorização da taxa de câmbio efetiva real da produção de veículos automotores, reboques e carrocerias, as incertezas do ambiente econômico mundial e as dificuldades enfrentadas pela Argentina – principal destino das exportações do setor –, além de outros fatores, foram os responsáveis pelo recuo de forma intensa das vendas externas no ano passado. As importações, embora tenham reduzido 10,1% em 2016 na comparação a 2015 atingiram US$ 11,82 bilhões, enquanto as exportações para os 20 principais mercados de destino do setor somaram US$ 6,57 bilhões, 13,1% inferior aos US$ 7,56 bilhões exportados em 2015.
Em seu levantamento o Sindipeças apurou que os embarques de autopeças reduziram nos países que representam mais de 60% do total das exportações da indústria. Na Argentina a queda foi de 25,1%, no México 13,4%, nos Estados Unidos 13,1% e Alemanha 10,2%. Por outro lado, foi identificado um avanço em relação à Tailândia (46,6%), Suécia (22,6%), França (18,9%), Itália (14,5%) e Hungria (13%), os quais, apesar de contarem com menor representatividade, indicam o esforço de ampliação e diversificação de mercados pelas empresas de autopeças do país.
Como consequência da recessão do mercado brasileiro, foi registrada uma queda de 9,8% nas importações provenientes dos 20 principais mercados de origem, com destaque para a Turquia (-28,6%), Coreia do Sul (-27,3%), Japão (-26,2%), Índia (-24,6%), Itália (-14,2%), China (-12,5), Argentina (-11,9%) e Tailândia (-11,8%); todos com decréscimos de dois dígitos. Na comparação com 2015, os casos de incremento das aquisições foram raros. Entre os países que aumentaram as vendas de componentes para o Brasil estão a República Checa (30,6%), Paraguai (14,6%) e Espanha (14,2%).
Nas exportações o principal destino das autopeças em 2016 foi a Argentina, com o embarque total de US$ 1,84 bilhão, seguida pelos Estados Unidos (US$ 1,05 bilhão) e México (US$ 617 milhões). Nas importações, o maior fornecedor de componentes para o Brasil foram os Estados Unidos, com um volume que totalizou US$ 1,66 bilhão, seguido pela Alemanha (US$ 1,24 bilhão) e China (US$ 1,20 bilhão).
Faturamento – As fabricantes de autopeças encerraram 2016 com um faturamento líquido nominal de R$ 63 bilhões, montante 4,5% inferior aos R$ 66 bilhões alcançados em 2015. Para 2017, a estimativa é que o resultado chegue a R$ 64,7 bilhões, o que representará um avanço de 2,7% sobre o ano passado.
Os investimentos que em 2016 ficaram 18,4% abaixo de 2015 e somaram R$ 1,51 bilhão, deverão aumentar 2,6% em 2017, quando serão disponibilizados pelas empresas R$ 1,55 bilhão.
O emprego no setor reduziu-se em 13,27% no acumulado do ano e a capacidade ociosa avançou 10,68%.
Reposição – No mercado de reposição a indústria de autopeças teve um crescimento de 2,74% no faturamento nominal no acumulado de 2016 em relação a 2015. A receita bruta do mercado de reposição para a linha leve (automóveis e comerciais leves) teve alta de 5,80% e para a linha pesada (caminhões e ônibus) registrou uma retração de 9,67%.
Por segmento a receita nominal apresentou um crescimento de 8,53% na linha leve e uma queda de 0,27% na linha pesada.