Com 30 mil unidades previstas para este ano, o segmento de reboque e semirreboque, modelos pesados de implementos rodoviários que têm participação significativa no setor de transporte, emplacará a menor quantidade de veículos da história, retrocedendo o volume ao do ano de 2006, quando foram comercializadas no país 29.012 unidades. Somando as 60 mil unidades estimadas para carrocerias e chassis (modelos leves) a indústria de implementos fechará 2015 com 90 mil veículos emplacados, uma queda de 43,7% em relação a 2014, quando foram comercializadas 159.870 unidades. A previsão é de Alcides Braga, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir).
No primeiro semestre de 2015, as empresas registraram uma retração de 40,36% nas vendas com 45.894 implementos, ante 76.947 unidades comercializadas de janeiro a junho de 2014. O volume de reboque e semirreboque reduziu 48,74%, totalizando 14.676 unidades ante 28.633 unidades entregues ao mercado nos primeiros seis meses do ano passado. Já a quantidade de carrocerias sobre chassis vendidas caiu 35,39%, de 48.314 para 31.218 unidades.
O presidente da Anfir atribui essa retração ao momento atual do país, com desaquecimento geral da economia, aumento no custo do financiamento, redução expressiva nas obras de infraestrutura e diminuição dos negócios na área de cana. “Isso interfere na economia como um todo, provoca queda de salário e redução da massa de consumidores, impactando no transporte que depende desse movimento”, afirma Braga.
Diante de um cenário de forte retração, as 1.355 empresas fabricantes de implementos rodoviários, que tem capacidade para produzir 215 mil veículos por ano e conseguiram em 2011 um volume recorde de 190,8 mil unidades, estão trabalhando com ociosidade. O presidente da Anfir afirma que o setor empregava 71 mil pessoas e já demitiu 20 mil empregados. “A estimativa é que se tenha hoje 50 mil funcionários e ainda há um excedente de 20% nas fábricas”, destaca Braga. “No setor há linhas de produção paradas por falta de pedidos”, afirma Braga.
Numa tentativa de conter a queda do setor, a Anfir tem buscado várias alternativas. “Estamos procurando uma união na cadeia para não deixar cair da pauta a questão da renovação da frota, mas o BNDES alega falta de caixa para implantar o programa”.
Em setembro, a Anfir vai assinar um convênio com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) para incluir implementos rodoviários na lista de bens financiáveis com juros de 2% ao ano pelo programa Mais Alimentos, destinado a pequenos agricultores com renda de até R$ 150 mil por ano. “É uma linha de fomento do BNDES específica para a agricultura familiar, parecida com a do PSI, e pode representar um alento para algumas empresas do setor de implemento”, explica Braga.
O presidente da Anfir defende a inclusão do setor no Programa de Proteção ao Emprego (PPE), considerando ser um passo importante para conter as demissões. “Trata-se de uma medida que poderá contribuir para a preservação de empregos e qualidade na indústria”, analisa Braga.
Em sua análise sobre o setor, o presidente da Anfir comentou que o crescimento registrado em 2013 foi muito artificial e oportunista, motivado pela antecipação de compras com taxas de juros atrativas. “Essa oportunidade foi corretamente aproveitada pelos empresários, mas tirou vendas dos anos seguintes. O que se precisa hoje é de regularidade do governo para o setor continuar crescendo”, afirma Braga e destaca que 60 mil unidades/ano é um número excelente para o Brasil.