O Laboratório de Robótica Móvel, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP, em São Carlos, tem desenvolvido pesquisas sobre veículos inteligentes que sejam capazes de circular sem a necessidade de um condutor humano. Um dos destaques do laboratório é o protótipo do caminhão autônomo, projeto em parceria com a Scania, totalmente idealizado por pesquisadores brasileiros. A tecnologia aplicada no veículo, um caminhão Scania G360 6×4, é fruto do convênio de cooperação tecnológica firmado em 2013 entre a montadora sueca, a Escola de Engenharia de São Carlos e o instituto. O projeto consiste na automação do caminhão e em incentivar programas de pesquisa e desenvolvimento com a comunidade acadêmica, um modelo já consolidado na Europa.
Tais pesquisas já estavam bastante avançadas em outros países, mas no Brasil a tarefa era mais complexa, pois havia a necessidade de desenvolver tecnologias que fossem adequadas à nossa realidade e infraestrutura. “Não se tratava apenas de importar o que era feito lá fora. O desafio é adaptar tecnologias de direção autônoma no Brasil, em que temos um cenário muito diferente dos países europeus, com estradas em más condições e sinal de GPS ruim”, explica Patrick Shinzato, pesquisador do laboratório. A parceria com a Scania começou em 2013, mas as pesquisas começaram em 2010, com um automóvel de passeio comum, que passou por algumas alterações mecânicas e elétricas.
O projeto recebeu o nome de CARINA (Carro Robótico Inteligente para Navegação Autônoma). “Como era uma plataforma de pesquisa, o veículo recebeu vários tipos de sensor para estudarmos a viabilidade de cada um e avaliar os custos. O carro foi equipado com sensor laser 3D, GPS de alta precisão, câmeras em estéreo e radar. Enquanto que o caminhão foi equipado só com GPS, câmeras em estéreo e radar. Então, desenvolvemos sistemas de planejamento, detecção de obstáculos, monitoramento, além de simuladores e sistemas de percepção mais robustos, usando a inteligência artificial, sempre com foco no cenário brasileiro. Também nos concentramos nos mapas métrico-topológicos”, conta Shinzato.
Como é impossível prever que obstáculos os veículos autônomos irão encontrar, devido às más condições das vias, os pesquisadores criaram um detector genérico que identificasse todo tipo de objetos. “Como o laser 3D seria muito oneroso, usamos as câmeras estereoscópicas e conseguimos um ótimo resultado, pois desenvolvemos algoritmos que permitem o mesmo desempenho, independente do sensor usado. Com a inteligência artificial, a mesma solução pode ser usada em diferentes condições climáticas e estruturais. No Brasil, temos muitas estradas de terra, por exemplo, isso precisa ser levado em conta”, informa Shinzato.
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