Movimento de cargas em ferrovias avançou em 2015

Mesmo diante da forte retração provocada pela crise político-econômica, as ferrovias brasileiras garantiram um bom desempenho em 2015, com crescimento de 7,9% na movimentação de carga. Segundo a Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), o volume de mercadorias transportadas por trem saltou de 308 milhões de toneladas em 2014 para 332 milhões de toneladas em […]

Mesmo diante da forte retração provocada pela crise político-econômica, as ferrovias brasileiras garantiram um bom desempenho em 2015, com crescimento de 7,9% na movimentação de carga. Segundo a Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), o volume de mercadorias transportadas por trem saltou de 308 milhões de toneladas em 2014 para 332 milhões de toneladas em 2015.

Os principais produtos transportados pelas vias férreas no ano passado foram minério e carvão mineral que juntos somaram 254 milhões de toneladas, um crescimento de 8,5% em relação a 2014, e carga geral que teve uma expansão de 6%, de 73 milhões para 78 milhões de toneladas.

As ferrovias brasileiras também apresentaram um resultado positivo no ano passado no transporte por contêineres com avanço de 12,7% sobre 2014. Segundo a ANTF, o volume aumentou de 339.035 TEU para 449.952 TEU.

De 1997, quando teve início a concessão do setor para a iniciativa privada, até 2015 as ferrovias brasileiras registraram um aumento de 141,9% na movimentação de carga, evoluindo de 137 milhões de toneladas para 332 milhões de toneladas. No período, o transporte de minérios e carvão mineral avançou 129,3%, de 111 milhões para 254 milhões no ano passado. O volume de carga geral expandiu 195,2%, de 26 milhões para 78 milhões de toneladas. Já a movimentação por contêineres teve um avanço de 12.908%, de 3.459 TEU para 449.952 TEU em 2015.

O bom desempenho do setor ferroviário no ano passado, segundo a ANTF, foi garantido pelas exportações que basicamente sustentam os negócios das ferrovias brasileiras. “As commodities agrícolas têm tido uma demanda crescente e mesmo com a redução de compra de minério pela China o ritmo de embarque deste produto manteve-se em alta no passado”, afirma Fernando Paes, presidente da ANTF.

Fernando Paes, presidente da ANTF: para 2016 a expectativa é de o setor ferroviário continuar no mesmo nível de crescimento
Fernando Paes, presidente da ANTF

Para 2016, a expectativa da ANTF é que o setor ferroviário continue no mesmo nível de crescimento. “Independente do momento recessivo do país, o setor ferroviário tem demanda e a tendência é que o transporte por ferrovia avance ainda mais, pois com a modernização do sistema e o investimento em tecnologia a ferrovia tem garantido um ganho maior de produtividade”, destaca Paes.

Para o presidente da ANTF, o novo programa de investimentos em logística que destina R$ 86,4 bilhões para o setor ferroviário (dos quais R$ 16 bilhões para as concessões existentes) poderá trazer melhorias no futuro. “Há, por exemplo, potencial para aumentar o transporte de grãos que atualmente não tem 50% de participação no transporte geral de mercadorias”, afirma.

Paes cita também a medida provisória assinada pelo presidente interino Michel Temer que cria o Programa de Parceria de Investimentos (PPI) para promover as concessões na área de infraestrutura. Na sua visão essa medida poderá dar uma celeridade maior ao setor. “Se houver destravamento do programa de concessão é possível que tenha leilão em algumas ferrovias, como na malha norte-sul”, sinaliza o presidente da ANTF.

O setor ferroviário, que atualmente tem entre 22% e 25% de participação na matriz de transporte (conforme estudo do BNDES), deverá atingir uma representatividade de 35% até 2025, segundo a ANTF. “Mas novos projetos têm que ir a leilão e novos trechos precisam ser abertos, pois é um setor menos poluente e para o transporte de commodities agrícolas é o mais indicado. Além disso, está expandindo a demanda para outro tipo de carga. Em contêineres o crescimento tem sido acima da média”, destaca Paes.

Nas operações até o porto, os trens que normalmente trazem de volta fertilizantes e combustíveis, agora estão trazendo contêineres com produtos eletroeletrônicos. “Há uma tendência de aumentar no trajeto de volta o uso de contêineres”, diz Paes.

Sobre os investimentos aplicados pelas concessionárias na malha ferroviária, que em 2015 totalizaram R$ 6,81 bilhões (valor 15,8% superior aos R$ 5,88 bilhões aplicados em 2014), Paes avalia que a tendência é que esse valor aumente nos próximos anos se houver a prorrogação das concessões que começam a expirar a partir de 2025.

“Os clientes têm mostrado muito interesse pelo transporte de mercadorias por ferrovia. Se os novos projetos saírem do papel é possível que a participação na matriz dos transportes ultrapasse os 30%”, observa Paes.

Com o objetivo de garantir que a malha ferroviária mantenha a trajetória de crescimento, as concessionárias investiram no ano passado R$ 6,81 bilhões, valor 15,85% superior aos R$ 5,88 bilhões aplicados em 2014.

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